Ozzy, Kiss e Judas Priest salvam o Monsters of Rock
Os dois dias de shows ficaram marcados pela ausência do Motörhead, muita sujeira e vocalistas que tentam esconder as falhas vocais
Por Daniel Dieb
27 abr 2015, 10h54
A 6a edição do Monsters of Rock foi marcada pelo retorno de “velhos guerreiros” do rock, as tradicionais camisas pretas na plateia e muita sujeira espalhada pela Arena Anhembi, em São Paulo. Boa parte das camisetas trazia estampada a banda Motörhead, que tocou na edição de 1996 do festival e era aguardada no sábado, mas cancelou a sua vinda em cima da hora, por problemas de saúde do vocalista e líder, Lemmy Kilmister. Os outros retornos prometidos, no entanto, não decepcionaram. Vieram o vovô Ozzy Osbourne, que esteve no Monsters of Rock de 1995, e o Kiss, que tocou em 1994, o primeiro ano do festival. Juntos com o Judas Priest, estreante no evento, eles salvaram o Monsters de uma edição decepcionante.
No sábado, houve tanta vaia no show do Black Veil Brides que a banda californiana chegou a abandonar o palco por alguns instantes. A plateia já estava aquecida – aquela já era a quinta apresentação do dia. Antes, tocaram a banda De La Tierra, do guitarrista brasileiro Andreas Kisser, do Sepultura, ao meio dia, seguida do Primal Fear e do grupo Coal Chamber, que abriu caminho para o Rival Sons.
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Às 18h50, os metaleiros que aguardavam pela velocidade e pelo barulho do Motörhead sofreram uma enorme decepção com o cancelamento de última hora do show. Alguns fãs bem-humorados reagiram à notícia com uma musiquinha improvisada, “Engue, engue, o Lemmy tá com dengue”. Não havia mais nada a ser feito: não havia tempo hábil para que a organização escalasse uma boa atração substituta. A solução encontrada foi a de colocar o baterista Mikkey Dee e o guitarrista Phil Campbell, ambos do Motörhead, para faz uma jam com Derrick Green, Andreas Kisser e Paulo Jr., do Sepultura. Sem ensaio ou entrosamento, os músicos tentaram agradar o público com boa vontade e hits do Motörhead, como Ace of Spades.
Outro consolo para o público foi a esticadinha no show do Judas Priest, que subiu a palco às 20h30 e pôde tocar quinze minutos a mais que o planejado graças ao tempo vago pelo cancelamento do Motörhead. O público aprovou, balançando a cabeça a cada acorde de Dragonaut e Painkiller. O clássico Breaking the Law não ficou de fora da setlist da banda, que fez uma apresentação razoável.
Para encerrar o primeiro dia, Ozzy chegou com Bark at the Moon, que logo ergueu milhares de mãos com indicador e o mindinho levantados. Na segunda canção do show, Mr. Crowley, o também vocalista do Black Sabbath acionou uma mangueira e molhou quem estava logo em frente ao palco, sem perdão nem para os fotógrafos. Ao longo da apresentação, as canções do projeto solo de Ozzy alternaram-se com as do Black Sabbath, como Fairies Wear Boots. Entretanto, o público parecia desanimado e cansado, e se agitava somente quando Ozzy pedia, quase implorando, por mais barulho.
Antes do bis, ele cantou Crazy Train, o seu maior hit fora do Black Sabbath. A música animou os metaleiros de plantão, mas não o suficiente para que a galera pedisse mais uma. Coube ao vocalista, visivelmente incomodado com a situação, puxar o coro de “one more song” (mais uma canção, em português) e retornar ao palco com Paranoid, quando boa parte das pessoas já deixavam o Anhembi. Um bom show para uma plateia fraca.
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No último dia de festival, as principais atrações foram Kiss e Judas Priest, que voltou ao palco para outro bom show, com algumas mudanças em relação ao de sábado, como a redução nos agudos de Halford, que já não tem a potência de antes.
Tal qual Halford, Paul Stanley, vocalista do Kiss, banda que fechou o Monsters of Rock 2015, mostrou sinais de cansaço na voz. Para ajudar, o baixista Gene Simmons e o baterista Eric Singer cantaram partes de músicas que seriam de Stanley, que por sua vez convocou o público a acompanhá-lo. Nada, porém, capaz de abalar a felicidade dos presentes. O show, que começou com 45 minutos de atraso e as faixas Detroit Rock City, Creatures of the Night e Psycho Circus, logo levantou o Anhembi.
Para delírio do público, o show foi performático e teatral como o esperado: Simmons cuspiu fogo em War Machine, babou sangue falso em God of Thunder e depois “alçou voo” ao topo do palco, junto à iluminação. Stanley fez tirolesa sobre a plateia na hora de em Love Gun e o guitarrista Tommy Taher “soltou” fogos de artifício durante o seu solo de guitarra. Os fãs ignoraram os problemas vocais de Stanley e surtaram com clássicos como Rock and Roll All Nite, que fechou a noite.
No geral, o setlist foi quase o mesmo das outras quatro apresentações do grupo – Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Florianópolis – nesta passagem no Brasil, com acréscimo de Parasite no Monsters.
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A escolha do Anhembi como local foi péssima. O portão de entrada, além de pequeno, era distante da estação do metrô Portuguesa-Tietê, e o acesso de carro era ruim, pois não há muitas opções de rua para se chegar até lá. A organização também pecou na limpeza. Dentro do Anhembi, a sujeira era enorme: latinhas de cerveja amassadas, caixas pequenas de isopor e copos plásticos forravam o chão. Na curadoria musical, o festival acertou mais. Houve boas escolhas, embora nenhum show inesquecível. O fato é que, sem Ozzy, Kiss e Judas Priest, o Monster of Rock 2015 poderia ser uma decepção.
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