Monique Alfradique já fez diversos personagens, modificou seu visual inúmeras vezes e transitou entre a boazinha e a malévola. Mas agora ela superou as expectativas e chama a atenção do público ao dar vida a Glória, personagem da novela das 7, Deus Salve o Rei, de Daniel Adjafre, na Globo. Essa é a primeira trama de época que Monique faz. “É uma novela que tem uma estética diferente, inovadora, e, como eu assisto a muitas séries, aproveito essas com esse mesmo perfil para me inspirar.”
A atriz fala sobre a composição desse papel, que considera “maravilhoso dar vida para um personagem e, para isso, me apagar, já fiz diversos outros, cada um com uma cara, e, para cada um, a exigência é que se tenha desapego”. Ela explica que, para chegar a esse resultado, foram feitas algumas provas de caracterização e, para espanto de todos, diz que usa “o mínimo de maquiagem, mas trabalho a questão da movimentação do corpo, a forma de andar, de parar, e utilizo prótese no rosto, que deixa minha feição um pouco mais arredondada, além de enchimento para chegar a esse resultado”.
“É um trabalho em que a gente empresta nosso corpo, mas, no fundo, sempre tem algo nosso para ajudar a compor. A Glória exige um distanciamento, exige muito da postura com o enchimento, uma maior atenção na fala e toda uma preparação corporal”, conta a atriz. “Preciso usar uma prótese interna na boca para modificar meu rosto e, no início, tive que me adaptar, mas, se Marlon Brando conseguiu em O Poderoso Chefão, por que não eu não ia conseguir?”, brinca Monique, que fala ainda que tem de usar sobreposições de roupas e, no cabelo, aplique para conseguir montar as tranças, resultando em um trabalho de mais de duas horas.
Personagem recente na novela, Glória vive um relacionamento amoroso com Oziel (Rafael Primot), de quem ficou noiva, mas ela tem esse problema pessoal, de não se aceitar. “Ela tem uma distorção da própria imagem, que se torna uma cilada para ela, que vai tentar emagrecer, mesmo isso não sendo um incômodo para seu noivo”, conta. “Ela tem uma força dentro dela, mas sua insegurança vai fazer com que passe por algumas situações que vão mexer com ela, com seus sentimentos”, diz.
Por ter esse sobrepeso, que não lhe agrada, Glória é uma mulher que não está bem consigo mesma, o que cria problemas no setor sentimental. “Ela é uma garota muito insegura, oprimida por sua mãe, Naná (Betty Gofman), que tem uma personalidade muito forte e vive impondo suas vontades, até mesmo no noivado de Glória com Oziel. Foi a mãe que fez o relacionamento dar certo”, explica Monique. “A Glória é muito dependente dessa mãe, o que acaba afetando a vida dela. Na verdade, tem um vulcão dentro da Glória, mas ela não consegue se expressar, não consegue se expor, tudo por causa de sua baixa autoestima.”
Monique fala também da satisfação de dividir cena com seus parceiros mais próximos. “O Primot é muito generoso e tem uma sede de fazer tudo dar certo, a gente tem uma troca bem legal em cena”, conta, dizendo ainda que com “a Betty Gofman tenho uma conexão muito forte, o que possibilita cenas perfeitas”.
Como toda atriz, Monique se apegou à personagem e quer muito que ela se aceite e se sinta bem. “Eu torço para que ela seja feliz, da forma como estiver, do jeito que ela quiser. Ela tem que se amar”, afirma Monique, mostrando sua preocupação com Glória.