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Quem é a pessoa que está ajudando jogadores a saírem do ‘armário’

Bruno Maia dirige o podcast investigativo ‘Nos Armários dos Vestiários’

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 set 2022, 10h42 - Publicado em 1 set 2022, 14h00

Assunto pouco debatido até recentemente, a presença de gays no universo do futebol tem ganhado destaque graças, em parte, ao podcast investigativo Nos Armários dos Vestiários. O primeiro entrevistado foi o ex-jogador Richarlyson, multicampeão com passagens por série A e seleção brasileira, que assume a bissexualidade. Mas também já contou com depoimentos inéditos de árbitros, torcedores e personagens do universo da bola. A produção, apresentada pela jornalista Joanna de Assis e pelo influenciador William de Lucca, tem como produtor e diretor Bruno Maia, de 40 anos. Em conversa com a coluna, Bruno fala o que o motivou a falar da inclusão da diversidade no futebol.

Qual o argumento que você usa para convencer atletas a “saírem do armário”? A série teve esse sucesso porque em nenhum momento foi criada para tirar as pessoas do armário, mas discutir a homofobia no futebol e os efeitos que isso causa. No caso do Richarlyson, no primeiro episódio, existia inclusive orientação para não perguntar a ele sobre isso, e durante a conversa ele se sentiu à vontade em falar. O mérito pela intimidade que os jogadores sentem é da Joanna de Assis, que cuidou da direção de conteúdo comigo e quem tinha essa pesquisa há mais de uma década e a confiança de quem já vinha se relacionando com eles. A minha participação começa quando crio a  empresa Feel The Match, para desenvolver conteúdos relacionados ao esporte se misturando com outras pautas das nossas vidas. O projeto tem essa cara.

Quais as principais dificuldades para um jogador em atividade se assumir gay? Tentamos deixar os jogadores responderem a isso, porque percebemos que em alguns momentos, dentro do vestiário, muitos relatam que o ambiente era melhor, com maior compreensão. Mas no universo da torcida, da mídia e do ambiente do futebol, ainda há muita cobrança. Há uma associação da orientação sexual com suposta falta de comprometimento, com clichês do esporte que foram moldados por viés extremamente machista.

Por que são tão poucos os exemplos de jogadores que se assumem gays no mundo? Ainda há um efeito econômico e cultural nisso. Cultural porque há uma confusão em misturar ao eventual fracasso com uma falta de força, como se um jogador homossexual não pudesse ser viril. Como se isso servisse para encobrir falta de performance. Tem um caso no episódio 8, intitulado “O boicote”, que fala de pessoas que sofreram boicotes ao longo dos anos por causa da questão de um treinador, campeão, mas que não consegue crescer na careira porque as pessoas entendem que ele seja gay. Há também o caso do Eliezer, jogador citado no episódio que, por ter um vídeo dançando de forma julgada não adequada ao padrão hétero, é chamado de gay, mesmo não se reconhecendo dessa forma.

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Como esse posicionamento pode ajudar os mais jovens a serem menos homofóbicos? Tudo é parte de um processo. Cumprimos um papel no nosso tempo de fazer a discussão avançar e de conseguir fazer com que algumas pessoas que nunca falavam abertamente sobre isso, falem. Isso é uma conquista, precisamos naturalizar a presença de todas as pessoas em qualquer atividade pública, como no futebol. Quando temos um árbitro da FIFA falando sobre esse assunto pela primeira vez no mundo, ou como um jogador como o Richarlyson, tricampeão brasileiro, campeão mundial pelo São Paulo, bem-sucedido, falando assumidamente sobre isso, ou o Emerson, goleiro campeão pelo Flamengo, Bahia, Juventude, também falando sobre isso… mostra que homossexuais podem ser sucedidos no futebol.

Há ideia de trazer depoimentos de atletas além do futebol? Nessa série, foi focado nos armários dos vestiários do futebol, a pauta certamente é mais ampla. É um tabu no esporte como um todo e que mereceria outras séries. Nossa intenção é transformar algumas dessas histórias em vídeo.

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