HBO barra programa polêmico que detona Bolsonaro – eis o que há nele
Plataforma não disponibilizou episódio de talk-show do inglês John Oliver em que apresentador faz críticas contundentes ao candidato
Quem entrar na página do talk show Last Week Tonight com John Oliver, na HBO Max, verá que a nona temporada pula do episódio 22, da série Law and Order, para o 24, sobre museus. Não disponibilizado pela plataforma, o 23º episódio, exibido nos Estados Unidos no dia 25 de setembro, trata das eleições brasileiras e tece uma série se críticas ao presidente e atual candidato à reeleição Jair Bolsonaro. “Há quatro anos, nós discutimos sua primeira candidatura. Se você perdeu, aqui vai um resumo rápido: Bolsonaro é um candidato de direita, militar e populista que falou para uma colega de Congresso que não a estupraria porque ela não merece. Que disse que preferia que um filho morresse em uma acidente do que se revelasse gay e que adora fazer arminha com a mão o tempo inteiro”, dispara o apresentador.
Questionada por VEJA sobre a ausência na plataforma, a HBO Max se justificou em comunicado dizendo: “A Warner Bros. Discovery informa que optou por atrasar a inclusão na plataforma do 23º episódio de Last Week Tonight com John Oliver em que Jair Bolsonaro é mencionado e que foi exibido nos Estados Unidos, domingo (25/9), uma vez que não há episódios atuais e similares sobre os demais candidatos. Desta forma, mantemos isonomia e evitamos parcialidade até o final do período eleitoral.”
Com o humor ácido que é marca registrada da atração, Oliver mistura falas e vídeos de Bolsonaro e seus apoiadores a críticas à gestão do presidente, passando pelo avanço do desmatamento na amazônia, má gestão da pandemia e fazendo comparações com a recusa de Donald Trump em aceitar o resultados das eleições americanas. “A preocupação no Brasil parece ser que, caso Bolsonaro perca, ele não saia do cargo sem lutar e siga o exemplo de Trump encorajando seus apoiadores a fazer uma versão tropical da invasão ao capitólio”, explica. “Mas a versão de Bolsonaro do 6 de janeiro pode ser muito mais destrutiva, já que ele fez um ótimo trabalho cultivando apoio entre os militares, o que é bem preocupante quando ele diz aos seus apoiadores coisas como essa”, analisa antes de expor um vídeo de 2021 em que Bolsonaro diz que só tem três alternativas para o futuro: ser preso, morto ou vitorioso — e que a primeira delas não é uma opção.
Focando as críticas em Bolsonaro, Oliver explica que seu principal oponente no páreo é o ex-presidente Lula. “Ele era incrivelmente popular durante seu governo, mas depois foi pego em uma investigação internacional de corrupção, a operação lava-jato, e chegou a ser preso durante a última eleição, então não pode concorrer. Mas suas condenações foram anuladas e as pesquisas mostram ele liderando a corrida com uma margem de 10%”, explica ele, citando as projeções feitas antes do primeiro turno. “Bolsonaro já disse que se ele não ganhar no domingo com pelo menos 60% dos votos, algo de errado aconteceu. Então, uma das maiores democracias do mundo parece estar balançando a beira de um penhasco”, reintegra ele, alertando para os riscos de atual presidente não aceitar o resultado das urnas.
O apresentador ainda destaca o avanço da destruição da Amazônia durante o governo Bolsonaro, descrevendo o presidente como “um desastre absoluto para a amazônia, a floresta que é crítica para o Brasil e para todo o planeta terra”. Um dado apontado por ele para embasar a crítica são as emissões de carbono no ano de 2020. “Enquanto a emissão de gás do mundo caiu quase 7% por causa da pandemia, a do Brasil aumentou quase 10%”, aponta ele. A “Catástrofe definitiva”, porém, descreve Oliver, veio com a gestão da pandemia. “Desde o começo, ele se recusou a levar isso a sério, chamando de uma gripezinha, e quando as mortes explodiram, se livrou da responsabilidade das formas mais esdrúxulas possíveis”, aponta antes de exibir uma série de vídeos em que o presidente desdenha da pandemia. Como é de praxe, Oliver ainda encontra espaço para piada. “Ele não apenas abdicou a responsabilidade pela pandemia, mas tornou ela pior, atacando governadores e qualquer um que promovesse lockdowns ou distanciamento social”, diz ele, destacando o atraso na compra de vacinas.
Confira o episódio: