Um tem 21 anos. O outro, 22. Ambos são atores e nasceram em Nova York. E os dois, mesmo tão jovens, têm chances de concorrer ao Oscar pela segunda vez. Lucas Hedges e Timothée Chalamet provaram no Festival de Toronto que vieram para ficar.
Chalamet, 22, o mais jovem indicado na categoria melhor ator desde 1944, viveu um adolescente que se apaixonava por um estudante mais velho em Me Chame pelo Seu Nome, de Luca Guadagnino. Em Beautiful Boy, de Felix Van Groeningen, apresentado em Toronto, ele tem outro desafio: fazer um rapaz viciado em drogas. A história real de Nic Sheff foi contada por ele e por seu pai, David, em duas biografias. David (Steve Carell) faz de tudo para ajudar o filho, que usa diversas drogas, mas principalmente metanfetamina. David vê a personalidade de Nic mudar diante de seus olhos, e Chalamet faz um excelente trabalho ao mostrar essas variações, com destaque para uma cena num jantar com Carell que tem tudo para lhe garantir mais uma indicação.
Hedges, que concorreu ao Oscar de coadjuvante no ano passado por Manchester à Beira Mar, de Kenneth Lonergan, tem três filmes no festival: Boy Erased, de Joel Edgerton, Mid90s, de Jonah Hill, e Ben is Back, dirigido por seu pai, Peter Hedges (que disputou o Oscar com o roteiro de Um Grande Garoto). Em dois deles faz o papel principal: em Boy Erased, vive um menino submetido a uma terapia de conversão de homossexuais, e em Ben is Back, como Chalamet, interpreta um garoto viciado, para desespero de sua mãe, Holly (Julia Roberts). Em ambos oferece performances poderosas.
Há outros pontos de contato curiosos entre os dois jovens talentos, além da profissão, da cidade natal e do mês de nascimento (dezembro). Ambos foram meninos na vida da personagem-título em Lady Bird: A Hora de Voar, de Greta Gerwig, e os dois participaram de filmes de Jason Reitman – Chalamet fez Homens, Mulheres & Filhos, e Hedges, Refém da Paixão.
Chalamet nasceu em Hell’s Kitchen, filho de uma ex-bailarina e de um editor da Unicef, e tem dupla nacionalidade, americana e francesa. Na família há cineastas, produtores de televisão, roteiristas. Ele se interessou por interpretação no colégio – estudou no Fiorello H. La Guardia, conhecido pelos programas de arte. Sua estreia foi em curtas-metragens e depois fez algumas participações em séries como Royal Pains e Homeland. Esteve em filmes como Interestelar, de Christopher Nolan, mas só foi descoberto mesmo com Me Chame pelo Seu Nome. Agora tem um monte de projetos a caminho, do novo filme de Woody Allen (A Rainy Day in New York) a uma versão de Adoráveis Mulheres dirigida por Greta Gerwig. Na sua aparição no tapete vermelho em Toronto, fez sucesso pelo estilo, com um terno bordado, e pela simpatia, assinando até pêssegos para os fãs (referência a uma famosa cena de Me Chame pelo Seu Nome).
Hedges nasceu em Brooklyn Heights e cresceu visitando sets dos filmes do pai – seu primeiro papel foi em Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada, dirigido por Peter, que foi cortado na edição final. Sua mãe é poeta e atriz. Depois de ser descoberto numa peça da escola, fez um papel em Moonrise Kingdom, de Wes Anderson. Sua atuação em Manchester à Beira-Mar, como um adolescente lidando com a perda do pai, foi seu momento de revelação para o mundo. Além dos três filmes no festival, ele tem outros para sair, como Honey Boy, com roteiro de Shia LaBeouf. Mas, no momento, sua atenção está voltada para o teatro. Ele ensaia a peça The Waverly Gallery, de Kenneth Lonergan, diretor de Manchester à Beira Mar, que estreia na Broadway no fim do mês, o que o impediu de comparecer a Toronto.
Pode apostar: Timothée Chalamet e Lucas Hedges têm um futuro brilhante à frente, incluindo algumas estatuetas douradas pelo caminho.