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A força feminina dos braceletes

Ícone histórico dos anos 1970, o acessório metálico da joalheria Tiffany renasce com uma mensagem adequada aos novos tempos de autoafirmação das mulheres

Por Mariana Rosário Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h22 - Publicado em 20 nov 2020, 06h00
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  • ELES TÊM A FORÇA - O novo modelo de Elsa Peretti (à dir.), para a Tiffany, e as versões da Chanel e Louis Vuitton (acima): empoderamento feminino - (Chanel; Louis Vuitton; Tiffany/.)

    Na aventura da humanidade, desde que começamos a nos relacionar em sociedade, os punhos são um modo de comunicação. Quando fechados, simbolizam protesto, como faziam os Panteras Negras americanos nos mercuriais anos 1960. Quando cruzados na frente do peito, ao estilo do personagem Pantera Negra interpretado por Chadwick Boseman, significam orgulho e respeito ao próximo. No aspecto estético, o antebraço enfeitado também envia sinais, que podem ser entendidos como sentimentos de autoestima ou de ostentação. Nesse cenário, ganha destaque em 2020 uma peça do vestuário que andava meio esquecida: os braceletes, as largas pulseiras costumeiramente metálicas, que retornam à moda trazendo uma mensagem de poder e força femininos.

    Bebe-se, com amplo sucesso nas redes sociais, é claro, de uma criação já cinquentenária da designer italiana Elsa Peretti, de 80 anos recém-completados, para a joalheria americana Tiffany — o bracelete Bone (do inglês, osso). Ele voltou com tudo — em coleções coloridas relançadas pela própria Tiffany, mas também em séries de outras grifes, como Chanel e Louis Vuitton. Peretti disse ter se inspirado nas visitas à Casa Milà, a obra-prima sem linhas retas de Antoni Gaudí (1852-1926) em Barcelona, e em sua infância em Roma. Em um folheto de apresentação da Tiffany, ela deu pistas dos primeiros esboços: “Visitava o cemitério de uma igreja capuchinha do século XVII com minha babá. Todos os quartos foram decorados com ossos humanos. De vez em quando eu roubava escondido um dos ossos e punha na minha bolsinha. Minha mãe mandava devolvê-­los, mas as coisas proibidas permanecem com você para sempre”. O bracelete Bone foi adquirido em meados dos anos 2000 pelo British Museum — a joia contemporânea de prata polida faz agora parte de uma coleção histórica que reúne restos de animais do neolítico, amuletos de xamãs esculpidos em dentes de chifre e um sarcófago de madeira para gato de estimação. Não pairam dúvidas, portanto, da relevância do trabalho e de seu alcance — e nem seria preciso que ornamentasse, espetacularmente, os punhos de estrelas incontornáveis como Sophia Loren e Liza Min­nel­li para brilhar luminosamente, como se irradiasse camadas e camadas de autoafirmação feminina.

    pulseira
    NÃO É COISA DE BONEQUINHA - Sophia Loren e Liza Minnelli: até nelas, luminosas, a joia transmite sinais de poder – (Fotos cortesia TIFFANY & CO./.)

    Nem um segundo é necessário para constatar que a peça (8 350 reais a unidade em prata de lei), além de bonita, é forte — não é coisa de bonequinha de luxo, para lembrar o nome em português do filme em que Audrey Hepburn se delicia diante das vitrines da Tiffany em Nova York. “O bracelete Bone e suas versões são um aceno ao empoderamento feminino desde seu nascimento, porque Elsa Peretti lançou essas peças numa época em que o setor era dominado por profissionais do sexo masculino”, diz Márcio Ito, professor de planejamento e desenvolvimento de produtos de moda na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo.

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    Para compreender a simbologia dos braceletes é preciso esticar a lupa até o Egito antigo, onde o item foi utilizado como sinal de nobreza, adornado com pedaços de vidro colorido raros. Esse status aristocrata se repetia em sociedades africanas e na civilização maia. Em alguns casos, apenas reis podiam ostentá-lo. Diz o professor de história da joalheria na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), em São Paulo, João Braga: “Por meio dos braceletes, demonstravam-se poder material e prestígio”. Prestígio travestido de autoridade e autoestima é o que Elsa Peretti deu às mulheres no apogeu da revolução sexual, uma ideia que não para de ganhar espaço.

    Publicado em VEJA de 25 de novembro de 2020, edição nº 2714

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