O lado ativista do ator Mateus Solano
Conhecido pelo personagem Félix da novela 'Amor à Vida', ele conta em entrevista por que se tornou um obcecado pela defesa do meio ambiente
Como abraçou a ecologia? Sempre me preocupei com o meio ambiente. Fui criado como um filho da natureza. Nos fins de semana, minha mãe me levava com meu irmão ao Jardim Botânico. Agora, escolhi lutar pela ecologia. É a questão que vai unir a sociedade.
Por quê? Porque sem água potável para tomar e sem ar para respirar nada faz sentido. O meio ambiente não faz distinção entre cor e classe social. Luto pela causa com muita paixão, com alguma preocupação e muito amor. Sei que não vou colher em vida o resultado disso.
Qual foi o marco zero da sua luta pela natureza? Meu ativismo começou com o canudo. Há dois anos, descobri o absurdo de usar de forma descartável um produto como o plástico, que dura para sempre. Passei então a dar preferência a canudos e copos reutilizáveis. Em seguida, tomei atitudes mais drásticas, como colocar placas solares na minha casa, comprar um carro elétrico e fazer uma composteira para transformar resto orgânico em adubo.
Ser chamado de “ecochato” não o incomoda? Não, eu costumo lidar com humor nessas situações. Coloquei um redutor de água na minha pia e meus filhos disseram: “Poxa, não tem como escovar os dentes porque sai só um filete de água”. Achei a colocação engraçada e encontrei um meio-termo. Há excessos que vão sendo descobertos na caminhada rumo à vida sustentável.
É verdade que carrega sabonetes de um hotel para outro? Sim, tem um que já usei em cinco, seis hotéis. Enrolo no papel higiênico e levo comigo. A indústria do descartável é a pior coisa que existe. Certa vez, na sala de espera de uma companhia aérea, deparei com uma cesta de sachês no banheiro. Pasta e escova de dentes pequenininhas, minibarbeador, espuminha. A primeira reação foi achar tudo chique. Mas, depois, pensei: “Caramba, isso é criminoso”.
Seu ativismo inclui cobranças a empresas e mutirões de limpeza em lagoas cariocas. Por que a postura combativa? Meu papel é aproveitar que sou famoso para mostrar que todos devemos ser cidadãos também. Bato muito nessa tecla, porque não conheço empresa ou governo que tenha mudado sem pressão. Questionei, aliás, o pessoal do Rock in Rio. O festival ocorre num local onde é despejado o esgoto de toda a Zona Oeste do Rio. Ou seja, acontece literalmente no meio das fezes. Tem muita coisa a ser feita.
Publicado em VEJA de 13 de novembro de 2019, edição nº 2660