Blur vence o tédio de Lana Del Rey e triunfa no Festival Planeta Terra
Ao encerrar o evento neste sábado, a banda inglesa enfileirou hits e fez a plateia dançar e cantar como se ainda fosse um dos grupos mais quentes do momento
Por Juliana Zambelo
10 nov 2013, 08h15
Em sua primeira passagem pelo Brasil, em 1999, o Blur tocou para públicos pequenos e fez shows criticados. Quatorze anos depois, voltou para triunfar. Ao encerrar o festival Planeta Terra neste sábado, no Campo de Marte, a banda enfileirou hits e fez a plateia de quase 30 000 pessoas pular, dançar e cantar como se ainda fosse um dos gruposmais quentes do momento.
O grupo inglês entrou no palco querendo ganhar o jogo e, de cara, soltou dois de seus maiores sucessos, Girls and Boys e There’s no Other Way, ambas em versões mais pesadas que as originais, mas sem perder a levada dançante. A partir daí, estava com a plateia na mão.
Sem disco novo para divulgar, o show foi uma coletânea bem equilibrada. Entraram no set list as divertidas Country House, Coffee and TV e Beetlebum e algumas mais lentas e introspectivas, como This is a Low, To the End e The Universal. Para declamar a letra de Parklife, que é quase toda falada, a banda trouxe o ator Phil Daniels, que gravou a versão original em 1994. O bom humor do convidado alegrou banda e público na mesma medida. Já na balada Tender, o clima foi de missa com fãs cantando de olhos fechados versos como “O amor é a melhor coisa que temos”.
O vocalista Damon Albarn conservou bem a voz e oscila entre o ar arrogante típico do britpop, estilo que o Blur liderou com o Oasis na década de 1990, e uma simpatia de quem já não precisa mais fazer tipo. O guitarrista Graham Coxon continua com sua competência discreta enquanto o baixista, Alex James, pode ser eleito o homem mais mal vestido do evento com uma bermuda curta demais, meias pretas e botas marrom, camiseta velha e lenço vermelho no pescoço.
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O show de uma hora e meia terminou com a curta e explosiva Song 2, que conseguiu fazer o público cansado pular uma última vez. No meio da pista, uma funcionária da limpeza largou a vassoura e saiu rebolando.
Histeria – Poucas horas antes, o mesmo espaço havia sido usado para Lana Del Rey expor todo seu tédio. A cantora americana mostrou as faixas de seu álbum de estreia, Born to Die, para uma plateia menor, mas completamente histérica, formada principalmente por meninas vestidas como a musa. Ao entrar em cena, usando um vestido branco curto, Lana foi ovacionada como grande diva e, diante dos fãs enlouquecidos, as primeiras palavras foram de surpresa: ‘Vocês estão brincando?’, falou, espantada.
Logo após a primeira música, a cantora desceu à pista e cumprimentou fãs com apertos de mão e selinhos para devolver o carinho que recebeu. Em cima do palco, no entanto, ela é inexpressiva e desanimada. Sua voz é bonita e não decepciona, mas seu ar blasé domina a performance. Mesmo diante de seguidores tão apaixonados, Lana existe em câmera lenta, seja no vagar constante de um lado a outro do palco ou no gesto recorrente de tirar o cabelo do rosto, e não sabe como se portar ou onde colocar as mãos. Quando tenta parecer sensual, fica ainda mais artificial e desconfortável.
Born to Die, Dark Paradise, Summertime Sadness e os hits Blue Jeans e Video Games foram algumas das que mais fizeram os fãs cantar. A banda enxuta, formada por guitarra, baixo, bateria, teclado e quarteto de cordas, é bem ensaiada, mas a versão de Knockin’ on Heaven’s Door deveria ser proibida por Bob Dylan.
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Simpatia – A primeira atração internacional do palco principal do Planeta Terra foi a banda escocesa Travis. O grupo de pop melancólico tipicamente britânico não combina com o sol forte e o calor de 30 graus que teve que enfrentar, mas venceu o desconforto com muita simpatia. Sorrindo bastante, o vocalista Fran Healy lamentou ter demorado 17 anos para vir ao Brasil. Para compensar, a banda tocou faixas de todos os seus álbuns, intercalando baladas fofas, como Driftwood, Love Will Come Through, Flowers in the Window e Why Does It Always Rain on Me?, com canções mais animadas, como Selfish Jean, Turn e Blue Flashing Light. Um show bonito, melódico e acolhedor, como a banda sempre foi.
No palco menor, a grande atração foi o cantor americano Beck. Relaxado, o músico misturou estilos como rock, blues, dance music, folk e soul, falou bastante com a plateia, tocou seus sucessos e brincou com versões de Tainted Love, do grupo Soft Cell, e Billie Jean, de Michael Jackson.
O festival atraiu 27 000 pessoas e atendeu bem o público em quase todos os aspectos. Os horários foram respeitados à risca. Os banheiros, com água corrente e em número suficiente para evitar espera, foram um sucesso, mas filas se formaram nos caixas e nos bares em alguns momentos. Com os palcos montados diante de um amplo espaço com chão de cimento, não houve lama e era possível sentar com tranquilidade para recuperar as energias.
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