IMPERDÍVEL: Carminho injeta melancolia em clássicos de Tom Jobim
Cantora dá uma nova coloração a uma obra que prova aqui, graças a ela, que não se esgota
Quem conhece a Carminho de Canto (2014), disco de músicas como a alegre Saia Rodada e a florida Chuva no Mar, em que divide os vocais com Marisa Monte, vai se surpreender com a melancolia que a cantora empresta a clássicos da bossa nova, ritmo conhecido pela leveza e pela tristezinha sutil, em Carminho Canta Tom Jobim. No álbum que sai agora pela Biscoito Fino, a portuguesa dá vazão ainda maior à sua herança como fadista — por parte de mãe — e inunda de profundidade faixas como Wave, Meditação, Sabiá e Por Causa de Você, que preferiu gravar na versão em inglês de Ray Gilberto, Don’t Ever Go Away. Longe de causar estranheza pelo sotaque e pela carga emocional com que embala versos que são velhos conhecidos, como “Vou voltar / Sei que ainda vou voltar”, Carminho dá uma nova coloração a uma obra que prova aqui, graças a ela, que não se esgota. A melancolia não chega a ser mexicana, como nas novelas: Carminho sabe ser elegante. Para completar, vem em boa companhia. O disco conta com músicos da Banda Nova, conjunto que foi criado em 1984 — ano do nascimento de Carminho — e seguiu com Tom Jobim até sua morte, em 1994, como Daniel Jobim (piano), Jaques Morelenbaum (violoncelo), Paulo Braga (bateria) e Paulo Jobim (violão), filho de Tom, que também assina a direção musical e os arranjos. Ainda há duetos com Maria Bethânia (Modinha), Chico Buarque (Falando de Amor) e novamente Marisa Monte (Estrada do Sol).