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De vilões a amigos, robôs inteligentes dominam o cinema

‘Vingadores: Era de Ultron’ e reboot de ‘Exterminador do Futuro’ estão entre os filmes da nova leva sobre inteligência artificial, tema que voltou a ser o favorito dos roteiristas de Hollywood e a preocupar os que imaginam um mundo subjugado por máquinas

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 jun 2024, 04h35 - Publicado em 2 Maio 2015, 11h27

Em entrevista concedida no final do ano passado à rede BBC, o físico britânico Stephen Hawking afirmou que o desenvolvimento da inteligência artificial pode significar o fim da humanidade. “Quando a inteligência artificial for completamente desenvolvida pelos seres humanos, ela pode progredir por si mesma, e se redesenhar a um ritmo cada vez maior”, avaliou o físico. Embora a tecnologia ainda não tenha evoluído o suficiente para que robôs subjuguem os homens, é justo dizer que as máquinas estão cada vez mais próximas de dominar o mundo. Pelo menos, o do cinema. A inteligência artificial pauta projetos de grandes empresas de tecnologia, debates entre cientistas e também uma forte leva de produções de Hollywood. Uma delas é Vingadores: Era de Ultron. O filme que estreou na última semana já foi visto no Brasil por mais de 3,3 milhões de pessoas e arrecadou, no mesmo período, a surpreendente quantia de 250 milhões de dólares em bilheteria no mundo. Em abril, também foi lançado o drama Chappie, de Neill Blomkamp, em que robôs inteligentes são usados como policiais para combater o crime. E ainda neste ano são esperados o thriller Ex Machina e o longa de ação O Exterminador do Futuro: Gênesis, reboot da trilogia de Arnold Schwarzenegger, além do retorno do faroeste Westworld – Onde Ninguém Tem Alma, filme de 1973 que volta em forma de série na HBO, com Anthony Hopkins e o brasileiro Rodrigo Santoro. De gêneros diferentes, os títulos têm, em comum, máquinas que podem se equiparar aos homens e até superá-los.

“O robô vilão, que pensa e assusta, é um receio antigo dos homens”, diz Eliseu Lopes Filho, professor de cinema na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). “Desde Metrópolis, filme precursor de 1927, o cinema lida com o medo que temos de sermos dominados pela máquina, e nunca estivemos tão perto disso.” Essa proximidade pode ser representada pela relação quase íntima entre homens e assistentes eletrônicos dotados de inteligência artificial (IA), como Siri, a voz sexy do iPhone. Tal relação torna a temática ainda mais atraente e assustadora – sentimentos bastante lucrativos para a indústria cinematográfica.

Não à toa, no fim de 2014 uma carta aberta assinada por cientistas renomados, incluindo Hawking, pedia que a humanidade alinhasse os estudos sobre inteligência artificial com “os interesses humanos”. Apesar de não fazer um apelo sensacionalista, o texto publicado pelo instituto Future of Life, organização criada para proteger a humanidade dos perigos de experiências robóticas, era marcado por um tom de alerta, algo como o prólogo de uma devastadora obra de ficção científica.

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No cinema, o tema é visto de forma ambígua. O filme independente britânico Ex Machina, que conquistou boas criticas pelo mundo e ainda não tem estreia prevista no Brasil, conta a história do cientista Nathan (Oscar Isaac), que desenvolve a androide Ava (Alicia Vikander) e pede que um jovem prodígio de uma empresa de tecnologia aplique nela o teste de Turing, pelo qual se descobre se uma máquina consegue se passar por um ser humano. A “moça” causa desavenças entre os dois pesquisadores e cria uma situação que coloca a vida de ambos em risco.

Chappie, de Neill Blomkamp (Distrito 9 e Elysium) se passa em um futuro com cara de presente na África do Sul, onde policiais robotizados atuam com eficiência. Ainda assim, o criador da tropa, o jovem Deon (Dev Patel), quer desenvolver um robô que tenha algo mais: um androide com sentimentos, olhar artístico e criatividade, funções humanas que os demais aparelhos não conseguem oferecer. Ele então cria Chappie, um personagem amigável, mas que acaba sequestrado por criminosos e educado de maneira errada. Ele passa a cometer crimes sob a promessa de ter um corpo novo – já que o seu está defeituoso. Quase um Pinóquio moderno, que só causa simpatia, o personagem alerta para o caso de um produto do tipo cair nas mãos inadequadas.

Muito, mas muito menos fofo que o descolado Chappie, é Ultron, o vilão da Marvel. Criado por Tony Stark (vulgo Homem de Ferro, papel de Robert Downey Jr.), Ultron deveria ser um sistema de IA que garantisse a paz no planeta. Porém, a sua visão de tranquilidade está ligada ao fim da espécie humana, para ele a verdadeira praga do mundo. Uma associação com Hitler, aqui, não seria de todo delirante. O início do desenvolvimento de Ultron se dá em uma estação Hidra – no universo Marvel, um grupo sobrevivente do nazismo – combatida pelo herói Capitão América já nos anos 1940. “Qualquer vilão infame do cinema tem traços de personagens reais. É uma cutucada dada pelos roteiristas”, conta o professor Lopes Filho. “O vilão meio robótico de Homem de Ferro 2 é um russo, outro velho desafeto dos Estados Unidos. São antagonistas remotos que ganham nova forma, mas ainda estão no pensamento das pessoas.”

De todas as máquinas do cinema, porém, a mais esperada este ano é sem dúvida a de O Exterminador do Futuro: Gênesis, reboot da trilogia de Arnold Schwarzenegger previsto para julho. A franquia de quatro filmes iniciada há trinta anos soma 1,4 bilhão de dólares em bilheteria e é uma unanimidade entre fãs e especialistas em inteligência artificial por apresentar uma profundidade rara nesse tipo de filme – e não apenas pelo divertido bordão “Hasta la vista, baby”. “Esses longas tocam em questões importantes. Eles funcionam como um espelho do que somos”, diz Nelson Pedro Silva, professor de psicologia de desenvolvimento ético e moral na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Assis. “Temos medo da imprevisibilidade desses robôs, que seriam super-humanos e nos derrubariam do topo da cadeia evolutiva. Porém, nós somos os seres mais imprevisíveis da Terra e já fazemos bem a tarefa de nos destruir uns aos outros.”

A volta das máquinas – A última vez que vilões enlatados e espertos estiveram tão em voga foi entre o fim dos anos 1990 e o início dos anos 2000. São destaques da época Matrix, dos irmãos Wachowski, e O Homem Bicentenário, de Chris Columbus, ambos de 1999; A.I.: Inteligência Artificial, de Steven Spielberg, em 2001; e Eu, Robô, de Alex Proyas, em 2004. Na época, o uso da internet começava a se tornar algo cotidiano no mundo e, em 1997, o computador Deep Blue, da IBM, se sagrou como a primeira máquina a vencer um campeão mundial de xadrez. O clima era, então, marcado por discussões sobre os avanços repentinos dos seres artificiais, o que levou à invasão dos filmes pelo tema. Na sequência, como que em uma reação, o homem reassumiu o comando sobre a máquina em longas como Gigantes de Aço (2011) e o ótimo Círculo de Fogo (2013), além da franquia Transformers, iniciada em 2007, em que robôs alienígenas se disfarçam de carros.

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O retorno da máquina inteligente teve uma faísca graciosa em 2013, no vencedor do Oscar de melhor roteiro original Ela, e, no ano seguinte, no lançamento de Operação Big Hero, a animação da Disney com um adorável robô enfermeiro. Protagonizado por Joaquin Phoenix, Ela conta a história de um homem solitário que se apaixona por sua assistente eletrônica, uma versão futurista de programas como a Siri, da Apple. E Big Hero mostra um garoto que perdeu o irmão mais velho e encontra um amigo no robô gordinho criado pelo irmão antes da morte. Ambos os sistemas mexem com sentimentos humanos, como o desejo por consumo e o medo da solidão que parece vir com o avanço tecnológico – uma representação da IA mais realista do que a apocalíptica.

A inteligência artificial pode ser encontrada, no dia a dia, em sistemas difundidos como o Google Maps, que traça e altera caminhos, e o Google Tradutor, que, de acordo com Alexandre Direne, professor de Informática da Universidade Federal do Paraná (UFPR), apesar de imperfeito, faz algo que é muito difícil para uma máquina. “Ao abrir o Google, já lidamos com duas importantes modalidades de inteligência artificial”, diz Direne. Sistemas de IA também são amplamente usados em videogames, diagnósticos de doenças e até na organização de prateleiras de grandes supermercados – feitas com base em um sistema de mineração de dados que aponta que produtos devem ficar perto um do outro, e onde colocar promoções, por exemplo. “O mercado financeiro também opera apoiado em técnicas de IA. A classificação de crédito, detecção de possível fraude ou uso indevido de cartões de crédito são exemplos do uso dessas técnicas”, diz Alneu de Andrade Lopes, professor de Inteligência Artificial na Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos.

E a relação entre homem e máquina tende a ficar ainda mais estreita – e interessante. Quem se lembra do desenho Os Jetsons, que na década de 1960 imaginava um futuro com robôs domésticos, vai entender. “Já existem robôs que cortam grama, fazem a limpeza do chão, da janela, da piscina. E creio que dentro de 20 anos teremos robôs em residências e hospitais, como já acontece em grandes empresas como a Amazon”, diz André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho, também professor da USP de São Carlos e um dos autores do livro Inteligência Artificial: Uma Abordagem de Aprendizado de Máquina.

Embora desejáveis, no cinema os novos robôs bonzinhos ainda perdem em número de títulos e em bilheteria para os vilões automatizados. Prova disso é a volta não só de Exterminador e de Westworld – Onde Ninguém Tem Alma, mas também do clássico Blade Runner: O Caçador de Androides, de 1982, que deve ganhar uma sequência em 2017. Nos três, a mistura maniqueísta de androides é comum, com robôs terrivelmente maus e outros que defendem a raça humana. Mas, claro, com uma grande perda de pessoas no embate entre os dois lados.

https://youtube.com/watch?v=ZSExdX0tds4

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Maria, ‘Metrópolis’

Dirigido pelo austríaco Fritz Lang, o clássico silencioso em preto e branco, de 1927, é considerado o pai da ficção científica no cinema e o primeiro a mostrar um robô com feições e atitudes humanas. A trama se passa em um futuro distópico, em que existem duas classes, a dos pensadores e a dos operários, que são subemtidos a turnos extenuantes de trabalho no subterrâneo da cidade. Entre os operários, está Maria (Brigitte Helm), uma mulher influente que acredita em um futuro de paz entre as classes. Com a iminência de uma revolta, João Fredersen (Alfred Abel), governador de Metrópolis, sequestra Maria e desenvolve um robô idêntico a ela. A invenção funciona e passa a provocar os trabalhadores de acordo com os desejos de Fredersen. 

HAL 9000, em ‘2001: Uma Odisseia no Espaço’

Outro clássico do cinema, lançado por Stanley Kubrick em 1968, o filme 2001: Uma Odisseia no Espaço tem como vilão HAL 9000, o supercomputador de uma nave especial. Quando ele descobre que os humanos da espaçonave pretendem desligá-lo, reage e mata um dos astronautas. Apesar de não ter um “corpo” com aparência humana, o computador impressiona por sua maneira de pedir clemência e demonstrar emoções com uma fala de tom robótico. 

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C-3PO e R2-D2, ‘Star Wars’

Únicos personagens do núcleo principal a participar de todos os filmes da franquia Star Wars, iniciada em 1977 por George Lucas, os androides C-3PO (voz de Anthony Daniels) e R2-D2 (Kenny Baker) são queridos dos fãs e parte fundamental das aventuras vividas pelos protagonistas da saga. No novo longa da série, Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força, a dupla vai ganhar a companhia de outro robô, o BB-8, uma versão esférica de R2-D2. 

Exterminador, de ‘Exterminador do Futuro’

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O ciborgue vestido de Arnold Schwarzenegger começa a franquia, em 1984, de modo aterrorizante. Enviado do futuro, o Exterminador tem a missão de assassinar a garçonete Sarah Connor (Linda Hamilton) antes que ela dê à luz a John Connor, que em 2029 lidera uma guerra dos homens contra as máquinas. Nos filmes seguintes, a história muda e um androide idêntico ao robô viaja ao passado para proteger o adolescente John de um ciborgue mais avançado, feito de metal líquido. 

Andrew, de ‘O Homem Bicentenário’

Robin Williams foi o responsável por dar vida a Andrew, um robô que deseja se tornar humano. O filme de 1999, de Chris Columbus, é baseado no conto de mesmo nome escrito por Isaac Asimov, um dos principais nomes da ficção científica. Apesar do ritmo mais que lento do filme, Andrew é simpático e conquista o espectador ao longo de sua crise de Pinóquio moderno. Seu reconhecimento pela sociedade só acontece pouco antes de sua morte, quando ele já tem mais de duzentos anos.  

Agente Smith, ‘Matrix’

Entre os diversos personagens robóticos da franquia Matrix, iniciada em 1999, o mais assustador é Smith (Hugo Weaving), um sistema de inteligência artificial que se manifesta com a aparência de um homem. O rapaz de terno e olhar frio tem força sobrenatural, sentidos aguçados, desafia a gravidade e consegue manipular o ambiente. Para piorar, ele tem a habilidade de entrar no corpo de humanos não cientes da realidade simulada em que vivem. Resumindo, se vir um na rua, fuja. 

https://youtube.com/watch?v=FxiJKGBGQRo

David, de ‘A.I.: Inteligência Artificial’

Na trama lançada por Steven Spielberg em 2001, os avanços tecnológicos levaram a humanidade a desenvolver androides com características físicas e emocionais similares às humanas. David (Haley Joel Osment) é uma das novidades da indústria, uma criança que tem sentimentos reais, especialmente por sua mãe adotiva, que o aceita quando seu filho biológico é congelado, à espera da cura de sua doença. David é feliz até ser descartado pela família. Em sua jornada, ele conhece outros robôs e muitos humanos que buscam o fim dos seres de inteligência artificial. 

Sonny, ‘Eu, Robô’

Ambientado em 2035, o filme de 2004 é baseado no livro de mesmo nome de Isaac Asimov e acompanha a história de um policial “robofóbico” (Will Smith), que tenta provar o envolvimento do robô Sonny (Alan Tudyk) no assassinato de um humano. A teoria é difícil de ser aceita, já que as máquinas são regidas por regras, que preveem a segurança dos homens acima de tudo. Neste mundo tão avançado, até uma psicóloga de robôs se faz necessária para lidar com a inteligência artificial. Ela se torna uma aliada de Sonny, que demonstra ser o primeiro robô capaz de pensar por si só. 

Wall-E, de ‘WALL·E’

Com a missão de limpar a Terra, que virou um grande entulho, Wall-E é um robô de olhar gracioso e lataria enferrujada que só emite sons estranhos. Sozinho no planeta — acompanhado apenas por uma barata —, ele se surpreende com a visita de Eva, uma robô mais desenvolvida do que ele. Wall-E a segue e visita uma das naves em que a humanidade vive de maneira esquisita no espaço. O filme dirigido por Andrew Stanton foi lançado em 2008 e ganhou o Oscar de melhor animação no ano seguinte.   

Baymax, de ‘Operação Big Hero’

O filme de Don Hall e Chris Williams, que foi lançado em 2014 e venceu o Oscar de melhor animação no ano seguinte, acompanha a história do garoto Hiro Hamada, que perde o irmão mais velho e procura vingá-lo. Entre as coisas do irmão, ele encontra Baymax, um robô enfermeiro plus-size feito para diagnosticar doenças e tratá-las. Hiro tenta transformar a máquina fofa em um vingador mortífero, mas tem muita dificuldade em mudar a sua programação. Neste processo, ele se une a uma trupe de nerds que usam outros avanços tecnológicos para se tornar super-heróis. 

A verdadeira ameaça – Antes de construir um abrigo subterrâneo e comprar provisões para décadas no supermercado, quem tem medo de que a inteligência artificial liberte o caos pode dormir em paz. Uma máquina dotada de sentimentos e capacidades cognitivas como um ser humano, que possa ser chamado de ser pensante, ainda parece distante de existir. Batizado de “singularidade”, o momento em que a máquina ultrapasse os homens em todos os quesitos é apontado por alguns estudiosos como algo que possível dentro de duas ou três décadas, enquanto outros sugerem que isso levaria séculos para acontecer. Ferreira de Carvalho, da USP, é um dos que veem com ceticismo a chegada de robôs super-humanos como os do cinema. “Existe certo exagero nos filmes. Eles fazem promessas distantes de se concretizar.”

A missão de dominar e extinguir a raça humana no cinema, aliás, não é exclusividade de robôs espertos. Macacos, vírus e alienígenas também cumprem bem o papel. Portanto, a depender da ficção, a espécie humana tem muitas formas de chegar ao fim. Até pelas próprias mãos.

“Acredito que, se não nos destruirmos uns aos outros, seja possível reproduzir boa parte da inteligência humana em uma máquina. Mais tarde, ela teria autoconsciência e conseguiria se desenvolver sozinha”, diz Alexandre Direne, da UFPR, um especialista menos cético do futuro glorioso das máquinas. “Mas, por enquanto, não estou preocupado com máquinas nos destruindo. Os seres humanos ainda são os mais perigosos.”

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