Assine VEJA por R$2,00/semana
ReVEJA Por Blog Vale a pena ler de novo o que saiu nas páginas de VEJA em quase cinco décadas de história
Continua após publicidade

Antes de Aécio, políticos tramaram pizza por Sarney e Renan

Em edições de 2007 e 2009, VEJA revelou os bastidores das tramoias que seguraram dois dos políticos mais tradicionais e processados do país

Por Da redação
Atualizado em 30 jul 2020, 20h42 - Publicado em 19 out 2017, 23h13
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A sensação de impunidade no país chegou ao ápice com a votação desta semana no Senado Federal que salvou o mandato do tucano mineiro Aécio Neves, mas se engana quem acha que a prática do Congresso Nacional de livrar seus parlamentares vem de hoje. Há mais de 10 anos, a edição 2.026, de 19 de setembro de 2007, trazia na capa a palavra VERGONHA em letras garrafais e explicava “como o Senado enterrou a ética e salvou Renan Calheiros” na ocasião.

    Publicidade

    Mudando os personagens da reportagem de 2007, o enredo lembra o que acaba de acontecer no Congresso, em favor de Aécio: ‘Com acordos às escondidas, ameaças, chantagens e protegido pelo anonimato, um grupo de 46 senadores desferiu na semana passada um golpe letal contra a credibilidade do Senado Federal e dos políticos em geral. Ao absolverem o senador Renan Calheiros da acusação de quebra do decoro parlamentar, os 46 senadores (os quarenta que votaram contra a cassação e os seis que se abstiveram) autorizaram um novo padrão de conduto para os nobres do Parlamento brasileiro — o pode-tudo. De agora em diante, estabeleceu-se o consenso entre a maioria de que não existe nada de mais no fato de um parlamentar, como Renan Calheiros, usar um lobista para pagar despesas pessoas. Não é da conta de ninguém tentar saber de que forma um senador, como Renan Calheiros, conseguiu fazer fortuna na política.”

    Publicidade

    O texto detalhava toda a tramoia por trás da salvação de Renan, que começou no gabinete do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma reunião, duas semanas antes, com a líder do governo no Congresso, a senadora, também do PMDB, Roseana Sarney. “A pior coisa que pode acontecer ao governo é ter o Renan como inimigo”,  advertiu a alagoana. Na estratégia de montagem da pizza, entraria logo depois o senador José Sarney, responsável por convencer Renan a se afastar temporariamente do cargo após a votação  em troca do apoio do PT e do governo.

    “Com o PT no bolso, bastaram algumas operações laterais para sacramentar a vitória de Calheiros. Sabe-se que Renan e seus aliados conseguiram buscar votos na oposição, à custa de chantagem, cobrança ou promessas de favores. Senadores que se diziam indecisos ficaram pacto de sangue com Renan no privado.”

    Publicidade

    E prosseguia a reportagem detalhando mais uma vergonhosa página da política nacional. “No plenário, o peemedebista Wellington Salgado avisava: “Tá rolando grana, tá rolando muito argumento.” Renan foi absolvido graças principalmente ao “triste papel do PT”, título da reportagem na mesma edição que contava a atuação decisiva do partido. “De campeões da ética, os petistas se imolam na defesa de Renan, um fóssil da era Collor.”

    Continua após a publicidade

    Publicidade
    Edição 2.021 de VEJA mostrou inúmeros casos de criminosos impunes no país (reprodução/VEJA.com)

    Os mesmo personagens, Renan, Sarney e PT, estavam em outro capítulo terrível do Congresso. Quase dois anos depois, em 28 de agosto de 2009 na edição 2.127, VEJA contava a ardilosa operação para salvar Sarney em troca de apoio do PMDB à futura candidata pelo PT, Dilma Rousseff.

    Sarney era o presidente do Senado em 2009 e, na base do uma mão lava a outra, contou com a ajuda decisiva de Renan Calheiros para se safar das inúmeras acusações que pesavam contra ele, de irregularidades de operações de crédito consignado a servidores da Casa, feitas pela empresa de seu neto José Adriano Cordeiro Sarney a uma mansão de R$ 4 milhões em Brasília não declarada à Justiça Eleitoral, entre diversas outras denúncias. 

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Renan foi ao presidente da República Lula e o pôs contra a parede em troca do apoio a Dilma, no ano seguinte. “No fim de semana, Lula resolveu cuidar pessoalmente do trabalho de alinhamento dos senadores petistas, escalando uma tropa de choque para convencê-los da importância da missão. E  que tropa. José Dirceu, o “capitão” do time de Lula que hoje é réu sob a acusação de chefiar a quadrilha do mensalão, naquele tom que lhe é característico conforme o nível de servilismo ou resistência do interlocutor, falou aos colegas sobre a necessidade de salvar Sarney. (…) Seu principal adversário dentro do PT, o ministro Tarso Genro, da Justiça, também ajudou na operação – usando a ameaça como argumento.”

    (Reprodução/Youtube)

    A dança da pizza

    Publicidade

    Em capa dedicada à impunidade no país, em agosto de 2007, o texto principal da edição 2.021 de VEJA  mostrou inúmeros casos de criminosos impunes no país, do jornalista Pimenta Neves a políticos como Paulo Maluf e Fernando Collor de Mello, e trouxe, para fechar a revista com chave de ouro, um dos maiores escárnios aos eleitores brasileiros já vistos no Congresso Nacional: a dança da pizza, protagonizada em 2006 pela deputada Ângela Guadagnin (PT-SP)  em comemoração à absolvição do colega João Magno das acusações de corrupção. Leia a reportagem na íntegra clicando aqui.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.