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Nova Temporada

Por Fernanda Furquim
Este é um espaço dedicado às séries e minisséries produzidas para a televisão. Traz informações, comentários e curiosidades sobre produções de todas as épocas.
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Entrevista Exclusiva: Roberto Orci Fala Sobre Havaí 5-0

Roberto Orci é um produtor e roteirista de 37 anos que iniciou sua carreira na TV nas séries “Hércules”, “Xena” e “Jack of All Trades”. Entre 2001 e 2003, foi roteirista e produtor executivo de “Alias”. Este foi o primeiro trabalho de Orci com J. J. Abrams, com quem faria “Fringe” e o filme de […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 31 jul 2020, 13h49 - Publicado em 26 out 2010, 11h26

Roberto Orci é um produtor e roteirista de 37 anos que iniciou sua carreira na TV nas séries “Hércules”, “Xena” e “Jack of All Trades”. Entre 2001 e 2003, foi roteirista e produtor executivo de “Alias”.

Este foi o primeiro trabalho de Orci com J. J. Abrams, com quem faria “Fringe” e o filme de “Jornada nas Estrelas”, que introduziu um novo elenco para os personagens da série clássica. Para o cinema, também foi produtor de filmes como “A Proposta” e “Controle Absoluto”.

Nascido no México, filho de pai mexicano e mãe cubana, Roberto mudou-se com a família para os EUA quando ele tinha dez anos. Viveu no Texas antes de chegar em Los Angeles, onde conheceu Alex Kurtzman, produtor e roteirista com quem vem trabalhando desde a década de 1990.

Seu irmão, J.R. Orci, outro roteirista e produtor, trabalhou com Roberto na série “Alias” e, atualmente, estão juntos em “Fringe” e “Havaí 5-0″, série que esta semana recebeu da CBS a encomenda para a produção de uma temporada completa com 22 episódios.

Em conversa telefônica, realizada no final da semana passada, quando a equipe estava filmando o oitavo episódio da série, Orci falou sobre a produção do remake e comentou sobre a situação do novo filme de “Jornada nas Estrelas” para o cinema.

P. Como você se sente sendo um dos responsáveis por produzir o remake de um clássico como “Havaí 5-0″?

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R. Produções que deram certo antes não significam que darão certo hoje e quando ouvimos falar que um canal estava querendo fazer um remake de “Havaí 5-0″ a primeira pergunta que nos fizemos foi: “por que?”. Não era uma produção com a qual gostaríamos de nos envolver.

Mas então conhecemos Peter Lenkov, um dos produtores, que contou como costumava assistir à série original com o pai. Ela se transformou em um elo entre eles. Peter queria que a nova produção pudesse oferecer esse tipo de ligação para a nova geração. Então pensei: ‘ok, temos alguma coisa aqui!’

Durante a elaboração do projeto nos foi oferecida a chance de desenvolver personagens mesmo com a trama fechada em uma narrativa processual. Boa parte das séries policiais não oferece a chance de conhecer melhor os personagens.  Então eu e meus colegas pensamos que seria uma oportunidade de trabalhar com uma série policial que trata os personagens como uma pequena família. Por esse motivo, achamos que valeria a pena.

P. Como vocês pretendem fazer com que o remake de  “Havaí 5-0″ se torne uma série especial?

R. As histórias não ficarão restritas a pistas e evidências de um crime. Trataremos de descobrir quem são esses personagens. Logo no primeiro episódio oferecemos várias informações sobre a história dos quatro personagens.  A maioria das séries policiais leva uma ou duas temporadas para introduzir a quantidade de informações que revelamos no piloto. Metade da série são os casos que investigam, a outra metade é a diversão de ver os quatro personagens juntos.

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Também queremos que a série se diferencie dos demais dramas policiais oferecendo um visual cinematográfico, como um bom filme de ação. Sempre tentamos transformar os episódios das séries em que trabalhamos em um filme. Tanto no visual quanto na estrutura, na trilha sonora e no desenvolvimento de personagens. Queremos que o público sintonize cada semana para ver um filme e não um episódio. Achamos que essas duas coisas farão da série algo especial.

Elenco do remake de “Havaí 5-0” (Foto Divulgação)

P. Como o elenco foi escolhido?

R. No momento em que foi anunciado que o remake seria produzido, todo mundo bateu em nossa porta! Além disso, a CBS tinha uma lista de atores que eles gostariam de ver na série e nós também tínhamos uma lista! Então agendamos o maior número possível de testes que foram feitos até o último minuto.

Na verdade, Scott Caan, que interpreta Danny Williams, foi contratado no último minuto. Um dia antes de começarmos as filmagens do piloto, nós ainda não tínhamos um ator para interpretar o personagem.

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Em geral isso costuma ser algo que apavoraria qualquer um. Mas, na verdade, esse tipo de situação é muito comum! O melhor que podemos fazer é conferir os testes do maior número possível de atores disponíveis e montar o elenco que funciona melhor. Não se trata apenas de escalar um ator para cada personagem. É preciso conferir se um determinado ator se sai bem na companhia de outro ator cotado para o papel. É preciso buscar a química entre eles. É como um retrato de família, todo mundo tem que encaixar na imagem.

P. Como os personagens serão desenvolvidos em relação à trama processual?

R. Os episódios serão fechados, com uma história a cada semana. Enquanto que as histórias são individuais, o desenvolvimento dos personagens será contínuo. Então se você sintonizar a série de vez em quando, terá o caso criminal resolvido. Mas se você acompanhar todos os episódios da série, será recompensado com o desenvolvimento de personagens: como eles lidam com a situação, como se relacionam entre eles e assim por diante.

Nós não temos uma regra rígida. Então, dependendo de como a série se desenvolve, se acharmos que funciona, poderemos ter histórias com cliffhangers, que terão continuações no episódio seguinte. Mas, de um modo geral, estamos tentando manter a produção com episódios fechados para que o público não se sinta na obrigação de assistir a todos os episódios.

Por outro lado, se você assistir a todos episódios, poderá ver o desenvolvimento de personagens que outros não verão. Eles terão questões do passado que afetam o presente. É o que chamo de memória afetiva: quem eles são, o que fizeram, o que viram, as situações pelas quais já passaram.

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P. Por que transformaram o personagem Kono em uma mulher?

R. Bom, para refazer uma série como “Havaí 5-0″, que teve início em 1968, é necessário introduzir alguns elementos que justifiquem a nova produção. Seja um novo olhar ou mudanças de situações e personagens. Para nós, parecia que o elenco tinha muito homem!

A vontade era atualizar a série, fazer com que ela refletisse os tempos atuais. Um remake não se justifica se for feito a mesma coisa que o original fez. Atualmente estamos mais receptíveis a personagens femininas com uma postura forte, que consegue manter seu espaço no meio dos homens.

Mudar o sexo de um personagem foi uma forma de tornar a produção relevante para os tempos atuais. Porque atualmente estamos cercados de mulheres fortes que influenciam nossas vidas e o nosso trabalho. Me parece que em 1968 não era bem assim. Não era algo importante para aquele momento.

Na série original, Kono foi um dos personagens que menos se desenvolveu. Por isso achamos que seria uma boa oportunidade para redefinir o personagem. E já que estamos tratando os personagens como se eles formassem uma família, quatro homens não parecem formar uma família. Toda família necessita de uma mãe, ou de uma irmã ou de uma filha, tanto quanto se necessita de um irmão ou um pai.  E quando Grace Park fez o teste, vimos que tínhamos encontrado nossa Kono.

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(obs.: na série original, a atriz Sharon Farrell entrou para o elenco no último ano, interpretando a detetive Lori Wilson).

(E-D) Alex O’Loughlin, Scott Caan, Daniel Dae Kim e Grace Park (Foto Divulgação)

P. Toda a série é filmada no Havaí?

R. Todas as cenas, incluindo aquelas em que eles estão dentro de algum ambiente são feitas em Honolulu. As únicas cenas filmadas em estúdio são aquelas em que os personagens estão no escritório ou na sala de interrogatório. As demais cenas filmadas no interior de algum ambiente, são locações. As pessoas querem ver o máximo de cenário natural possível. Esta é uma das grandes atrações da série.

Na América Latina, existem muitas praias belíssimas, o que torna difícil escolher um único local. Nos Estados Unidos, eles não têm praias assim. Só o Havaí oferece esse tipo de paisagem. Então o cenário se transforma em uma atração à parte.

P. Quem da série original fará participação na nova versão?

R. Essa é uma das maneiras de ligar a série original com o remake. Temos atores de cinema e grandes nomes da TV que desejam participar de pelo menos um episódio. Provavelmente porque assim eles ganham uma viagem grátis para o Havaí!!! (risos). Mas também acho que seja porque eles eram fãs da série original e se lembram com carinho da época em que assistiam. Participar do remake poderia lhes oferecer lembranças similares.

Teremos algumas participações especiais do elenco da série original. Não dá para dizer quem porque estragaria a surpresa. Mas alguns atores ainda estão por aí, trabalhando, disponíveis e desejosos de voltar ao Havaí.

Teremos também participações semiregulares, que não serão interpretados por atores da série original.  Na primeira produção, um dos inimigos de Steve McGarret era Wo Fat, chefe da máfia local. Estamos trabalhando para que ele possa voltar à TV, podendo se tornar semiregular.

(obs.: do elenco original, apenas James MacArthur que interpretou Danny Williams ainda está vivo. Mas ao longo dos doze anos em que a série foi produzida, ocorreu troca de elenco. A maioria atuou como semiregular. Entre os atores que ainda estão vivos: William Smith, Glen Cannon, Al Harrington, Sharon Farrell, Nancy Kwan, Leslie Nielsen, Brian Tochi, entre outros)

P. Vocês pretendem adaptar algum episódio?

R. Foram 12 temporadas, então existe um vasto material disponível. No momento, queremos oferecer histórias originais. Mas tão logo tenhamos estabelecido a nova produção, definido a nossa voz e o nosso rumo, começaremos a dar uma olhada no que já foi feito, tentando descobrir o que poderia se encaixar na nova série.

A produção original tem uma abordagem diferente do remake. Ela era um drama de mistério, com personagens resolvendo casos e prendendo o bandido. Nossa série é de aventura. Essa diferença é significativa. Mas se tivermos a sorte de ficar no ar por, digamos, a metade do tempo que eles ficaram, definitivamente daremos uma olhada nos episódios originais, em especial aqueles que agradaram mais ao público, para tentar adaptá-lo para a nossa narrativa.

Transformers Prime

P. Você pode falar um pouco sobre “Transformers Prime“?

R. É uma série animada que será exibida por um canal a cabo chamado The Hub. Deve estrear por volta do Dia de Ação de Graças (obs.: estreia no dia 26 de novembro). Não sei se ela será exibida internacionalmente. O canal The Hub é o antigo Discovery Kids aqui nos EUA. Surgiu da fusão entre o Hasbro e o Discovery. É um novo canal que iniciou suas transmissões há cerca de duas semanas. Não sei se a América Latina receberá esse canal. Mas espero que o programa seja oferecido a algum canal. Esta é a minha primeira série animada e tem sido uma nova e grata experiência.

P. Como você consegue equilibrar seu trabalho como produtor e como roteirista em Hollywood?

R. Meu primeiro trabalho foi na TV. Já estou com esse veículo há 12 anos e nesse meio os roteiristas são produtores.  Por isso, nem sabia que no cinema era diferente. Para mim, essa era a forma de trabalhar. Quando você é um roteirista de TV também fica a cargo do orçamento, de contratar o elenco e os diretores. Quando fui para o cinema, pensei que seria a mesma coisa, mas não é. O produtor de cinema contrata um roteirista que tem a função de escrever o roteiro. Por isso, um roteirista que inicia carreira no cinema e depois vai para a TV não tem a mesma bagagem. Com o que aprendemos com a TV podemos assumir a produção de um filme tendo uma visão mais clara e mais ampla do que é necessário e ainda somos capazes de ajudar um roteirista contratado a resolver problemas que ele possa ter no direcionamento da história ou dar opiniões sobre aquilo que está escrevendo.

P. Você gosta de escrever para o gênero ficção científica?

R. Quando comecei a escrever, eu não achava que seria capaz de trabalhar com esse gênero. Sempre fui fã, mas não achava que seguiria nesse caminho. Mas meu primeiro trabalho na TV foi a série “Hércules” e depois “Xena, a Princesa Guerreira”. Elas não eram bem ficção cientifica, eram mais fantasia. Gostei muito de trabalhar nessa área e como existe um mercado sólido para esse gênero, continuei seguindo esse caminho. Quero fazer TV e cinema que trabalhem ideias relacionadas à ficção e fantasia, mas não desejo ficar preso a esse tema. Em Hollywood, quanto mais sucesso você conquista com o gênero ficção científica, maior liberdade você tem de se arriscar em outros gêneros.

P. Qual a situação do novo filme de “Jornada nas Estrelas?”

R. O roteiro recém começou a ser escrito. Espero que esteja indo bem. Temos que entregá-lo perto do período do natal para começarmos a filmá-lo no verão.

É meio assustador e difícil trabalhar com esse segundo filme porque queremos ter a certeza de que não estamos fazendo uma continuação só porque podemos. Queremos ter a certeza de que estamos contando uma história que valha a pena, porque é boa, não importa os motivos que a levaram a ser produzida.

“Jornada nas Estrelas” tem mais de 40 anos de história. Existe muito material para nos ajudar. Por isso, posso dizer que estamos satisfeitos com a história que estamos desenvolvendo. Esperamos que todos a apreciem tanto quanto nós.

P. O segundo filme trará o mesmo elenco?

R. Sim. Todos eles voltarão porque quando assinaram o contrato para o primeiro filme, comprometeram-se a atuar em um total de três filmes. Então, nós somos ‘donos’ deles! (risos)

P. Se você tivesse total liberdade de escolher, que tipo de história você gostaria de contar? Que tipo de série ou filme você escreveria ou produziria?

R. Adoraria fazer algo relacionado à América Latina. Poder contar as experiências que tive quando me mudei do México para os Estados Unidos. Adoraria fazer uma história sobre um latino americano, como eu, mudando-se para os EUA e a forma como conseguiu adaptar-se. O que conseguiu assimilar e o que não conseguiu. Adoro poder explorar as relações entre um latino e um americano.

Também gostaria de fazer alguma adaptação da obra de Arthur C. Clarke. Sou fã dele! Ele escreveu muitos livros, o mais famoso foi “2001”, e eu adoraria ver mais de seus livros adaptados para o cinema. Se conseguir conquistar confiança suficiente, talvez eu consiga fazer isso um dia!

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O remake de “Havaí 5-0″ é exibido todas as quartas pelo canal Liv sempre às 22h.

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