Assine VEJA por R$2,00/semana
Sobre Palavras Por Sérgio Rodrigues Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
Continua após publicidade

‘Por entre’, ‘por sobre’: isso existe?

“Esta é uma dúvida que eu tenho há anos, e já encontrei quem me desse todos os tipos de resposta. Afinal, existe ou não existe em bom português a expressão ‘por entre’? Faz sentido essa dupla de preposições coladinhas ou é uma redundância típica de locutores esportivos dizer que o jogador passou a bola ‘por […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 08h40 - Publicado em 7 jun 2012, 13h48
  • Seguir materia Seguindo materia
  • “Esta é uma dúvida que eu tenho há anos, e já encontrei quem me desse todos os tipos de resposta. Afinal, existe ou não existe em bom português a expressão ‘por entre’? Faz sentido essa dupla de preposições coladinhas ou é uma redundância típica de locutores esportivos dizer que o jogador passou a bola ‘por entre as pernas’ do outro? Aposto na segunda alternativa, porque acho que basta dizer ‘entre as pernas’.” (José Carlos Lisboa)

    Publicidade

    José Carlos traz uma ótima consulta, mas erra em sua aposta. Se entendermos por “bom português” o uso que fazem da língua os autores consagrados, não há nada de condenável no emprego de duas preposições seguidas, como em “por entre” e “por sobre”.

    Publicidade

    Logo no primeiro capítulo de “Memórias póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, lemos que “a imaginação dessa senhora também voou por sobre os destroços presentes até às ribas de uma África juvenil” (o grifo é meu).

    Não se trata de dizer que Machado e os incontáveis autores que usaram tais construções liquidem a questão. No entanto, autoridades desse tipo são exatamente aquelas que costumam ser invocadas por quem só consegue compreender a língua em termos de certo e errado.

    Publicidade

    Será que se trata, então, de uma redundância aceita pela norma culta, como a da negação dupla (“não vejo ninguém”) que tanto revolta os que tentam submeter a língua aos rigores da lógica matemática, esquecendo que ela tem sua própria lógica?

    Continua após a publicidade

    Não seria absurdo interpretar dessa forma o “por entre”. No entanto, gosto bem mais da leitura do gramático Domingos Paschoal Cegalla, que nega haver redundância nesse encontro de preposições, lembrando que cada uma desempenha um papel: “por” indica movimento e “sobre” ou “entre”, uma posição.

    Publicidade

    *

    Envie sua dúvida sobre palavra, expressão, dito popular, gramática etc. Toda quinta-feira o colunista responde ao leitor na seção Consultório. E-mail: sobrepalavras@todoprosa.com.br

    Publicidade

     

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.