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Festival de Veneza resiste à Covid-19 com máscaras e poucas estrelas

Único grande evento do cinema a acontecer em meio à pandemia, festa deste ano conta com poucas produções de Hollywood - mas atrai os olhos de toda indústria

Por Lucas Almeida, de Veneza
Atualizado em 2 set 2020, 17h39 - Publicado em 2 set 2020, 12h45

Os avisos que antecedem o início de cada sessão ficaram mais longos este ano no Festival Internacional de Veneza. Além de pedir para todos desligarem os celulares, uma voz relembra aos presentes, em italiano e inglês, que o uso de máscara facial é obrigatório durante toda a exibição do filme.

A 77º edição do evento organizado pela Bienal de Veneza foi aberta nesta quarta-feira, 2, com mais de sessenta filmes selecionados para as exibições, que acontecem até o dia 12 de setembro. A resistência de Veneza impressiona. Desde o início da pandemia, diversos eventos da indústria cinematográfica foram cancelados ou passaram por grandes transformações. O majestoso Festival de Cannes cancelou a realização da sua 73º edição (que, inicialmente aconteceria em maio), e apenas anunciou a lista de filmes que levariam seu selo de curadoria — mas acabariam exibidos por outros festivais.

O Festival de Tribeca, que acontece em Nova York, decidiu expor alguns dos títulos em plataformas online. Já o Festival Internacional de Cinema de Toronto, que terá início no dia 10 de setembro, optou por uma edição que mescla exibições pela internet com poucos eventos presenciais.

“Parece um milagre estar aqui. Aplaudo a todos os organizadores do festival pela criatividade e trabalho para criar esta edição. Temos que reabrir o cinema e reabrir de forma segura”, disse a atriz australiana Cate Blanchett, presidente do júri, responsável por escolher o vencedor do Leão de Ouro, principal prêmio do festival.

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“Novo normal”

Veneza não abriu mão das cerimônias de abertura e encerramento, tapetes vermelhos ou exibições de filmes, mas precisou promover mudanças para se adequar às medidas anti-Covid-19. As salas de cinema tiveram a lotação máxima reduzida à metade, com assentos alternados entre ocupados e vazios.

As bilheterias presenciais foram substituídas exclusivamente pela plataforma de ingressos on-line. Antes de entrar nas salas de exibição, ainda é necessário ter a temperatura corporal medida, frascos de álcool em gel ficam disponíveis em diversas áreas e o uso de máscara é obrigatório em todos os espaços fechados.

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Nicola Lagioia, Joanna Hogg, Veronika Franz, Cate Blanchett, Matt Dillon, Ludivine Sagnier e Christian Petzold durante fotos no no Palazzo del Casino, em Veneza – (P. Lehman/Barcroft Media/Getty Images)
A atriz Cate Blanchett, presidente do júri do Festival de Veneza 2020: evento apresentou mudanças por causa da pandemia (Vittorio Zunino Celotto/Getty Images)

A caminhada pelo tradicional tapete vermelho para as principais exibições de cada dia não contará com os gritos de fãs, que ganhavam selfies e autógrafos dos artistas. A área será fechada apenas para os profissionais e convidados do evento. Os fotógrafos também tiveram um número reduzido, a fim de evitar aglomerações.

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Se no ano passado, o Festival recebeu suas habituais estrelas de Hollywood, como Meryl Streep, Scarlett Johansson e até os brasileiros Wagner Moura e Bárbara Paz, o tapete vermelho ficará mais enxuto neste ano. Durante a pandemia, diversos estúdios optaram por adiar a estreia de seus filmes e o line-up do festival integrou produções menores.

Sem nenhum longa produzido por serviços de streaming, os nomes mais fortes de Hollywood são Nomadland, protagonizado por Frances McDormand e dirigido por Chloé Zhao; One Night in Miami, dirigido por Regina King; e o drama The World to Come, da diretora Mona Fastvold, que conta com Casey Affleck e Vanessa Kirby no elenco.

O Brasil possui dois representantes nesta edição: o documentário Narciso em Férias, sobre a prisão de Caetano Veloso durante a ditadura, e o curta feito em realidade virtual Gravidade, uma coprodução com o Peru. Em ambos os casos, os realizadores não conseguirão comparecer ao evento.

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As restrições de entrada na União Europeia em razão do coronavírus dificultaram ainda mais a viagem das estrelas até o Lido di Venezia, no norte italiano. Em comunicado, a Bienal afirmou que todos os convidados presentes na edição vindos de fora da Zona Schengen (área que abrange 26 países europeus) precisarão enviar um teste de Covid-19 antes de viajar para a Itália e um segundo teste será aplicado já em Veneza, com supervisão de membros da organização.

Dificuldades do dia a dia

Reportagem de VEJA em Veneza percebeu, já no dia de abertura de festival, que as medidas de segurança dificilmente serão seguidas à risca. O distanciamento social aplicado nas salas de cinema não se repete nas filas que antecedem as sessões (mesmo com os assentos marcados, a aglomeração de pessoas nas entradas de cada exibição é uma cena comum ao longo do dia).

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Apesar do uso de máscara ser obrigatório apenas nos espaços fechados, muitos dos visitantes optam por mantê-las mesmo nas ruas do Lido. A via à beira-mar, onde está localizado o Palazzo del Cinema (o maior prédio do festival), já recebe diversos curiosos, que param para fazer fotos da fachada e procuram alguma celebridade perdida pelo tapete vermelho.

Aglomerações inevitáveis: Tilda Swinton atende fãs na entrada do Festival de Veneza 2020 (Jacopo Raule/Getty Images)

Entre os jornalistas e outros profissionais credenciados, é comum ver os celulares ou notebooks abertos na plataforma de ingressos oficial do evento, na tentativa de conseguir uma cadeira nas exibições principais ou coletivas de imprensa.

No fim do verão europeu, quando já é possível notar a baixa de temperatura na Itália, os barcos para o Lido di Venezia, que partem da Praça de São Marcos, a principal da cidade, passam com poucos passageiros, quase todos com a credencial para o festival no pescoço, sem turistas que procuram apenas um banho de mar.

Máscara na orelha: O cineasta Pedro Almodovar chega ao 77º Festival de Veneza (Jacopo Raule/Getty Images)
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