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Fabricio Carpinejar: “Virei autor de epitáfios”

Campeão das frases motivacionais nas redes, o gaúcho conta como se tornou especialista em confortar os brasileiros em luto

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 out 2021, 18h46 - Publicado em 2 out 2021, 08h00
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  • Seus textos costumam ser escapistas. Por que optou pela temática do luto em seu novo livro, Depois É Nunca (Bertrand Brasil)? Quis refletir sobre a morte, pois não falamos de modo saudável sobre ela. Ainda é um tabu. Há quem pense que só de falar a palavra maldita se antecipa o próprio fim. Precisamos falar sobre isso. E aprender a achar gratidão dentro da saudade.

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    Como chegou a essa conclusão? Comecei a receber nas redes sociais encomendas fúnebres de pessoas que perderam familiares na pandemia e não sabiam colocar um adeus em palavras. Virei autor de epitáfios, um coveiro das palavras, usando meu dom para confortar — especialmente num tempo em que fomos privados da partilha da dor em um funeral. Sem esse ritual, é como se não tivéssemos 600 000 mortos no país, mas 600 000 desaparecidos.

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    Perdeu alguém para a Covid? Não. Uma tia muito querida foi para a UTI e um amigo também. Quando tiveram alta, fiz questão de dizer “eu te amo”.

    Seu livro alfineta problemas sociais que o país tem enfrentado, como a inflação e o desemprego. Mudou a postura de não falar sobre política? Não tem como não falar ou não sofrer. Vivemos um obscurantismo total. É a idade das trevas, a Idade Média do Brasil. Recuamos em tudo: nos direitos humanos, na compreensão, na proteção das minorias e das reservas florestais. O setor cultural está absolutamente desativado. Defender a máscara e a vacina contra medicamentos sem comprovação é como nadar contra a corrente. Isso é assustador.

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    Suas relações mudaram por causa da pandemia? Sentir a morte rondando tão de perto, farejando ao redor, me trouxe a urgência de expor os afetos. Também percebi que eu tinha muitas frustrações que, na verdade, não eram nada, eram chateações. Parei de sofrer quando não é necessário. Eu era absolutamente exagerado e dramático em tudo. Perdi o avião? Ah, que horror! Um drama desnecessário. Agora me sinto mais contido, não faço mais birra e não escondo mais sentimentos.

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    Virou moda tatuar frases suas, o que pensa sobre isso? Penso que é um leitor que não pode se arrepender, tem de gostar de mim a vida toda (risos). As mais tatuadas são “depois é nunca” e “não pedirei desculpas pela minha intensidade”. E tem gente que coloca textos inteiros, um copyright total.

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    Já tatuou alguma frase sua? Nunca! Meu Deus, seria muito egoico.

    Publicado em VEJA de 6 de outubro de 2021, edição nº 2758

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