Flip 2023: Os pontos positivos e negativos da edição; veja fotos e vídeos
Festa Literária de Paraty chegou ao fim neste domingo, 26
A coluna acompanhou a programação intensa da Festa Literária Internacional de Paraty, Flip, que aconteceu de quarta-feira, 22, até este domingo, 26, na cidade histórica do sul-fluminense. A seguir, os pontos positivos e negativos da edição, que marca homenagem a Patrícia Galvão, conhecida como Pagu.
Pontos positivos:
- Em alta, a poesia militante se fez presente não apenas na programação oficial, como também na paralela, marcada pelas casas de cultura espalhadas pelo centro histórico. Batalhas de slam, poesias com duração máxima de três minutos, foram acompanhas não só em rodas de debates, como também em bares e restaurantes.
- A homenagem a Pagu foi um acerto da programação, trazendo discussão sobre o papel feminino na literatura brasileira. Foi a hora e a vez das mulheres.
- A curadoria de Fernanda Bastos e Milena Britto foi em parte assertiva ao propor um maior equilíbrio entre autores nacionais e internacionais nesta edição. Ainda que sem um nome do tamanho de Annie Ernaux, prêmio Nobel da França, na edição passada.
- A presença de Itamar Vieira encerrando a Flip na manhã deste domingo, 26, foi outro ponto a se destacar. O geógrafo baiano falou sobre a presença da ancestralidade e dos saberes da cultura popular em suas produções. Antes disso, na sexta-feira, 24, uma fila quilométrica se formou para vê-lo na Casa de Cultura. Um luxo!
- A Off Flip cada vez se consolida como uma saída para quem não quer pagar caro pelos ingressos na tenda principal, a dos autores, e quer ter contato com nomes também badalos da literatura nacional.
- A volta de um show que marca a abertura da Flip, como o de Adriana Calcanhotto, traz um charme a mais nas discussões literárias que prosseguem ao longo dos dias de evento.
Pontos negativos:
- A Flip mais uma vez aconteceu na véspera do verão, deixando de lado o mês de julho, quando tradicionalmente acontecia antes da pandemia de 2020. O calor intenso nessa época do ano na cidade é um problema até para os mais acostumados ao sol. É preciso repensar essa data diante das mudanças climáticas e das ondas de calor cada vez mais intensas no país.
- A chuva forte, normal para essa época do ano, deixou a cidade quase intransitável, com muita lama e poças d’água.
- Vários debate ficaram vazios ao longo da programação. O de sexta-feira, 24, entre Marcial Gala, de Cuba, e Luiza Romão, de São Paulo, não chegou a ter nem 50% do público, apesar do tema bastante atual, sobre os impactos dos clássicos na produção contemporânea. Outra mesa que também decepcionou quanto ao público foi a de quinta-feira, 23, entre Dionne Brand, de Trinidad e Tobago, e Angélica Freitas, do Rio Grande do Sul, sobre a força do feminismo e a questão do pertencimento na poesia contemporânea. É preciso rever o que tem atraído e afastado o público.
- Esta edição foi marcada por poucos autores idosos, priorizando uma nova geração, ainda pouco badalada no cenário literário. Faz-se necessário discutir esta questão, no momento que a Flip se abre cada vez mais para grupos antes invisibilizados, como de negros, indígenas e mulheres.
- O apagão ocorrido na tarde de quinta-feira, 23, deixou a cidade às escuras. Não afetou diretamente a programação oficial, já que a tenda tinha geradores, porém bares e restaurantes tiveram o atendimento comprometido. O problema só foi resolvido na madrugada de sexta-feira, 24. Em nota, a Enel Distribuição Rio informou que “uma ocorrência na linha de distribuição causou a oscilação de energia”. Absurdo.