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“Gibi não é literatura”, diz James Akel, que disputa vaga na ABL

Jornalista critica Mauricio de Sousa, que também tenta vaga, e dispara contra a estratégia de transformar famosos em imortais

Por Amanda Péchy 15 abr 2023, 08h00

Sua candidatura à ABL foi vista com surpresa. Era um projeto antigo? O que realmente me motivou foi a candidatura de Mauricio de Sousa. Em sua carta, ele diz que “quadrinhos são literatura pura”. Isso me deixou zangado e decidi me inscrever imediatamente.

Por que considera que histórias em quadrinhos não são literatura? Na Justiça, a toga do juiz é parte da liturgia do cargo. Ninguém tira. Da mesma forma, a letra no papel é a liturgia da literatura. Histórias em quadrinhos estão no campo do entretenimento, não da educação, como ele defende. No dia em que acabarem os livros, acabou a literatura. A ABL não pode perder sua essência.

O senhor já leu os gibis da Turma da Mônica? Claro que sim, mas depois de já ter aprendido a ler e a escrever, com o uso dos livros de verdade. Fico assustado quando dizem que os brasileiros se alfabetizam com a Turma da Mônica. Defender isso é uma incongruência.

Ainda assim, o favorito da corrida é o quadrinista. Fica intimidado? Venho da área da televisão. Todas as emissoras do país não chegam nem perto da TV Globo, mas isso não as impede de disputar a audiência. Já tive várias vitórias improváveis na minha carreira, essa pode ser mais uma. O Paulo Coelho disse que se arrependeu de votar em Lula. Quem sabe ele não muda de ideia agora também?

Sua grande contribuição à literatura, nos moldes que o senhor defende, foi um livro sobre marketing no setor hoteleiro. Não é pouco para se tornar imortal? Meu livro foi muito elogiado e adotado em vários cursos de turismo, inclusive na USP. Além dele, tenho três peças de teatro escritas. Já o Mauricio só publicou gibis. Tá quatro a um para mim. Mas esse não é o ponto principal. Mereço a cadeira por causa do meu projeto para a ABL. Se me derem três anos para concretizá-lo, posso até renunciar depois.

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Que projeto é esse, afinal? A tentativa de revitalização da ABL, por meio de eleição de famosos, não funcionou. Nomes como Gilberto Gil e Fernanda Montenegro não aproximaram a academia do público, como pretendido. Ela segue estática, envelhecida, pregando apenas para convertidos. Proponho que se façam palestras e apresentações gratuitas em todo o país. Também quero organizar uma feira itinerante de livros. O povo tem toda competência para ler mais, mas falta acesso.

Outro concorrente, Ricardo Cavaliere, parece mais próximo do seu conceito de literatura. Dele vem alguma ameaça? O Cavalieri é um grande filólogo, com um lobby imenso na ABL. Apostaria nele contra o Mauricio. Mas não me pergunte quem escolheria entre os dois, porque votaria em mim.

Não tem medo de se manchar com uma campanha tão polêmica? Se estivesse disputando com qualquer um — Fernanda e Gil inclusos —, diria a mesma coisa: tenho mais a agregar à ABL. Pode ser que a maioria dos membros diga que eu não estou correto e não vote em mim. Tudo bem, já trouxe o questionamento para a pauta. Isso era necessário.

Publicado em VEJA de 19 de abril de 2023, edição nº 2837

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