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Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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Memórias da Segunda Guerra: o pracinha e a lurdinha

“Caro Sérgio, duas curiosidades sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial: por que os soldados integrantes da FEB eram denominados ‘pracinhas’ e por que apelidaram metralhadora de ‘lurdinha’? Obrigada.” (Belinda Santos) A primeira dúvida de Belinda tem resposta cristalina. A segunda, embora não seja completamente obscura, avança pelo terreno da lenda. “Pracinha” é […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 01h25 - Publicado em 12 Maio 2015, 13h23

Frankreich, MG-Schütze

“Caro Sérgio, duas curiosidades sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial: por que os soldados integrantes da FEB eram denominados ‘pracinhas’ e por que apelidaram metralhadora de ‘lurdinha’? Obrigada.” (Belinda Santos)

A primeira dúvida de Belinda tem resposta cristalina. A segunda, embora não seja completamente obscura, avança pelo terreno da lenda.

“Pracinha” é um diminutivo carinhoso – cívico, mas carinhoso – de “praça” na acepção já bastante antiga de “soldado”, isto é, “qualquer militar não graduado ou sem posto”, nas palavras do Houaiss. (No Brasil, pode significar também soldado de polícia, o que não vem ao caso aqui.)

Tal sentido de “praça”, por sua vez, nasceu por metonímia da expressão “praça de armas”, local onde as tropas se agrupam – seja para exercício ou revista, seja como concentração anterior a uma manobra ofensiva. Os oficiais não se perfilam na praça de armas; os praças, sim.

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Tem a mesma origem a locução “sentar (ou assentar) praça”, que significa “alistar-se no exército”.

Quanto à “lurdinha”… Bem, a explicação do apelido que os pracinhas deram a princípio à temida metralhadora alemã MG42 (forma reduzida de Maschinengewehr 42, na foto acima levada por um soldado alemão), e que mais tarde foi aplicado também a outras metralhadoras, costuma ter duas versões.

Numa delas, um anônimo soldado brasileiro teria comentado que o veloz ritmo de tiro da arma inimiga lembrava a fala de sua ciumenta namorada. Na outra, Lurdinha seria uma costureira, e o barulho feito por sua máquina de costura é que teria sido invocado como comparação. Há quem prefira fundir as duas histórias: Lurdinha seria namorada e costureira.

Nenhuma dessas teses traz consigo, que eu saiba, prova documental ou depoimento em primeira mão. O que, sendo compreensível nas circunstâncias, é também uma pena, por condenar a lurdinha a uma indefinição etimológica que não combina com seu estilo agressivo.

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