“O Renato não gostava de festival, mas também não gostava de shows em geral. Ele seria contra. Mas eu acho que temos que fazer assim mesmo. A Legião Urbana deixou uma obra importantíssima para a música popular brasileira. Como vamos dizer que o maior festival de música do país não pode prestar um reconhecimento a esse trabalho?”, afirma Dinho Ouro Preto
Publicidade
O Concerto Sinfônico Legião Urbana e Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) reabrirá o Palco Mundo, na noite de quinta-feira, para a segunda semana de shows do Rock in Rio 2011. O tributo ao vocalista Renato Russo, morto em 1996, terá oito músicas, com a participação de cantores convidados, além de um medley executado pelo time do maestro Roberto Minczuk. O último ensaio aconteceu nesta terça-feira, num estúdio, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
Renato Russo sempre rejeitou convites para a Legião Urbana se apresentar em festivais. Foi assim na primeira edição do Hollywood Rock, em 1988. A ideia de entoar os versos de músicas como Geração Coca-Cola num “evento capitalista”, patrocinado por grandes empresas, soava incoerente para o vocalista.
No entanto, quase 15 anos após a morte de Renato Russo, seus companheiros Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos cederam aos apelos para prestar a homenagem ao amigo, ídolo de uma geração e um dos fundadores do movimento que viria a ser conhecido como Rock Brasil. Nesse período, os dois sempre mantiveram uma postura low profile, com pouquíssimas na TV e entrevistas sobre a banda.
“Imagina o vocalista da sua banda morrer quando você tem 30 anos? Esses caras passaram 15 anos trancados em casa, justamente para evitar o constrangimento de usar o nome da banda. Mas, finalmente, eles cederam às pressões. É preciso manter viva a obra deles para que as novas gerações conheçam e estudem esse fenômeno que foi a Legião Urbana. É, sem dúvida, a maior banda de rock do Brasil em todos os tempos”, argumenta o vocalista Rogério Flausino, do Jota Quest.
Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial, tem certeza de que o colega Renato Russo seria contra a participação da Legião Urbana no Rock in Rio. Mesmo assim, ele defende que ao tributo faz-se necessário e deve ser feito ainda que à revelia do homenageado.
“O Renato não gostava de festival, mas também não gostava de shows em geral. Ele seria contra. Mas eu acho que temos que fazer assim mesmo. A Legião Urbana deixou uma obra importantíssima para a música popular brasileira. Como vamos dizer que o maior festival de música do país não pode prestar um reconhecimento a esse trabalho?”, justifica.
A Orquestra – A OSB já se apresentou nessa edição do Rock in Rio, acompanhando Paralamas do Sucesso e Titãs. No entanto, as várias guitarras e as duas baterias presentes no palco abafaram as sutilezas dos violinos e violoncelos. O show com a Legião Urbana, no entanto, promete ser diferente, por se tratar de um concerto sinfônico. Ao todo, serão 57 músicos, sendo seis novos e 11 temporários.
O maestro Roberto Minczuk lembra ainda que tocar com artistas populares é uma das vocações da OSB, e que essa mistura ajuda a despertar o interesse dos jovens pelo trabalho da orquestra. Para ele, um repertório popular não é menos difícil do que interpretar os clássicos.
“Na verdade, para sair bem feito, tudo exige muita precisão e concentração, seja Stravinsky, Legião Urbana, Paralamas ou Titãs. As músicas desses artistas fazem sucesso há 30 anos porque têm qualidade. É uma linguagem diferente para nós, e um desafio”, afirma Minczuk.
Confira o setlist:
1) Medley – OSB
2)Tempo perdido – Rogério Flausino
3) Quase sem querer – Rogério Flausino
4) Quando o Sol bater na janela do teu quarto – Toni Platão
5) Índios – Pitty
6) Teatro dos vampiros – Marcelo Bonfá
7) Será – Herbert Vianna
8) Por enquanto – Dinho Ouro Preto
9) Pais e filhos – Todos