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O preço do tiro no pé de Lula

Por que o presidente brasileiro vai continuar se metendo em trapalhadas desnecessárias e de alto custo

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 fev 2024, 13h31

Comparar Gaza ao Holocausto, afora a extrema grosseria com milhões de judeus, foi um dos maiores erros políticos da carreira de Lula.

Até domingo, Benjamin Netanyahu dividia com Vladimir Putin o primeiro lugar no ranking dos vilões da humanidade. Graças a Lula, o premier israelense saiu da defensiva, subiu no pedestal da virtude e tornou-se porta-voz da indignação dos judeus e do mundo inteiro.

Era uma oportunidade imperdível e o premier israelense não a perdeu. Mandou às favas o protocolo, o profissionalismo e a mais simples civilidade, e obrigou o embaixador brasileiro, Fred Meyer, a ouvir uma descompostura em hebraico, em público, gravada e disseminada pelos meios de comunicação (episódio classificado como “inédito” por um embaixador). Declarou Lula persona non grata. E exigiu desculpas.

Netanyuahu deu um xeque-mate em Lula. Chamar embaixador de volta é um gesto visto como de hostilidade, mas, diante do ocorrido, como não deixar Meyer em Israel? E como pedir desculpas? Lula está de mãos atadas, só o que pode fazer é ficar calado, não fazer mais marola e torcer para o premier israelense não escalar ainda mais a crise. É improvável que o faça — mas, sendo quem é, tudo é possível.

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O tiro de canhão que Lula deu no próprio pé ainda terá muitas repercussões. O presidente brasileiro ficou proibido de criticar o massacre que Israel está promovendo em Gaza — se o fizer, vão lembrar que Lula é o chefe de Estado que comparou os judeus a Hitler. Sua pretensão de ser um articulador da paz está enterrada definitivamente. A chance de conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança virou fumaça. Sua posição se deteriorou para falar até sobre aquecimento global.

O preço no front doméstico também será alto. Lula, que já tinha perdido o voto dos liberais, agora perdeu o voto dos judeus e de quem lhes é próximo. Ficou muito mais difícil defender Lula, e quem ainda tem ânimo de fazê-lo ouvirá impropérios a cada vez que tentar.

No Congresso, o apoio se tornou ainda mais escasso, já tem até pedido de impeachment rolando. Vai se tornar mais difícil aprovar leis e a boa vontade de Arthur Lira e do Centrão se tornará (ainda) mais cara.

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Na mídia e nas redes sociais, o espaço para qualquer coisa positiva que o governo esteja fazendo evaporou: o único assunto existente é o faux pas de Lula. Mesmo depois que passe, o assunto voltará a cada vez que Lula cometer mais uma fanfarronice, a cada vez que se meter em mais uma trapalhada.

E, sem um único auxiliar ou amigo que ouse contrariá-lo, tendo Janja com única conselheira, a chance de Lula se meter em novas trapalhadas é 100%.

(Por Ricardo Rangel em 20/02/2024)

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