Mais de 15 anos após a sua fundação, em 2006, o Instituto Inhotim passa a deter, de forma definitiva, a propriedade de todas as 23 galerias e obras permanentes do museu, além da área de 140 mil hectares das dependências de Brumadinho, interior de Minas Gerais, informou a instituição à imprensa. A doação foi feita pelo fundador Bernardo Paz, que até então tinha o acervo como parte de sua coleção particular.
No total, cerca de 330 obras da coleção de Paz foram transferidas de forma definitiva para a instituição. Inclui-se aí trabalhos de nomes importantes da arte contemporânea, como Anri Sala, Arthur Jafa, Chris Burden e Ernesto Neto, além das famosas galerias de Adriana Varejão, Cildo Meireles, Tunga, entre outros. A lista reúne ainda exemplares da coleção de Paz nunca expostos no complexo. “O Inhotim nasceu de um projeto de vida e foi se ampliando ao longo dos anos. A doação é um processo natural desse percurso.” explica Paz em comunicado.
A transferência das obras acontece anos após o museu passar por maus bocados. Em 2017, Paz chegou a ser condenado por uma acusação de lavagem de dinheiro que teria acontecido entre 2007 e 2008 na Horizontes, empresa criada para administrar doações ao Inhotim. O empresário recorreu do processo, e acabou inocentado em 2020. Antes disso, em janeiro de 2019, a cidade de Brumadinho foi vítima do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, da VALE. A tragédia, que deixou 270 mortos, não atingiu as dependências do Instituto, mas o museu chegou a perder cerca de 40% de sua renda de visitação após a reabertura.
Reconhecido como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) pelo Governo de Minas Gerais em 2008, o Inhotim é uma entidade privada sem fins lucrativos, e é mantida através de doações de pessoas físicas e jurídicas, leis de incentivo à cultura, bilheteria e da realização de eventos. No início do ano, a instituição também anunciou a reformulação de seu conselho deliberativo, que agora tem Bernardo Paz como presidente e o e e o empresário Eugênio Mattar como vice, além de um grupo de outras 20 pessoas que passa a integrar a instância máxima de gestão da instituição.