Parte razoável do apelo da popular série Bridgerton reside em seu elenco. Na primeira temporada, Phoebe Dynevor (Daphne) e Regé-Jean Page (o duque sexy Simon) rapidamente caíram nas graças do público pela patente mistura de carisma, beleza e talento – combo imprescindível para um romance que vai do açucarado ao erótico em alta velocidade. Mesma expectativa recaiu sobre Jonathan Bailey (Anthony Bridgerton) e Simone Ashley (Kate Sharma) na segunda fase da série da Netflix, produzida por Shonda Rhimes. O casal, porém, tinham um desafio a mais: convencer e seduzir os espectadores com pouquíssimas cenas íntimas. A boa química entre ambos ajudou – especialmente graças a Bailey que, entre muitos obstáculos na carreira, conseguiu se tornar, aos 33 anos, um ator notável e sem vaidades.
Alçado ao posto de sex symbol, Bailey conta que lidou com dois entraves específicos em sua carreira. O primeiro foi sua aparência, por assim dizer, normal. “Eu nunca entrei num teste e assim que me olharam, disseram: ‘é ele’. Tive que ralar”, contou o ator em entrevista. O outro obstáculo, porém, era enorme e do tipo que atinge boa parte de seus colegas. Homossexual, Bailey ouvia constantemente que deveria esconder sua orientação sexual e seu namorado para que conseguisse bons papéis.
“Uma vez, um amigo recebeu um conselho de um produtor dizendo: ‘há duas coisas que não queremos saber sobre você: se é alcoólatra ou gay”, disse Bailey. A fala o afetou. “Eu achava que para ser feliz, eu teria que ser hétero.” Enquanto ganhava relevância no teatro inglês – ele começou a atuar aos 6 anos, na Royal Shakespeare Company –, Bailey deixou de esconder sua vida pessoal. “Eu cheguei ao ponto de pensar: dane-se, prefiro segurar a mão do meu namorado em público ou entrar no Tinder do que viver preocupado de não conseguir um papel.”
Apoiado pela família, Bailey foi, então, construindo uma trajetória própria, o que o levou a ganhar em 2019 o Oliver Award, um importante prêmio da West End, por sua atuação no revival do clássico musical Company. Na ocasião, ele fez um discurso empoderado em defesa do grupo LGBTQI+. “Não somos tão diferentes. Somos ansiosos e desesperados por viver um grande amor como qualquer pessoa”.
Com o sucesso de Bridgerton, hoje o ator se une a um seleto, mas crescente, grupo de personalidades que assume papéis na ficção que não são definidos pela orientação sexual de seu intérprete na vida real. Ao ser questionado sobre a rápida ascensão como sex symbol, ele rechaça. “Algum ator acha que é um sex symbol? Que coisa cringe.”