A empreitada pela carreira internacional de Anitta tem surtido cada vez mais efeito. O jornal britânico The Guardian divulgou nesta sexta-feira um texto em que avalia a repercussão do último clipe de Anitta, o funk Vai Malandra. De acordo com a publicação, a produção, dirigida pelo fotógrafo americano Terry Richardson e gravada no Morro do Vidigal, propõe um debate envolvendo racismo, apropriação cultural, machismo e desigualdade social no Brasil.
Traduzida como Go Bad Girl pelo jornal, a música, que já possui quase 37 milhões de visualizações no YouTube, foi motivo de grandes discussões nas redes sociais nesta semana. A escolha de Terry Richardson foi uma das causas. O fotógrafo enfrenta diversas acusações de assédio e chegou a ser banido de trabalhar para publicações americanas como Vogue e Vanity Fair.
Já Anitta ganhou elogios por mostrar o corpo natural durante todo o vídeo. Logo na primeira cena, um close de sua bunda, revela suas celulites na região. A cantora fez questão de representar elementos das favelas cariocas, como as lajes e o biquíni de fita isolante que garante a marquinha perfeita. “Muitos viram o estilo impetuoso da favela representado no vídeo como uma celebração daqueles marginalizados, de baixa renda — e nota-se que Anitta cresceu em uma das regiões mais pobres da cidade”, afirma a publicação.
No entanto, ainda houve quem viu a atuação da cantora apenas como uma caracterização. Isso ainda envolveu discussões sobre Anitta ter se apropriado da cultura negra nas tranças utilizadas no clipe. “Ativistas negros acusaram Anitta de se apropriar das tranças. Outros a elogiaram pelo fato dela ter filmado o vídeo no Vidigal, celebrando a sexualidade da mulher negra e de mulheres de baixa renda, como nessas áreas.”
O jornal britânico ainda chamou atenção para o fato de muitos brasileiros terem criticado a cantora por rebolar bastante no clipe, chamando a atenção para a sua bunda. O comportamento, no entanto, é visto como alinhado ao posicionamento que Anitta já vem apresentando em defesa do feminismo e da liberdade da mulher.