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O tesouro histórico de Joaquim Nabuco: família doa acervo a fundação

De raridade inquestionável, os documentos devem estar disponíveis para o público a partir do segundo semestre de 2019, quando Fundaj completa 70 anos

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 26 jul 2018, 10h47 - Publicado em 26 jul 2018, 10h30
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  • “Um verdadeiro tesouro histórico.” É assim que a coordenadora do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira (Cehibra) da Fundação Joaquim Nabuco, a historiadora Rita de Cássia Barbosa, classifica o acervo, com quase 6.000 peças, que acaba de ser doado pela família do abolicionista Joaquim Nabuco à fundação que leva o seu nome e é uma das mais importantes instituições de fomento e formação nas áreas de cultura e educação do Nordeste. O material, que ainda está na casa dos descendentes de Nabuco, no Rio de Janeiro, e será transportado por uma empresa especializada no translado de obras de artes e documentos históricos, se somará a um primeiro acervo, composto por mais de 15 000 peças, que está sob os cuidados da Fundaj desde 1974.

    A previsão é de que o material seja esteja disponível para o público a partir do segundo semestre de 2019, quando a Fundaj completa 70 anos de existência. Apesar de ainda não ter sido oficialmente catalogado pelos pesquisadores da instituição, já é possível destacar algumas peças.

    “Há centenas de cartas de Nabuco para outras pessoas de importância histórica mundial relevante, a exemplo de Dom Pedro II, do escritor Machado de Assis e do ex-presidente dos EUA, Theodore Roosevelt. Há dezenas de diários do próprio Nabuco, de sua esposa, Eveline Torres, e de sua filha, Carolina Nabuco. Muitas fotos da família, em viagens e em situações corriqueiras. Há ainda documentos oficiais, como a certidão de nascimento e batismo dele e outros itens bem curiosos como uma espécie de boletim escolar de Nabuco e um livro de receitas de Eveline”, destacou Rita.

    Quando questionados sobre os “xodós” do acervo, Rita e o documentarista Pedro Nabuco, que é bisneto de Joaquim Nabuco, apontam objetos distintos. Para ela, uma fotografia de uma mulher chamada Maria Luisa, ama-seca de Joaquim, e que viveu com ele durante sua primeira infância, na casa de sua madrinha, Ana Rosa, localizada no Engenho Massangana (propriedade tombada e vinculada à Fundaj), é o item preferido. Para Pedro, que foi o porta-voz da família na oficialização neste processo de doação, um diário de Nabuco, datado de 1988 (ano da abolição da escravatura no Brasil), seria a peça mais emblemática da coleção.

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    “A documentação vai receber o melhor abrigo possível aqui na Fundação. A nossa família fica muito feliz de ter a Fundaj como guardiã desse acervo. A Fundaj é uma ave rara, que nos enche de orgulho”, afirmou Pedro, que fez questão de relembrar das referências que teve ao longo da vida sobre o bisavô, com histórias contadas por seu avô José, filho caçula de Joaquim Nabuco. “Meu avô José dizia aos seus netos que atrelassem sua vida a uma estrela e fizessem dessa estrela o seu ideal. Acho que ele pensava em Joaquim Nabuco quando nos falava isso”, destacou.

    Doar uma parte desconhecida do acervo, de acordo com Pedro, é “como jogar uma garrafa ao mar”, dando a oportunidade de estudiosos e pesquisadores entenderem melhor o pensamento do bisavô.

    De raridade inquestionável, os documentos serão incorporados ao Arquivo Privado Joaquim Nabuco, reconhecido como “Memória do Mundo Unesco-Brasil 2008”, preservado e acessível à consulta no Cehibra. “Tudo será tratado, catalogado e posteriormente mandado para digitalização e em breve estará disponível para quem quiser acessar essa riqueza imensa”, destacou Rita.

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