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Com o fenômeno Barbie, o boneco Ken passa a virar ícone de moda

Ele não é mais um mero acessório da namorada ultrafamosa

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 29 jul 2023, 08h00

A certa altura do filme, que lota as salas de cinema como antes da pandemia — e salve a alegria de ver um filme com pipoca, no escuro e sem interrupções —, uma frase define o desconsolo do personagem masculino da Barbielândia: “Ken não é descolado”. No mundo das bonecas, ele é ofuscado, um tantinho zonzo e um tantão insosso. Do lado de fora, o nosso, aqui e agora, em que Kens mandam e desmandam, têm salários mais altos, ganham prêmios Nobel e fazem do patriarcado uma regra indelével, cabe perguntar de que modo a figura masculina da Mattel poderia influenciar a moda. O estilo rosa-choque feminino que sai das prateleiras e, agora, das telas é assunto que já deu pano para manga. Mas, do poder estético de Ken, coitado, pouco se falou, e cabe iluminá-lo. Afinal, ele pode, sim, ser descolado.

Barbie, é claro, domina a cena no longa de Greta Gerwig, mas o namorado tem protagonismo inédito. Com a divertida atuação de Ryan Gosling, Ken ganhou graça e emoção, multiplicadas pelo seu estilo de vestir. Mesmo com a tendência Barbiecore tomando as passarelas e as roupas nas calçadas, com predomínio do pink, a irônica comédia e o personagem de carne e osso mostram que nem tudo é róseo.

VIDA REAL - Ecléticos fora das telas: Harry Styles (acima) e Justin Bieber, com Hailey Bieber, exibem tendência
VIDA REAL - Ecléticos fora das telas: Harry Styles (acima) e Justin Bieber, com Hailey Bieber, exibem tendência (@harrystyles/instagram; @justinbieber/Instagram)

De fato, a sociedade mudou muito desde a época em que o primeiro Ken foi lançado, em 1961, dois anos depois do lançamento de Barbie. Na ocasião, ele vestia apenas um calção vermelho e chinelos de mesmo tom. Embora a fabricante tenha contratado designers de moda para elaborar seu guarda-roupa, a criação pouco teve influência no estilo masculino — quadro bem diferente do da boneca. Ao longo dos anos, porém, Ken teve seus momentos de fama, interpretando papéis como Elvis Presley e James Bond e, quase acidentalmente, virando ícone LGBTQIA+ ao surgir com brincos e um colar associado à comunidade gay nos anos 1990. “Assim como a Barbie, Ken reflete o mundo real em suas roupas, acessórios e habilidades”, diz Hui-Ying Kerr, professora de moda da Universidade Nottingham Trent, no Reino Unido. “Ele também pode ser um marcador de tendências.” Não por acaso, o boneco se transformou, ao longo das décadas, de galã classudo ostentando smoking a gato fitness, entre outras personas.

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Com o filme, que arrebanha fãs adultos, Ken crava de vez seu impacto fashion, ao mesmo tempo que traz à tona a necessária crise da masculinidade. É retrato evidente nos trajes ecléticos que Gosling enverga na tela, mas também naqueles que estampam os Kens da vida real, caso de Justin Bieber, Harry Styles e Lewis Hamilton. Eles usam roupas ousadas, ultracoloridas e brilhantes, e as coleções compartilham desse movimento, algumas delas com a assinatura de marcas como Louis Vuitton. É nítida a ascensão do Kencore, em que as roupas masculinas abraçam a diversidade e as causas de seu tempo e das novas gerações. Ken saiu das sombras — e viva a igualdade.

Publicado em VEJA de 2 de agosto de 2023, edição nº 2852

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