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Disciplina, o segredo que se esconde por trás do brilho do Carnaval carioca

Pontualidade, organização e muito ensaio asseguram o espetáculo, que ainda assim não deixa de ser espontâneo

Por Da Redação
9 fev 2016, 15h13
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  • Entre incríveis fantasias, musas com biquínis dourados que se movem ao ritmo de samba e milhares de animados dançarinos agitando seus quadris sem descanso, a última coisa que alguém espera encontrar no Carnaval do Rio é um homem com uma camiseta marcada com a palavra “disciplina”. Mas, por trás dos holofotes, dos suntuosos carros alegóricos e das sensuais danças, as instruções de Paulo Roberto são a razão pela qual o Carnaval tem a eficiência e a precisão que parece faltar em outros muitos aspectos do país.

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    Escondido em sua pouco glamourosa camiseta, Roberto, de 50 anos, é um dos membros do Salgueiro encarregado para que os componentes da comitiva cheguem a tempo e saibam aonde ir. “Estamos aqui para que todo mundo esteja em seu lugar”, explicou, enquanto a escola se preparava na segunda-feira para desfilar pelos 700 metros do Sambódromo, na segunda noite dos desfiles da elite do Carnaval.

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    Os integrantes da equipe de disciplina participam do complexo processo de colocação para o desfile, caminham apressados enquanto os passistas passam pelo Sambódromo e lhes ajudam a sair da avenida quando termina o espetáculo. “Somos como guias”, afirmou.

    Com os 3.500 participantes no desfile do Salgueiro preparando-se, muitos deles usando os mais variados tipos de fantasia, seis carros alegóricos que evocavam desde os Jardins da Babilônia até um palácio e diante de 70.000 espectadores, sobra muito trabalho para Roberto.

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    Como na ópera – A produção das escolas de samba é um milagre de organização que transforma milhares de dançarinos amadores usando fantasias feitas à mão em um espetáculo equivalente aos que se programam nos grandes teatros e óperas do mundo. Ao contrário do que frequentemente ocorre no Brasil, os desfiles começam pontualmente e as regras estipulam que não devem duram mais de uma hora e vinte minutos exatos.

    O trabalho, contudo, começa ao menos seis meses antes com os ensaios, as arrecadações de recursos, a escolha e composição da música, além da confecção das elaboradas fantasias.

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    Os pequenos e importantes detalhes com os quais se preocupar são infinitos. Apenas horas antes de sair e desfilar com o Salgueiro, Olga Braga, de 53 anos, continuava costurando sua enorme saia vermelha e preta. “Só para reforçá-la”, disse.

    Perto dali, um grupo de adolescentes varria o piso dos carros alegóricos, enquanto homens com camisas vermelhas cuidavam da ordenação da pilha de tambores que usariam mais tarde os 300 membros da bateria.

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    Entre o brilho e a tragédia – Uma vez começado o desfile, os membros das escolas enfrentam o grupo de 40 juízes que, como em todo o mundo do samba, obedece a um regulamentno rígido. Sob essa exigente eleição, um espaço muito grande entre as alas do desfile pode ser uma tragédia. Se a bateria perder o ritmo, ainda pior. Houve anos, inclusive, nos quais os carros alegóricos ficaram grandes demais para circular pelo Sambódromo devido a um cálculo ruim.

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    Embora o momento mais complicado seja o da concentração antes do desfile, afirmou Paulo Lapa, de 47 anos, um dos coordenadores da escola Vila Isabel, que também passou pelo Sambódromo na segunda-feira. “Aqui é quando é mais fácil que as coisas saiam errado”, contou, rodeado de uma multidão de bailarinas que colocavam suas fantasias na rua. “Depois que saímos para a avenida, é quase automático, porque ensaiamos muito.”

    Leonardo Sardou, um dos diretores dos carros alegóricos da Vila Isabel, considera que a intensa preparação – normalmente uma vez por semana durante um período de entre seis meses e um ano – é a chave. “Temos quase 5.000 pessoas envolvidas, e o mais importante é que todo mundo tenha o mesmo objetivo e que ninguém faça nada só pensando em si mesmo”, diz. “O desfile é espontâneo, mas não pode ser totalmente.”

    Perguntado sobre o segredo da maestria brasileira para o Carnaval, Lapa respondeu rapidamente que a levam no sangue. “O Brasil é um país com tantos problemas que pode ser difícil acreditar que podemos fazer isto”, afirmou. “Mas é nossa tradição profunda.”

    (Com AFP)

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