Para um filme se tornar o representante brasileiro no Oscar, como tenta Ainda Estou Aqui, é preciso passar por muitos processos. Primeiro, ele deve se destacar na seleção organizado pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais. O filme deve ser uma produção brasileira e não pode ter sido exibido em TV aberta, fechada ou no streaming antes de seu lançamento comercial nas salas de cinemas. Duas semanas após o encerramento das inscrições, há a primeira reunião da comissão de seleção, onde são escolhidos seis títulos que passam para a segunda fase. Uma semana depois, uma reunião final da comissão elege o título que representará o Brasil.
Primeiro longa-metragem do Globoplay escolhido para representar o Brasil na disputa por uma vaga na categoria de Melhor Filme Internacional na 97ª do Oscar, que acontece em 2025, Ainda Estou Aqui vem recebendo investimentos pesados da empresa brasileira – tanto em termos de divulgação internacional, quanto exposição em redes sociais e em demais festivais de renome. O esforço é não conter despesas para todo o planejamento de mídia. A ordem é: onde tem votantes ao Oscar é preciso ter algo de Ainda Estou Aqui.
A votação nacional para Ainda Estou Aqui foi unânime, em concordância com os muitos prêmios que o filme já recebeu. Recentemente, Fernanda Torres levou, por exemplo, o prêmio de melhor atriz internacional durante um evento do Critics Choice Awards, principal associação de críticos de cinema dos Estados Unidos, que homenageia performances latinas de destaque. É um passo e tanto rumo ao red carpet de Hollywood.
E não ficou por aí. Em meados de outubro, o longa se consagrou na categoria Audience Award – Special Presentation, após contabilizar mais de 40 mil votos em sessões destinadas a reconhecerem as histórias favoritas do público no Vancouver International Film Fest, do Canadá. No início de setembro, a história venceu a categoria de Melhor Roteiro, durante o Festival de Veneza 2024, após ser ovacionado em sua exibição.
No Brasil, desde que chegou aos cinemas, no início de novembro, conseguiu ultrapassar a impressionante marca de 1,8 milhão de espectadores e, por conseguinte, superar Central do Brasil (1998), com 1,6 milhão, como o maior público de um filme dirigido por Walter Salles. Tais marcas concretizam o esforço da produção em colocar o filme na mídia.
Fernanda Torres, como protagonista, segue com o processo de divulgação, que inclui uma série de entrevistas internacionais. Como para a revista norte-americana Vanity Fair, que a nomeou como “ícone global”. Ou ao jornal New York Times, que a apontou como uma das fortes concorrentes ao prêmio de melhor atriz no Oscar, ao lado de Nicole Kidman, Angelina Jolie, Julianne Moore e Tilda Swinton. São viagens intensas há mais de quarentas dias entre Europa e Estados Unidos parta fazer o filme ser “o” assunto.
Durante sua passagem pelos EUA, a atriz também marcou presença no Governor Awards, cerimônia que tradicionalmente reúne grandes figuras do cinema e os favoritos a uma indicação para o prêmio. Por lá, a Academia do Oscar registrou a sua presença com uma foto no perfil oficial do prêmio, que já tem mais de 2 milhões de curtidas. Tudo, claro, com uma ajudinha do público e torcida brasileiros.
“Selton, eu e Walter formamos o ‘trio ternura’ na linha de frente de uma jornada que segue entre Europa, Estados Unidos e Brasil. Nos próximos meses, nossa perspectiva é a de fazer alguns ziguezagues sobre o Atlântico e a Costa Leste-Oeste americana para acompanhar o filme em diversos festivais. Nunca vivi isso”, disse Fernanda, recentemente.
De lá para cá, o filme já rodou na Itália, Espanha, França, Londres, Estados Unidos, Canadá, Brasil e China – uma verdadeira corrida para o Oscar. Se a maratona dará certo, os próximos capítulos saem em breve. A lista final será divulgada em 17 de janeiro de 2025, e a cerimônia em 7 de março.