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O que Cauã Reymond fala sobre a cultura no governo Bolsonaro

Em conversa com VEJA, ator expõe os dilemas de interpretar no cinema um D. Pedro I diferente dos livros de História

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 set 2022, 15h14 - Publicado em 1 set 2022, 12h00

Esqueça aquele D. Pedro I de espada em punho gritando bravamente pela independência do país. O herói que a História oficial nos impunha é bem diferente do que Cauã Reymond quer mostrar com seu protagonista em A Viagem de Pedro, sob direção de Laís Bodanzky. O longa, que chega neste dia 1º de setembro aos cinemas do país, revela o imperador travestido de masculinidade tóxica (ao invés do mulherengo romântico de sempre) e com problemas de impotência sexual. Em conversa com a coluna, o ator diz: “Tenho orgulho dessa cena, em que eu me questionei, como D. Pedro: ‘Como é que eu vou ganhar uma guerra de pau mole?’”, diz. A seguir, o bate-papo exclusivo.

OLHAR FEMININO. “Desde o começo a ideia era não contar a história já contada do D. Pedro. Acho que por isso era importante ter um olhar feminino envolvido. Foi aí que eu convidei a Laís Bodanzky para ser a diretora. Inicialmente, a gente ia ter um épico, mas ao longo dos anos, como a produção leva tempo para ficar pronta, a gente foi chegando no recorte da história. Falamos do momento em que ele é expulso do Brasil e retorna a Portugal para reconquistar o país, num acordo com ingleses para ter acesso a mercenários e lutar contra o irmão.”

MASCULINIDADE TÓXICA. “Quando a gente olha para esse D. Pedro expulso e revê quanto a Leopoldina foi importante em várias benfeitorias, quanto Pedro causa sofrimento nas mulheres através de sua masculinidade tóxica, ao achar que elas são propriedades dele… acho que isso tudo reflete o Brasil atual. A gente não quis em nenhum momento causar empatia ou compaixão no público com o personagem.”

IMPERADOR MIRIM. “Quis retratar toda a humanidade, fragilidade, os defeitos e principalmente mostrar quanto o olhar feminino foi importante na vida dele no momento em que esteve no Brasil. O curioso é que, na escola, interpretei D. Pedro na terceira série, aos 10 anos, e eu fiz dele um grande herói! Os meninos da turma ficaram com inveja de mim.”

DRAMA FAMILIAR. “Foi um momento (de filmagens) muito delicado para mim, porque minha mãe faleceu. Foi talvez um dos momentos mais estressantes de toda a minha vida, porque entre um take e outro em Lisboa eu tinha de negociar com advogados para que ela pudesse dar entrada num bom hospital no Brasil. E eu não sabia se voltava ou terminava as gravações lá. Só quando a minha mãe falou: ‘Filho, termina o filme’, decidi ficar para acabar as gravações.”

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PAU MOLE. “D. Pedro é tão conhecido pela sua virilidade, e isso foi muito rico pra mim como ator. Teve uma cena que a diretora me permitiu improvisar, que foi a cena com o médico. Tenho orgulho dessa cena, em que eu me questionei, como D. Pedro: ‘Como é que eu vou ganhar uma guerra de pau mole?’. Laís queria retratar a impotência masculina. Isso ainda é muito tabu, ainda mais no Brasil, onde estamos lutando contra o machismo. Graças a Deus, nunca tive problema de impotência sexual!”

PLANOS PRO FERIADO. “No feriado de 7 de setembro, vou estar torcendo para que o filme seja sucesso de público, para que ele continue a ser exibido nas salas por mais semanas. Nada contra os filmes da Marvel, mas espero que nenhum esteja sendo exibido no momento.”

SOBRE O ATUAL GOVERNO. “Eu fico muito incomodado com algumas coisas que estão acontecendo com a nossa cultura, com a Ancine. Já tenho um bom currículo em produção de filmes, mas estou sempre aprendendo. São projetos que não são feitos com o intuito de ganhar dinheiro, e sim para poder fazer bons personagens, contar histórias em que acredito, trabalhar com profissionais que admiro, me desafiar.”

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Cauã Reymond em cena de A Viagem de Pedro, como o imperador Dom Pedro I // (Fabio Braga/Biônica Filmes/Divulgação)
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