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Alain Delon: Beleza sem delicadeza

O ator morreu em 18 de agosto, aos 88 anos, em Douchy-Montcorbon, na França

Por Da Redação 23 ago 2024, 06h00
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  • AQUELE OLHAR... - O ator francês: inigualável ícone sexual dos anos 1960 e 1970
    AQUELE OLHAR... - O ator francês: inigualável ícone sexual dos anos 1960 e 1970 (Sunset Boulevard/Corbis/Getty Images)

    Era inevitável que a beleza magnética de Alain Delon fosse tema de entrevistas e críticas em torno de suas atuações. Em 1990, em um programa de imensa audiência da televisão francesa, ele fez cara feia para uma pergunta e mandou ver, malcriado como sempre: “A beleza é um problema se você é bonito e burro, o que não é o meu caso. Na verdade, esse é um problema para os outros, não para mim. Minha mãe me fez como eu sou. Obrigado, mãe”. Não demorou — desde o primeiro grande sucesso no cinema, com O Sol por Testemunha, de 1960, no papel do contrafeitor Tom Ripley, criado por Patricia Highsmith — para se transformar em ícone sexual, o macho por excelência, o rosto bonito como atalho para interpretações memoráveis. Inteligente na escolha de diretores com os quais trabalharia, atuou em O Eclipse, de Michelangelo Antonioni, em 1962, Rocco e Seus Irmãos, em 1960, e O Leopardo, em 1963, ambos de Luchino Visconti. Nas décadas de 1960 e 1970, era uma das pessoas mais famosas do mundo.

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    Foi um dos raros casos de personagem global que não exigia explicações atreladas ao nome. Era Delon, e ponto. Fazia mágica nas telas, na pele de latin lovers a justiceiros, os olhos azuis a emoldurar sutilezas, e aprontava muito fora dos sets de filmagem. Nunca escondeu a proximidade com grupos de pegada mafiosa, de negócios escusos, e meteu-se em brigas com frequência, como esporte — um de seus guarda-costas foi assassinado, e a investigação, depois abafada, chegou a cenas de orgia na mansão do artista. Fazia questão de exibir a amizade com figuras do extremo político, como Jean-Marie Le Pen, criador do Front National, o partido hoje chamado de Rassemblement National, de ideias xenófobas e racistas.

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    Sem travas — quem sabe, em tola postura para reafirmar as qualidades de quem não era apenas uma face linda e inesquecível —, disparava palpites tortos e preconceituosos. Em 2015, na maior cara de pau, pressionado pelos novos e bons humores da sociedade, disparou: “Não sou contra o casamento gay, pouco me importa; as pessoas fazem o que querem. Mas sou contra a adoção por duas pessoas do mesmo sexo… Já falei que dei um tapa em uma mulher? Sim. E deveria ter acrescentado que recebi muito mais tapas do que dei. Mas nunca assediei uma mulher”. Dizia, com frequência, preferir cenas de socos e tiros diante das câmeras a cenas de amor. “Sexo eu faço em casa”, resumia.

    Nos últimos meses, porque o lugar-comum diz que a vida imita a arte, seus três filhos viviam brigando pela herança da fortuna estimada em 300 milhões de euros, construída com o cinema e campanhas de produtos de beleza. Delon morreu em 18 de agosto, aos 88 anos, em Douchy-Montcorbon, na França. “Ele era mais do que uma estrela, era um monumento francês”, resumiu o presidente da França, Emmanuel Macron.

    Publicado em VEJA de 23 de agosto de 2024, edição nº 2907

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