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Sobre Palavras Por Sérgio Rodrigues Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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Milícia, a arte da guerra – e do crime

A palavra milícia, posta em evidência pelo assassinato da juíza Patrícia Acioli, brotou da mesma fonte que nos deu militar e militante. Uma fonte belicosa, sem dúvida, mas a princípio respeitável: o grupo inteiro saiu da raiz latina miles, militis, “soldado”. Militia era serviço militar, campanha de guerra. Era esse seu único sentido quando chegou […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 11h02 - Publicado em 20 ago 2011, 10h00
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  • A palavra milícia, posta em evidência pelo assassinato da juíza Patrícia Acioli, brotou da mesma fonte que nos deu militar e militante. Uma fonte belicosa, sem dúvida, mas a princípio respeitável: o grupo inteiro saiu da raiz latina miles, militis, “soldado”. Militia era serviço militar, campanha de guerra.

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    Era esse seu único sentido quando chegou ao português, no século 14. Foi no francês do século 17 que apareceu pela primeira vez uma distinção entre ela e as atividades do exército propriamente dito, com a acepção de “tropa de cidadãos comuns recrutados para reforçar as forças regulares em caso de necessidade”. A milice francesa ainda habitava a legalidade, embora em posição socialmente inferior.

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    Tal sentido se espalhou. O grande Rafael Bluteau, dicionarista pioneiro da língua portuguesa, dizia o seguinte sobre a palavra no início do século 18: “Gente miliciana é a gente bisonha, e soldados de ordenança, em que entram sapateiros, alfaiates e outros oficiais mecânicos”. Bisonho (do italiano bisogno) é no caso recruta, soldado inexperiente.

    Milícia nunca deixou de ter também esse sentido legalista, ainda que bisonho, mas, como se sabe, sua acepção do momento no Brasil é bem diferente e precisa: “grupo de policiais ou ex-policiais dedicados à atividade criminosa de vender segurança em áreas abandonadas pelo Estado”. De todo modo, não é de hoje que a palavra vem perdendo sua boa reputação: as milícias fascistas fundadas em 1922 pelo futuro ditador italiano Benito Mussolini abriram caminho para todo tipo de infâmia.

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