Responsável pelo remake altamente aguardado de Vale Tudo (1988-1989), a dramaturga Manuela Dias tem sido alvo de críticas desde a publicação de entrevista concedida à Folha de S. Paulo no domingo, 13 de outubro, na qual afirmou que “falar mal do Brasil não é mais legal” e que, portanto, a vilã Odete Roitman não seria tão politicamente incorreta quanto a original. Após notar a onda de reações negativas à fala, a global compartilhou via story de Instagram um esclarecimento irônico composto pelas frases “desculpe o transtorno, estamos trabalhando para sua comodidade” e “Odete é Odete”.
A versão interpretada por Beatriz Segall ficou conhecida por sucessivos xingamentos ao país. Racista, a senhora de alta classe via o Brasil como “uma mistura de raças que não deu certo”, apoiava a pena de morte e preferia outras línguas ao português. À Folha, Dias disse acreditar que o público de hoje já esteja cansado de afirmações deste cunho. Além disso, para ela, o autor “fala através de seus personagens” e “dizer que o Brasil é uma porcaria não traz nada”. Sendo assim, o roteiro da autora pretende manter a vilania, mas priorizar a busca de “maneiras de transformação” para o país.
Na visão de Dias, a escrita original de Gilberto Braga utilizava a personagem para “extrapolar a válvula de escape de poder criticar o Brasil exacerbadamente” após o fim da Ditadura. “Hoje, provocar os mesmos efeitos não implica usar os mesmos recursos. Odete era julgada por ser sexualmente ativa aos 60. E hoje? Não estou dizendo que ela vai ser feminista, mas são diferenças”, explicou. De estilo modesto e realista, a autora é conhecida pela minissérie Justiça e pela novela Amor de Mãe. Sua Vale Tudo estreia em 31 de março de 2025, logo após o fim de Mania de Você.
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