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Museu Nacional resgata fósseis de dinossauro de 80 milhões de anos

Esqueleto do 'Dinossauro do Mato Grosso' foi encontrado soterrado por toneladas de escombros, dois anos depois do incêndio

Por Tamara Nassif Atualizado em 6 abr 2021, 16h43 - Publicado em 6 abr 2021, 16h28

Dois anos depois do incêndio que atingiu o Museu Nacional no Rio de Janeiro, o processo de resgate do acervo – outrora composto por mais de 20 milhões de peças – continua a redescobrir preciosidades históricas entre os escombros. A mais recente é o esqueleto de um dinossauro datado de 80 milhões de anos, cuja espécie ainda segue desconhecida.

Composto por blocos de vértebras articuladas e outros ossos, o fóssil estava soterrado por toneladas de escombros vindas dos andares superiores do prédio – o que, segundo pesquisadores, pode ter protegido a peça do incêndio. Em coletiva nesta terça-feira, 6, organizada para anunciar o lançamento do livreto 500 dias de Resgate: Memória, Coragem e Imagem, integrantes da equipe de resgate disseram que não tinham esperanças de encontrar o “Dinossauro do Mato Grosso”, como apelidado, em boas condições.

“Foi um momento de muita emoção, algo fora do comum”, disse a paleontóloga Luciana Carvalho, uma das coordenadoras do processo de resgate. ​”A gente esperava não encontrá-lo, mas, para a nossa surpresa, os blocos foram aparecendo e ossos estavam praticamente intactos.” O fóssil veio de uma expedição no Mato Grosso, entre 2003 e 2006, e já estava sendo estudado antes do incêndio. “Ainda mais agora que ganharam uma segunda vida”, as análises para descobrir o que os ossos representam voltarão em breve. Até o momento, especula-se que se trate de uma nova espécie de titanossaurídio pertencente ao período Cretáceo.

O fóssil integra um grupo de peças resgatadas composto por 5.000 lotes. A lista, felizmente, vai longe: além do Dinossauro do Mato Grosso, estão salvos o crânio de Luzia, esqueleto humano mais antigo descoberto no Brasil, e amuletos do sarcófago da múmia Sha-Amun-em-Su, nunca antes aberto. Também foram resgatados os afrescos de Pompeia, que sobreviveram à erupção do vulcão Vesúvio, parte considerável da Coleção Werner, a mais antiga do Museu, e pterossauros da Coleção de Paleovertebrados.

Itens de 14 das 25 coleções abrigadas no prédio foram encontrados, muito embora outros setores, como de entomologia (insetos) e de memória e arquivo, tenham sido quase que inteiramente dizimados pelo fogo. Eles serão levados para um novo campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, à qual o Museu é subordinado, próximo ao Maracanã, onde ficarão em uma sala de umidade e temperatura controladas.

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Ocorrido em 2 de setembro de 2018, o incêndio no Museu Nacional destruiu grande parte do inestimável acervo de peças históricas abrigadas no prédio. “Dia trágico para a museologia de nosso país. Foram perdidos duzentos anos de trabalho, pesquisa e conhecimento”, disse o então presidente Michel Temer, à época da tragédia. “O valor para nossa história não se pode mensurar, pelos danos ao prédio que abrigou a família real durante o Império. É um dia triste para todos os brasileiros.”

Um laudo de investigação apontou que falhas técnicas em um ar-condicionado teriam sido o foco do início do fogo, que se alastrou devido a problemas estruturais do prédio. Segundo o então comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, coronel Roberto Robadey, o Museu não tinha um sistema adequado de proteção contra incêndios.

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