‘Essa Sopa vai acabar?’
Superando favoritas como estupro, naufrágio e Canadá, a Palavra da Semana saiu dos vitoriosos protestos que rolaram no mundo digital na quarta-feira, com o protagonismo da Wikipedia e a participação especial de Mark Zuckerberg, do Facebook, numa nota em seu perfil na própria rede social. Os protestos tinham como alvo um inimigo chamado Sopa, que […]
Superando favoritas como estupro, naufrágio e Canadá, a Palavra da Semana saiu dos vitoriosos protestos que rolaram no mundo digital na quarta-feira, com o protagonismo da Wikipedia e a participação especial de Mark Zuckerberg, do Facebook, numa nota em seu perfil na própria rede social. Os protestos tinham como alvo um inimigo chamado Sopa, que ontem acusou o golpe e, cambaleando, recuou alguns passos.
O Stop Online Piracy Act (SOPA, ou simplesmente Sopa) é um projeto de lei que estava em tramitação na Câmara dos Deputados dos EUA e que, se aprovado, imporia severas restrições à liberdade de expressão na internet. Diante da gritaria, seu proponente retirou-o para reavaliação. Outro projeto semelhante, conhecido como Pipa, ainda corre no Senado, mas teve sua votação adiada.
O objetivo dos dois projetos de lei é dizer aos “piratas”, categoria vaga que abrange do profissional do crime ao internauta comum: “Essa sopa vai acabar!”. Sopa, no caso, é a copiação desenfreada, o compartilhamento universal, a pirataria desabrida. Muita gente assina embaixo da intenção moralizadora – nem todos: Paulo Coelho protestou contra o Sopa apregoando memoravelmente em seu blog: “Piratas do mundo, uni-vos e pirateai tudo o que escrevi na vida!” Contudo, se o mundo digital precisa ou não de remédio, o que parece ter ficado claro é que a dose do remédio proposta pelo Sopa poderia aleijar a internet.
Sinônimo de alimento genérico por metonímia e de ajuda ou proteção por metáfora, nossa boa e nutritiva sopa, que em última análise vem do germânico suppa, “pão empapado em caldo”, não merecia uma xará como essa.