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Na TV e no cinema, Gabriel Leone encara romance tabu com mulher mais velha

Ator fala a VEJA sobre novela ‘Um Lugar ao Sol’ e filme ‘Eduardo e Mônica’, que acaba de entrar em cartaz nos cinemas

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 jan 2022, 12h33

Aos 28 anos, o carioca Gabriel Leone pouco lembra os muitos personagens recentes vividos por ele. Sério e compenetrado, ele se revela prático em relação ao ofício de ator e muito mais maduro que sua aparência jovial – a qual lhe garantiu papéis que vão desde um adolescente apaixonado, no filme Eduardo e Mônica, até um rapaz que aos 18 anos se vê envolvido com o crime e o vício em drogas na série Dom, do Prime Video, da Amazon. A série sucesso de audiência na plataforma de streaming prepara sua segunda temporada para este ano. Enquanto isso, Eduardo e Mônica, adaptação da música de mesmo nome do Legião Urbana, entra em cartaz nesta quinta-feira, 20, após adiamentos provocados pela pandemia. Na trama, Leone interpreta o Eduardo do título, um rapaz mais novo apaixonado por Mônica (Alice Braga), que é mais velha, entre muitas outras diferenças. Curiosamente, tabu parecido se repete na novela Um Lugar ao Sol, no qual o ator vive Felipe, que se envolve com Rebeca (Andrea Beltrão), uma mulher com mais de 50 anos. A VEJA, Leone fala sobre estes trabalhos e responde aos que criticam relacionamentos alheios: “lamento por quem vive para julgar o próximo”.

Você tinha três anos quando o Renato Russo, compositor de Eduardo e Mônica, morreu precocemente, aos 36. Em que momento a música dele entrou na sua vida? Sou muito fã da Legião Urbana. É minha banda de rock nacional favorita. Meus pais me apresentaram, tinham todos os discos em casa. A forma do Renato de interpretar as músicas sempre me emocionou muito, mexia comigo. Na escola, eu citava trechos da música da Legião nas redações. São letras profundas, que provocam reações imensas e que ganham novos significados conforme você vai amadurecendo. É algo que só acontece com os grandes poetas e letristas.

O Eduardo passa por muitas transformações físicas e emocionais conforme ele amadurece. Como foi lidar com essas caracterizações distintas, especialmente em um filme, formato no qual as cenas não são gravadas de forma cronológica? Eu tive que me organizar. Colei os roteiros na minha parede na ordem cronológica. Um dia antes, eu olhava qual fase era para me localizar e me preparar. A continuidade emocional é responsabilidade do ator, mas tinha uma questão de evolução física que era mais complicada. A Mônica aprende muito com o Eduardo, mas é uma transformação interna. O Eduardo passa por uma mudança física, como diz a música, “ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer”. Então buscava referências em minhas memórias aos 16 anos — eu gravei com 25. Foi divertido olhar para esse passado e experimentar esse corpo. Peguei muita coisa do meu irmão, que é quatro anos mais novo, como o jeito de andar.

Na novela Um Lugar ao Sol você interpreta um jovem que se apaixona por uma mulher mais velha. Fazer estes dois trabalhos de algum modo o levou a refletir sobre esse tabu? É incrível que ainda seja um tabu. A música do Renato, por exemplo, saiu em 1986. O que posso dizer dos dois trabalhos é que são casos diferentes, com questionamentos e distância de idades diferente. Na novela, meu personagem reflete as questões pessoais da Rebeca, interpretada pela Andréa, uma mulher de 50 anos, se aproximando da menopausa, lidando com um casamento falido e os julgamentos no trabalho no mundo da moda. Meu personagem chega para mexer com ela – e ela com ele. Eu só lamento por quem vive para julgar o próximo. Essas pessoas estão perdendo tempo olhando para o outro, apontando o dedo, em vez de cuidar de si e ir atrás da própria felicidade.

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Houve alguma conversa específica entre você e a Andréa ou com a Alice sobre como construir essas relações e a questão da idade? Em ambos os casos, optamos por tirar o tabu da frente: ele está ali, está presente no pano de fundo, mas não na maneira como a gente lidou com os personagens. A Alice e eu nos conectamos com a essência da música, um amor real, que não é conto de fadas. Existem diferenças, mas eles vão entrando um no universo do outro. Vão ter faíscas? Sim, mas qual relacionamento não tem? A questão é querer lidar com isso e como. O mesmo com a Andréa. Combinamos desde o início que iríamos curtir, nos divertir com essa relação. Claro, existem as questões da idade, mas isso estaria impresso na trama e não na gente. O que importa para eles é o agora. Se está bom para os dois naquele momento é o que importa. É uma das lições da pandemia, temos de viver o hoje.

Gabriel Leone e Andréa Beltrão em 'Um Lugar ao Sol'
Gabriel Leone e Andréa Beltrão em ‘Um Lugar ao Sol’ (//TV Globo)

A química com a Alice Braga no filme é patente. Como foi essa construção? Foi um lance de primeira. Desde o teste, quando a gente se conheceu. Em 2015 fiz um teste só para o Eduardo. Uns dois anos depois, fizemos um teste juntos. Não nos conhecíamos, mas eu a admirava. Desde aquele momento, tive a certeza que faríamos o filme juntos. Todos viram que tivemos uma conexão forte de primeira. Foi só expandir esse carinho e admiração um pelo outro. Esse filme é 100% sobre os dois, então era muito importante essa conexão. Demos as mãos e fomos construir juntos esse amor tão palpável, real e pé no chão.

Os dois são muito diferentes e vivemos hoje num mundo dividido em bolhas entre iguais. Como enxerga esse momento? O filme e a música são sobre diferenças. É simbólico lançá-lo agora, enquanto nos recuperamos de um período tão triste. É um filme solar, que fala de amor, da convivência com as diferenças, da tolerância. Hoje enfrentamos a polarização, a agressividade e o ódio, especialmente pelas questões políticas, vemos isso nas famílias, nas redes sociais, e no modo como o governo atual incita o ódio e a violência. O filme fala sobre como respeitar o outro, conviver com outras perspectivas e pontos de vistas, com as escolhas de cada um. Uma reflexão para todos e eu me incluo nisso.

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