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Reinaldo Azevedo Por Blog Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Vês? Ninguém assiste à breguice de tua última quimera! Ou: eu gosto de patrulhar o Jabor porque ele fica bravo!

Viram só? Fiz um plágio de Augusto dos Anjos, hehe… A imagem acima está na primeira página de hoje da Folha de Londrina. Mostra um cinema gigantesco — que eu saiba, não existem mais salas assim em São Paulo — ocupado por meia-dúzia de pessoas de boa vontade. Nome do filme: “Lula, O Filho do […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 16h04 - Publicado em 19 jan 2010, 20h23
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    Viram só? Fiz um plágio de Augusto dos Anjos, hehe…

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    A imagem acima está na primeira página de hoje da Folha de Londrina. Mostra um cinema gigantesco — que eu saiba, não existem mais salas assim em São Paulo — ocupado por meia-dúzia de pessoas de boa vontade. Nome do filme: “Lula, O Filho do Brasil“. Coloque uma banca da rua e prometa injeção no olho de graça. Vai juntar mais gente.

    Foi posta a serviço desse filme a mais gigantesca máquina de propaganda jamais havida no Brasil. E nada consegue tirá-lo do buraco. Eu ainda não vi. Mas estou quase lá. Depois eu conto como é que é e tento explicar as razões da flopada.

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    Mandam-me aqui o link do comentário de Arnaldo Jabor na CBN rasgando elogios ao filme. Huuummm… Juro que farei uma avaliação técnica também. Mas não preciso ver a fita para saber que a crônica de Jabor está equivocada. Ele começa elogiando o produtor Luiz Carlos Barreto. Sem Barretão, diz o cinema brasileiro já teria virado pó há muito tempo. Jura, Jabor? Pois é. Então ele já merecia ser criticado por isso, hehe.

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    A crítica de Jabor é corporativa e faz uma coisa que detesto: ele evoca a sua autoridade de avaliador isento — já que comprometidos e ideológicos são os outros, claro!, aqueles que discordam dele. Pode haver simplismo argumentativo mais facinho? E o que prova a sua independência? Ele se diz um crítico freqüente do governo Lula, e isso tornaria o seu juízo sobre o filme acima das suspeitas que pesam sobre aqueles que não gostaram da obra. Ok. Não se deve cobrar lógica de Jabor.

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    Na seqüência, recorre a um outro vício de pensamento típico do século passado: ataca a esquerda bolchevista e a direita reacionária e procura sair por cima. Trata-se de um dos mais manjados truques do debate: chame aqueles que discordam de você de “extremistas” e ocupe o centro, o lugar do bom senso. Covenham: isso dá uma preguiiiça!!!

    Na ânsia de elogiar, Jabor chega a dizer que Glória Pires é uma das nossas mais destacadas atrizes de TV, cinema e teatro. A moça nunca pisou num palco. É conhecida a sua firme determinação de… não fazer teatro. Segundo Jabor, a pirataria estaria prejudicando o filme. É mentira! Uma mentira de fato e uma mentira conceitual. Mentira de fato: nem os camelôs se interessaram pelo dito-cujo porque não há demanda. Jabor precisa botar o pé na rua.  Mentira conceitual: pirataria, por incrível que pareça, prejudica pouco o desempenho de filmes que caem no gosto do público. O filme mais pirateado da história do cinema nacional é Tropa de Elite. Foi um estouro de bilheteria. Intuo que a pirataria alavancou os cinemas. É dos poucos filmes que me fariam lamentar se o cinema brasileiro tivesse virado pó. Avatar já inundou as cidades. Fui ver no sábado (depois falo a respeito). O cinema estava fervendo.

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    Barretão já tentou de tudo: sindicatos, centrais sindicais, distribuição gratuita de ingressos, anúncios da TV exaltando Lula, anúncios da TV com Glória Pires exaltando Dona Lindu, merchandising em novela… Agora, há o testemunho de profissionais do ramo, como Jabor, que tem a “autoridade” de ser crítico do governo Lula. Esgotadas as chances de fazer a coisa dar certo com os puxa-sacos de hábito, o negócio é apelar a quem tem fama, que sempre achei injustificada, de opositor.

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    Sobre o fato de o filme ter sido concebido como peça de propaganda eleitoral, com a coordenação comprovada do ministro de Comunicação Social, Franklin Martins, e o financiamento de empresas com interesses no governo, Jabor não diz uma vírgula. Aliás, diz, sim: acha que a referência às empresas que bancaram a obra é sinal de atraso mental ou sei lá o quê. Seria, sim, se a grana para os cineastas, sem a Lei Rouanet, brotasse fácil. Mas não brota. Que eu saiba, o próprio Jabor decidiu voltar a filmar. Está nadando na bufunfa, como Barretão?

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    ATENÇÃO!
    Jabor pode gostar do filme à vontade. Não é proibido. Mas tem de dizer por quê, além daquela cascata de que os atores, a iluminação, o figurino etc são bons. Há verdadeiras porcarias que exibem excelente técnica. Sem essa! Escreva aí, Jabor: por que o filme é bom?

    Esse negócio de desqualificar os críticos de “esquerda e de direita”, transformando, então, o suposto centro num juízo certo de nascença é picaretagem argumentativa. Reivindicar o centro não dá razão a ninguém.

    Aquela sessão de Londrina é do último domingo à tarde, um bom horário para os cinemas, no Cine Com Tour.

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    Ah, sim: eu gosto de patrulhar o Jabor porque sei que ele fica bravo, rá, rá, rá.

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