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Amanhecer – Parte 1, o novelão de Stephenie Meyer

Penúltima parte da saga tem flashbacks, cenas piegas e até casamento – além, é claro, dos personagens sempre planos. Mas o longa está mais para Mutantes, da Record, do que para a clássica Vamp, da Globo

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 18 nov 2011, 11h49

Se Stephenie Meyer já mostrava talento para autora de novela nos livros que deram origem a Crepúsculo, Lua Nova e Eclipse, as três primeiras partes de sua saga vampiresca, Amanhecer – Parte 1 aprofunda essa vocação. Baseado no quarto e último volume da série – dividido em dois no cinema -, o longa que estreia nesta sexta-feira em todo o mundo, e em 1.100 salas só no Brasil, traz tudo o que um derradeiro capítulo de folhetim não pode deixar de ter. Estão lá os personagens sempre planos, os flashbacks, as cenas piegas e até uma cerimônia de casamento. Além de um suspense ao final do filme, que se justifica pelo fato de a conclusão ter duas partes – a segunda estrategicamente programada para novembro de 2012, com um hiato de um ano para garantir maior venda na bilheteria.

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É claro que a direção não ajuda muito. No caso, a de Bill Condon (Deuses e Monstros e Kinsey – Vamos Falar de Sexo), responsável também por Amanhecer – Parte 2. Embora mais feliz que os colegas dos filmes anteriores – especialmente que Catherine Hardwicke, diretora da bomba Crepúsculo, primeira da franquia -, Condon não consegue dar viço aos insossos Bella Swan (Kristen Stewart) e Edward Cullen (Robert Pattinson). Nem romper os limites do texto de Stephenie Meyer, onde tudo é certinho e engessado, onde o sexo é censurado (*spoiler: a censura acontece mesmo depois do casamento: há sexo, mas ninguém o lê ou vê) e onde os personagens só não ouvem atrás da porta porque o principal deles, o doce vampiro Edward, pode ler pensamentos.

Edward Cullen é, aliás, ilustrativo da cosmologia de Crepúsculo, saga fantástica cujo universo está claramente dividido entre bons e maus, com raras, muito raras, exceções. Edward é tão bom, mas tão bom, que, quando confessa seus pecados, eles são pelo bem da humanidade. “Tem certeza de que quer se casar comigo? Eu matei assassinos”, diz a Bella, que rapidamente faz a incrível conta. “Você salvou mais vidas do que tirou, Edward.” Tão bonzinho, mas tão bonzinho, que assume voluntariamente a posição de maior corno manso do cinema atual.

O filme começa com o casamento de Bella e Edward, condição imposta pelo vampiro politicamente correto para transformar a amada em vampira e, também, para levá-la para a cama. Jacob (Taylor Lautner), lobisomem que é por herança familiar inimigo dos vampiros e ainda, de quebra, apaixonado pela namorada de um deles, fica enfurecido ao receber o convite para a cerimônia. Aos que notaram um clima de romance entre ele e Edward na barraca onde acamparam em Eclipse: é de Bella, mesmo, que ele sente ciúme. Enraivecido, ele se transforma em lobo e sai viajando pelos Estados Unidos e pelo Canadá.

Jacob só reaparece no fim da festa do casamento, quando Edward dá mais uma prova da sua mansidão. O vampiro com superpoderes percebe a chegada do rival e interrompe a dança que faz com a noiva, levando-a para dançar com o outro. Que tem novo ataque de fúria, quando Bella lhe conta que só vai virar vampira depois da lua-de-mel. “Ele vai te matar”, diz o lobisomem, em referência à força do super-herói vampiro.

Não, ele não mata. Mas destrói o quarto em que passa a lua-de-mel na ilha que o bilionário Carlisle Cullen – cuja fortuna nunca é explicada nos filmes – deu à mulher, Esme. Carlisle, que transformou a todos do clã Cullen em vampiros, é uma espécie de pai para Edward. A ilha fica em Paraty, e é por isso que o casal passa, muito rapidamente, pelo Rio de Janeiro.

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*Spoiler: a destruição, assim como o sexo, é sub-entendida. Vê-se a pele de Bella marcada por hematomas, a cama quebrada, o quarto revirado, a caseira tucuna entrando para consertar tudo, mas não se vê o desenrolar da destruição ou do sexo.

A viagem ao Brasil tem algumas das passagens mais engraçadas do longa, em que Robert Pattinson arranha um português de gringo e a índia tucuna que trabalha como caseira para os Cullen, na ilha de Esme, o chama de demônio porque o identifica com a lenda nativa dos chupadores de sangue.

É também na ilha que Bella engravida de um feto meio gente, meio vampiro, que vai crescer assustadoramente rápido e sugar todo o seu sangue e a sua energia. A partir daí, Kristen Stewart passa uma boa hora horrorosa, esquelética e anêmica graças à maquiagem e à computação, até se transformar em vampira – isso não é spoiler, já é mais do que sabido – no final do filme, após o parto de Renesmee. Mais uma prova do talento de Stephenie Meyer para folhetins cafonas: a bebê é batizada com a união dos nomes da mãe de Bella (René) e de Edward (Esme). Ideia dela que ele, sempre manso, adora. Assim como aprova a opção de nome para o bebê caso ele seja um menino: E. J., Edward Jacob.

A transformação de Bella, no final, é radical: de raquítica e pálida, ela ressurge forte e toda produzida sobre a mesa de cirurgia em que acaba de dar a luz, com sombra sobre os olhos, batom na boca e rímel nos cílios, enquanto uma torrente de flashbacks toma a tela – uma das várias do longa. Uma transformação não apenas surreal, mas que faz lembrar que, se Amanhecer – Parte 1 parece parte de um novelão, está mais para a mal ajambrada Mutantes, da Record, do que para a clássica Vamp, da Globo.

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