Ômicron desencadeia nova onda de adiamentos em shows e festivais
Avanço da nova variante fez com que artistas e organizações optassem por suspender agenda de janeiro em meio ao aumento vertiginoso de casos
O Governo de São Paulo recomendou durante coletiva nessa quarta-feira, 12, que eventos esportivos e musicais reduzam sua capacidade em 30% devido ao crescente número de casos desencadeados pela variante ômicron no país. Antes da recomendação, no entanto, a nova onda já gerava preocupação, levando ao adiamento de uma série de shows e festivais. A indústria do entretenimento, que ensaiava consolidar sua recuperação com o avanço da vacinação, encontra-se novamente ameaçada pelo alto potencial de transmissão do vírus.
A exemplo disso, o Cine Joia, em São Paulo, anunciou nessa quarta-feira, 12, por meio das redes sociais, que decidiu, junto aos artistas que subiriam ao palco ao longo do mês, suspender toda a programação de janeiro em função da pandemia. “Chegamos à conclusão de que adiar é o mais seguro para cada um que estaria sob nosso teto. Reabriremos as portas no próximo mês”, diz uma postagem no Instagram. A casa de shows segue o mesmo caminho do Studio SP, também na capital paulista, que suspendeu toda a programação de janeiro na segunda-feira, 10. Entre as atrações afetadas estão shows de Marina Sena, Alcione, Tulipa Ruiz, Tom Zé, Art Popular, Tássia Reis, entre outros.
Diagnosticada com Covid-19 essa semana, Marisa Monte adiou os shows que faria em São Paulo e no Rio de Janeiro ao longo do mês. Lulu Santos, por sua vez, que também teve parte da equipe positivada para o vírus, optou por suspender as apresentações que faria entre janeiro e fevereiro nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador. Em vídeo no Instagram, o cantor disse que a decisão foi feita levando em conta o aumento vertiginoso de casos de Covid-19 e pediu compreensão do público. “É por todos nós. É pela ciência”, diz na gravação.
No Rio de Janeiro, o Universo Spanta, que aconteceria durante janeiro na Marina da Glória, também cancelou oficialmente a edição de 2022. O evento, que contaria com mais de 150 atrações ao longo do mês, já havia adiado as apresentações de Duda Beat, Marina Sena, Ferrugem, Zeca Pagodinho, Ivete Sangalo, Maiara e Marisa, Ney Matogrosso e Paulinho da Viola que aconteceriam no último final de semana, mas o avanço no número de infectados na cidade fez com que os organizadores optassem por cancelar o evento como um todo. “Pensamos, repensamos, tentamos adiar o inevitável, mas o momento não nos permite celebrar #OVerãoDeNossasVidas com a potência que gostaríamos”, diz um trecho do comunicado. “Entendemos que a vacina nos protege e que a gravidade do momento não é a mesma de outrora, mas queremos todxs vocês lá, sem exceção e sem medo do amanhã”, complementa o post, que confirma a transferência do evento para 2023. A décima edição do Floripa Jazz Festival, que tomaria a capital catarinense de 14 a 16 de janeiro, também foi adiada.
No cenário internacional, a semana também foi de adiamentos na Austrália, que mudou a data de três festivais em menos de 24 horas em meio ao apelo de músicos e organizadores por medidas do governo que protejam a indústria dos prejuízos de cancelamentos. Fora do universo musical, festivais de cinema e premiações também têm enfrentado tempos difíceis. Eventos como o Grammy e o Critics Choice Awards foram adiados, o Festival de Cinema de Sundance migrou para uma edição virtual e o Festival de Berlim reduziu a duração do evento de 11 para 7 dias, além de restringir o público e adotar medidas sanitárias mais restritas.
Em todo o mundo, a variante ômicron fez saltar o número de casos, embora as mortes e hospitalizações não acompanhem a subida vertiginosa devido a uma combinação de vacinação avançada e uma possível menor letalidade da cepa. Na primeira semana de 2022, 7 milhões de casos foram registrados na Europa, o que fez com que a OMS estimasse que metade do continente deve ser infectado pela variante nas próximas seis ou oito semanas. No Brasil, a média móvel de infectados subiu 770% em relação a duas semanas atrás, e já é a maior desde julho do ano passado.