O que fazer com Jair Bolsonaro?
O comitê já fracassou e Bolsonaro vai continuar sendo quem é: o que farão Lira e Pacheco a respeito?
Bolsonaro anunciou a criação de um comitê anti-Covid.
O comitê fracassou já em sua primeira reunião.
Bolsonaro vetou a presença dos governadores de quem não gosta, fez propaganda de “tratamento precoce”, insistiu em se colocar contra o isolamento social. “De onde menos se espera, daí mesmo é que não sai nada”, explicaria o Barão de Itararé aos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco.
A frustração de Lira se revelou em um duro discurso, com clara ameaça de impeachment se o presidente não mudar de atitude e não parar de fazer besteira. Se Bolsonaro entendesse a situação em que está, pararia de falar contra o isolamento e a favor de em “tratamento precoce”.
Já Pacheco, que tem na gaveta um pedido de CPI da Saúde pronto para ser aprovado, foi desrespeitado pelo assessor presidencial Filipe Martins, que fez um gesto que tanto pode ser obsceno como um símbolo da supremacia branca. A provocação enfureceu os senadores. Se Bolsonaro entendesse a situação em que está, teria demitido Martins imediatamente.
Mas Bolsonaro não entende a situação em que está. Bolsonaro não ouve, não entende, não pensa, não aprende… e não muda. O próprio Mandetta explicou, logo após ser demitido. “Você vai lá de manhã, conversa, explica, ele entende, concorda. Quando chega de tarde, ele dá uma declaração dizendo tudo ao contrário do que combinou”.
Nas próximas semanas, tudo seguirá como antes: o número de mortes crescerá explosivamente, a vacinação prosseguirá lentamente, e Bolsonaro continuará sendo exatamente quem sempre foi.
Lira e Pacheco precisam decidir se farão algo de concreto a respeito ou se vão ficar nas ameaças e nos enfurecimentos enquanto os corpos se empilham.