Uma rara e valiosa carta de Cristóvão Colombo, impressa em 1493 e roubada há mais de uma década da Biblioteca da Catalunha, foi devolvida pelos Estados Unidos à Espanha, após uma investigação de sete anos localizá-la no Brasil. A carta, uma das dezesseis cópias feitas em Roma pelo impressor alemão Stephan Plannck de um texto escrito pouco depois da “descoberta” das Américas, em que o navegador italiano descreve à coroa espanhola os resultados da sua primeira expedição ao Novo Continente, foi roubada há mais de dez anos e vendida no mercado negro diversas vezes, até cair nas mãos de um colecionador no Brasil, que teria desembolsado mais de 1 milhão de dólares pelo documento.
Na carta, Colombo narra o início de sua expedição financiada pela rainha Isabel, a Católica após sua partida do Puerto de Palos, em agosto de 1492, e tudo o que aconteceu na busca por um novo caminho para as Índias até a chegada a Lisboa, em março de 1493, e dez dias depois o retorno à Espanha.
“Estamos realmente honrados de devolver esse documento histórico à Espanha, sua verdadeira proprietária”, disse o procurador americano David Weiss após sua entrega ao embaixador da Espanha em Washington DC, Pedro Morenés, em uma recepção realizada na residência do diplomata, na noite de quarta-feira.
A investigação
Em 2011, a procuradoria de Delaware e a polícia aduaneira receberam uma denúncia: documentos do século XV haviam sido roubados de bibliotecas europeias e substituídos por cópias simples, sem o conhecimento dos bibliotecários ou da polícia desses países. Entre eles, estavam a histórica carta de Colombo. No ano seguinte, um especialista e um policial americano visitaram a Biblioteca da Catalunha, em Barcelona, e concluíram que a versão da missiva de Colombo presente no local era falsa.
Uma investigação de sete anos, que envolveu as autoridades de Espanha, França e Brasil, descobriu que a carta do genovês, depois de roubada, havia sido vendida em novembro de 2005 por 600.000 euros (708.000 dólares) por dois livreiros italianos. Não foi a única negociação da carta, que passou de mão em mão até ser vendida a um colecionador baseado no Brasil em junho de 2011 por 900.000 euros (1,062 milhão de dólares no câmbio atual). O nome do colecionador, que concordou em entregar a carta em 2014, ao fim de uma rodada de conversas, é mantido em sigilo.
As autoridades continuam investigando, mas ainda não houve prisões.