O estupro da dignidade parlamentar
Estuprador da dignidade parlamentar, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) roubou a cena esta semana ao dizer da tribuna, terça-feira, que “não estuprava” a colega Maria do Rosário (PT-RS) porque ela “não merece” (leia mais aqui). A palavra estupro é oriunda do latim stuprum – forma nominal do verbo stuprare, “forçar, desonrar, deflorar” –, que […]
Estuprador da dignidade parlamentar, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) roubou a cena esta semana ao dizer da tribuna, terça-feira, que “não estuprava” a colega Maria do Rosário (PT-RS) porque ela “não merece” (leia mais aqui).
A palavra estupro é oriunda do latim stuprum – forma nominal do verbo stuprare, “forçar, desonrar, deflorar” –, que já na origem costumava ganhar também aplicações figuradas, como a que tem no parágrafo acima.
O clássico dicionário Saraiva de latim-português registra o uso de stuprum com o sentido genérico de afronta ou infâmia – exatamente o que é mobilizado quando se chama Bolsonaro, cuja cassação está sendo pedida por quatro partidos e seria inevitável em países de cultura política menos selvagem, de “estuprador da dignidade parlamentar”.
Também houve autores latinos, segundo a mesma fonte, que usaram a palavra como sinônimo de outros tipos de “comércio carnal ilegítimo”, como o adultério e o incesto.
O estupro é um crime odioso que dá sinais de estar em alta na sociedade brasileira. Segundo dados do Anuário de Segurança Pública, o país teve 50.617 casos registrados em 2012, um crescimento de mais de 18% em relação ao ano anterior. Estudos sugerem que o número real, encoberto pela não-notificação, pode ser dez vezes maior.
Segundo informação divulgada este ano pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mais de metade do eleitorado brasileiro (52,13%) é composto por mulheres.