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Sobre Palavras Por Sérgio Rodrigues Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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‘Professor, como pronunciar o nome de minha mulher?’

“Caro professor, minha esposa tem o nome de Aldéa, grafado desta maneira; todavia, as pessoas que não a conhecem chamam-na, frequentemente, de Áldea, proparoxitonamente, enquanto os conhecidos a chamam de Aldéa (com ou sem o ‘i’ eufônico), paroxitonamente, que é a predominância da acentuação gráfica em nossa língua. Há lógica em ser chamada de Áldea? […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 04h29 - Publicado em 10 fev 2014, 13h59
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  • “Caro professor, minha esposa tem o nome de Aldéa, grafado desta maneira; todavia, as pessoas que não a conhecem chamam-na, frequentemente, de Áldea, proparoxitonamente, enquanto os conhecidos a chamam de Aldéa (com ou sem o ‘i’ eufônico), paroxitonamente, que é a predominância da acentuação gráfica em nossa língua. Há lógica em ser chamada de Áldea? Explique-me, se possível?” (José Cezar Margotto)

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    A consulta de José Cezar é curiosa: como imagino não haver em sua cabeça a menor dúvida sobre a maneira correta de pronunciar o nome de sua mulher, resta a tarefa de dar conta do erro recorrente cometido por quem não conhece Aldéa. Haverá “lógica” nesse equívoco?

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    Nomes próprios são um terreno traiçoeiro, pois no fim das contas cada pessoa tem a última palavra sobre como é conhecida. Tentativas de submeter nomes próprios aos rigores ortográficos dos sábios – com a transformação de Ayrton Senna em “Aírton Sena”, por exemplo, forma adotada pelo extinto “Jornal do Brasil” em certo momento – sempre me pareceram um desrespeito grosseiro às liberdades civis.

    Goste-se ou não do resultado de tanta criatividade ortográfica, a proliferação de ípsilons, dáblius e consoantes dobradas nos registros civis brasileiros dos últimos anos repôs a questão nos seus devidos termos.

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    No caso da pronúncia que incomoda José Cezar, parece entrar em cena, além do óbvio desrespeito ao acento agudo, um certo espírito de hipercorreção, de rebuscamento, que leva o falante a associar vocábulos proparoxítonos à elegância, e portanto à educação requerida por uma situação social em que é preciso pronunciar o nome extremamente incomum de uma pessoa desconhecida.

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    Talvez o tal falante chegue a pensar – ou não propriamente a pensar, mas de todo modo considerar num plano abaixo da consciência – que a pronúncia proparoxítona enobrece o nome enquanto a paroxítona o vulgariza, e que socialmente é melhor errar para o primeiro lado do que para o segundo.

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    O fato de Aldéa ser um nome grafado dessa forma deixa clara a pronúncia correta, mas a rigor o acento nem precisaria existir: mesmo “Aldea” tem sua pronúncia natural em português como palavra paroxítona. Deve ser dito, aliás, que abolir acentos de nomes próprios como Sergio ou Candida, algo que também se associa à elegância, tem sido nas últimas décadas uma moda poderosa.

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