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Denílson comenta condenação por estupro dos amigos Dani Alves e Robinho

Em entrevista a VEJA, o ex-jogador e comentarista da Band fala de casos de racismo no futebol, Neymar e outras polêmicas

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 17 Maio 2024, 07h00

Aos 46 anos, Denílson de Oliveira carrega consigo títulos impressionantes que o colocam entre os maiores de sua geração. Pentacampeão da Copa do Mundo pela Seleção Brasileira em 2002, o ex-meio-campista, ainda hoje bastante respeitado na Europa, onde atuou no futebol espanhol, é comentarista fixo do programa Jogo Aberto, da Band, desde 2012. A habilidade com as palavras faz com que atue em outras frentes, como em palestras motivacionais – caminho natural para vários ex-atletas que se reinventaram após a aposentadoria da bola. Em conversa com a coluna GENTE, após participação como palestrante no Gramado Summit, Denílson comentou a condenação de seus amigos Daniel Alves e Robinho por estupro, a exposição pessoal de Neymar e os casos de racismo sofridos por Vini Júnior.

Qual é o tamanho do peso de ser exemplo para pessoas de diferentes gerações? Gigante. Inconscientemente, eu já tinha essa responsabilidade desde os 16. Quanto tempo não sei o que é entrar num lugar sem ser reconhecido! Pelo menos uns 30 anos. Ter a visão de ser exemplo ficou mais aflorado depois que fui pai, aí comecei a me policiar nas entrevistas, nas histórias que eu contava. Tem coisas que eu falava há dez anos que eram engraçadas e hoje já não são mais. Os filhos me despertaram o interesse de cuidar da minha narrativa, da minha postura.

Como tem acompanhado os casos de racismo no futebol, como os que envolvem Vini Junior na Espanha? A gente fala mais sobre racismo, a minha geração não falava. O atleta não tinha muito acesso ou interesse em falar em outros assuntos a não ser de futebol. E racismo no futebol sempre existiu. Mas não tão falado e combatido quanto agora. Acho que as pessoas ainda não têm medo de praticar, o racista não tem medo. Espero, não num futuro tão distante, que a gente elimine isso de vez.

Você chegou a sofrer racismo em campo? No passado, várias vezes. E não tinha repercussão por vários motivos, entre elas porque não havia redes sociais. Vini Junior está sabendo usar isso. É o cara que mais levantou essa bandeira e o que mais está sofrendo com isso. Ele está mostrando uma personalidade tão forte… No passado não teria tanta gente apoiando ele. A gente está lutando cada vez mais, falando cada vez mais.

Outros nomes do futebol bastante comentados ultimamente são os de Daniel Alves e do Robinho, condenados por estupro. Qual sua visão sobre eles? Primeiro, é uma situação gravíssima. Uma vez condenado, você precisa cumprir a pena. Robinho e Daniel Alves são dois caras que eu conheço, mas neste momento não está em consideração a amizade que tenho por eles. Eles cometeram crime. Foram condenados e eles precisam pagar como qualquer outro cidadão.

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Você conversou com algum deles após a sentença? Não, não. Não dá para se escorar ou se esconder nessa imagem de atleta, de jogador, de famoso. Isso é um exemplo de que a sociedade está atenta. Você cometeu um erro, tem que pagar. Não tem o que conversar. Não tem justificativa. Tudo que vivi com eles, de amizade, de amigos, nesse momento cai por terra.

Talvez a próxima barreira que o futebol tenha a enfrentar seja a homofobia. Por que o futebol segue tão machista? O futebol ainda é uma bolha machista, é a mais pura verdade. Não é tão escancarado quanto tem sido a luta contra o racismo, mas ainda é algo que a gente precisa quebrar e falar com mais naturalidade dentro da bolha do futebol. A sociedade já aceita de uma forma mais natural, mas dentro do futebol, ainda existe muito preconceito.

Hoje, tendo que dar opinião sobre outros jogadores na TV, já chegou a fazer inimizades? Tem uma história só, quando comecei a comentar jogos na Band. Meu último desempenho como atleta competitivo foi no Palmeiras em 2008. Ainda jogavam o Valdivia, o Kléber Gladiador, o Marcos goleiro. Parei de jogar e esses caras continuaram mais cinco, seis, oito anos. No meu primeiro ano, quando eu ia comentar jogos do Palmeiras, e os caras jogando mal para caramba, eu falava ‘não posso falar que estão jogando mal’. Sem convicção nenhuma (risos). Mas fui conversando com os jornalistas formados, de credibilidade, e encontrei o equilíbrio da narrativa que o jornalista com experiência tem.

Mas não fez inimigos? O Adriano Imperador ficou chateado comigo, porque terceiros falaram para ele que eu não ia comentar sobre ele, porque ele não estava jogando. Ele estava com uma lesão. Aí ele me ligou me esculachando no telefone, falou que ia me pegar na porrada. Ficamos meia hora no telefone discutindo, até o tom de voz baixar. Só depois conversamos como duas pessoas adultas.

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O que falta hoje para a Seleção voltar a ser respeitada no mundo? Será que não somos nós que estamos exigindo demais da Seleção Brasileira? A gente fica no saudosismo da Seleção de 94, de 2012, e não entende a característica que temos hoje de atletas. Os jogadores mudaram. E eles precisam sentir um pouco mais a Seleção. Nisso tudo, a rede social tem muita culpa. Como todo mundo fala o que quer, a crítica é pesada. O cara que recebe a crítica hoje dá uma desmotivada. A gente tinha que mudar o olhar.

O Neymar seria uma vítima disso? Eu acho que prejudica a ele essa coisa de celebridade, porque ele poderia tomar decisões diferentes. Você se torna exemplo de comportamento, tem sempre alguém te acompanhando, seguindo. Neymar também deveria ter esse discernimento. Hoje tudo que ele faz, repercute, para o bem ou para o mal. Ele faz um trabalho social maravilhoso, mas o que aflora são os erros. O engajamento hoje, das redes sociais, é a notícia ruim. É uma pena.

Você chegou a pensar em seguir carreira política, como fez Romário? Esquece! Eu no meio da política? Esquece. Recebo convite direto, em Diadema, na minha cidade. Falo: ‘gente, desculpa, não dá’. Vou entrar num ninho de cobra e ser picado. Para não viver isso, prefiro fazer as minhas ações pessoais. A política é um mundo bem contraditório, complicado.

Como lidou com o envelhecimento e o momento de deixar os gramados? Lidei muito mal, parei com a carreira muito cedo, aos 30 anos, por causa de uma lesão no joelho. Hoje a galera joga um pouquinho mais, até os 40. Tinha planejado jogar até os 35. Parei precocemente, foi terrível, uma decisão que tive que tomar da noite pro dia. Estava no meu melhor momento.

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