Um espião em Hollywood serve de material para dois tipos de filmes. O primeiro é a clássico ação, cheia de explosões, tiros, socos e cara de mau. O segundo é o completamente oposto, uma comédia nonsense, com piadas apelativas que o telespectador precisa se perguntar porque não consegue parar de rir de tanta bobagem. Um Espião e Meio, que estreia nesta semana no país, se encaixa nesta última categoria. O longa é estrelado pelo comediante Kevin Hart e o ex-especialista em ação Dwayne ‘The Rock’ Johnson, e, apesar de não ter nada de original no roteiro, garante risadas continuas.
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A comédia começa em 1996 quando o jovem nerd e obeso Robbie Weirdicht (Dwayne Johnson, atrás de próteses e efeitos especiais) é atirado pelado no meio do ginásio do colégio. Todos os alunos riem dele, exceto Calvin Joyner (Kevin Hart), que na hora estava ganhando o prêmio de melhor e mais promissor aluno da escola, e lhe concede o casaco para cobrir a nudez.
Vinte anos depois, Calvin é um contador frustrado com a vida, até o dia em que recebe uma mensagem no Facebook de um tal Bob Stone, que revela ser o antigo Robbie do colegial. Ele concorda em encontrar o ex-colega, apenas para descobrir que o nerd que sofria bullying se tornou um grandalhão bombadão e é um agente da CIA. Bob então engana Calvin e o obriga a entrar em uma investigação sobre o roubo de códigos de satélites de vigilância, e o assassinato do seu ex parceiro Phil (Aaron Paul).
O filme consegue extrair o melhor dos dois atores protagonistas, que mostram uma boa química trabalhando juntos. Kevin Hart usa todo o seu humor, com caretas, linguagem corporal e trejeitos clássicos da comédia, mas sem parecer exagerado. Algumas vezes, ele chega até a lembrar Eddie Murphy na década de 1990, principalmente nos berros agudos.
Do outro lado, está Dwayne Johnson, cujo visual já é o suficiente para trazer todo aquele clima de ação, heroísmo e pancadaria visto em outros filmes dele como Velozes e Furiosos e G.I. Joe. Porém, o ator mostra que está diversificando seu campo de atuação, e não é apenas mais um fortão em Hollywood. Com um sorriso ingênuo e bonachão, The Rock imprime muito humor e carisma em Bob Stone, apesar de ser uma máquina letal treinada pela CIA.
Dirigido por Rawson Marshall Thurber (Família do Bagulho), o roteiro de Um Espião e Meio não tem nada de original. Muitos elementos do filme já foram vistos em outras tramas que misturam espionagem e comédia, como A Espiã que Sabia de Menos, O Terno de Dois Bilhões de Dólares e até O Turista. Estão ali o cara inexperiente que é jogado no meio de uma missão de alto risco, o uso de objetos triviais (no caso uma banana) como armas, o governo tentando atrapalhar o trabalho dos heróis, e um grande mistério sobre quem é o verdadeiro vilão da trama (e se seria alguém que está nela desde o começo).
Mas o filme entrega uma aventura nonsense e engraçada, que garante risadas despreocupadas das piadas tolas, e às vezes brinca até com trabalhos antigos dos atores. Apesar de não ser nada espetacular, Um Espião e Meio é o tipo de filme que enche as salas de cinema. Não à toa, ele arrecadou mais de 126 milhões de dólares nos Estados Unidos, superando neste ano blockbusters como Independence Day: O Ressurgimento, e sucessos como o terror Invocação do Mal 2.