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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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0,25 ou 0,5?

Se o Copom de quarta decidir por um corte menor dos juros, é certo que o presidente Lula não estará sozinho no tom virulento contra Campos Neto

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 jul 2023, 16h47 - Publicado em 31 jul 2023, 10h52

Na mais importante reunião dos últimos anos, o Comitê de Política Econômica do Banco Central (Copom) inicia na quarta-feira, 2, o ciclo de corte de juros reclamado pelo presidente Lula da Silva desde a sua posse. Será ainda o primeiro Copom com a participação de dois diretores indicados por Lula e o primeiro encontro do presidente Roberto Campos Neto com o novo diretor Gabriel Galípolo, duas semanas depois das suas desavenças sobre declarações públicas.

Há divisão no comitê sobre (1) o tamanho desse primeiro corte, (2) o ritmo dos próximos e (3) o ponto final do ciclo de redução dos juros. Na sexta-feira, 55% das apostas do mercado eram de uma redução de 0,5 ponto percentual e 45%, de 0,25 p.p. O Boletim Focus desta segunda, 31, mostrou um consenso no mercado de que os juros vão cair a 12% no fim do ano – uma redução de 1,75 ponto percentual, somando as reuniões do Copom desta semana, de 20 de setembro, 1º novembro e 13 de dezembro.

Se o Copom de quarta-feira decidir por um corte de 0,25 p.p., é certo como dois e dois são quatro que o presidente Lula da Silva não estará sozinho no tom virulento dos ataques a Campos Neto. O presidente do BC perdeu a boa vontade no Senado.

A divulgação do comunicado do BC, aliás, pode atrasar. Em função do jogo do Brasil contra a Jamaica pela Copa do Mundo de futebol feminino, que começa às 7h pelo horário de Brasília, a reunião de quarta-feira deve iniciar às 11h, e não às 10h, como de costume.

Há a expectativa de que dois diretores indicados por Lula, Galípolo e Ailton Aquino, votem por um corte maior, com os diretores mais conservadores (Diogo Guillen, Fernanda Guardado e Renato Dias de Brito Gomes) indo para a outra ponta. Será interessante ver o efeito dos diretores de Lula nos textos oficiais. O comunicado de quarta-feira à noite será decisivo para modular as expectativas sobre a nova dinâmica do comitê.

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Mais relevante que o índice é o ritmo dos cortes. Os diretores mais hawkish recordam a tática usada pelo Copom de Ilan Goldfajn em 2016, que iniciou com dois cortes residuais de 0,25 p.p. para então subir a reduções sucessivas de 0,75 p.p. A taxa caiu de 14,25% em outubro de 2016 para 6,5% em maio de 2018. Outros argumentam que a situação é diferente, com o Brasil de 2023 em uma queda de atividade.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de maio caiu 2%, na comparação dessazonalizada com abril, enquanto o Monitor do PIB, da FGV, apontou retração de 3%. O saldo do Caged de junho, 157 mil empregos formais, é baixo para o mês. No primeiro semestre, o saldo foi de 1.023.540 empregos formais, o pior desempenho desde a pandemia de 2020. Há um consenso nas projeções de que o desaquecimento vai se agravar no fim ano. Algumas corretoras trabalham com crescimento zero ou perto disso no último trimestre.

Nesse cenário, a pressão sobre uma queda mais brusca da Selic será intensificada. Depois de sete meses da gestão moderada de Fernando Haddad, Campos Neto não conta com a mesma rede de proteção no Congresso do início do ano. Um sintoma foi o Ministério Público do Tribunal de Contas da União pedir investigação contra Campos Neto sobre uma declaração sua a respeito da possível contratação de uma gestora de recursos para tocar as reservas internacionais. O pedido vai dar em nada, mas indica o grau de animosidade contra o presidente do BC num órgão controlado pelo Senado.

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