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Tarso, um ministro de mão cheia, já antecipa resultado de CPI que nem existe

Leiam o que vai no Estadão, por Denise Madueño. Volto depois:O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria ser elogiado pelo uso dos cartões corporativos, alvo de denúncias que já levaram à demissão da ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro. Tarso afirmou que a investigação dos […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 19h52 - Publicado em 10 fev 2008, 06h39
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  • Leiam o que vai no Estadão, por Denise Madueño. Volto depois:
    O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria ser elogiado pelo uso dos cartões corporativos, alvo de denúncias que já levaram à demissão da ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro. Tarso afirmou que a investigação dos gastos dos cartões deve ser comparativa entre a gestão Lula e a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), quando o sistema foi implantado.
    “A transparência (nos gastos dos cartões) foi inaugurada pelo governo Lula. E o governo Lula deveria estar sendo elogiado”, afirmou o ministro. “Vamos investigar os cartões, os últimos dez anos, e vamos ver quem tem mais transparência e mais cuidado com o recurso público e quem mais combateu a corrupção. Vai dar o governo Lula na ponta”, disse, ao chegar à sede do PT, em Brasília, para a posse do novo diretório e a eleição da Executiva Nacional.
    O ministro classificou de “artificial” a crise gerada pelas denúncias de uso irregular dos cartões e acusou a oposição de explorar o tema porque está sem propostas para o País. “A oposição fraudou todas as suas expectativas e agora quer criar uma crise artificial com os cartões”, afirmou.

    Comento
    Tarso é mesmo raro, único até. O petista que pregou a renúncia do presidente e a convocação de eleições quando FHC estava no 19º dia de seu segundo mandato costuma identificar golpismos alheios. O homem realmente vê coisas estranhas. Já viu, por exemplo, o humanismo de um facínora no livro Lênin, Coração e Mente. Mente, vá lá, o assassino tinha, ainda que em permanente delírio demencial. Mas coração? Tarso viu.

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    Alô, oposições! Considerem se não é o caso de fugir da armadilha da CPI. Já comentei aqui que, em mãos de petistas, a comissão se transformou numa lavanderia de reputações — ou em mero achincalhamento de adversários. Vejam aí: Tarso já tem o resultado da CPI que nem existe. Fosse ele um desses pistoleiros rasos do petralhismo, vá lá. Mas este senhor é ministro da Justiça.

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    Sempre achei que ele é melhor como poeta do que como ministro. Sei que o amigo Nelson Ascher vai compreender. Como já lembrou Jerônimo Teixeira na VEJA, Tarso é mesmo um poeta “de mão cheia”. Reparem no lirismo liqueficável destes versos:

    “Quanto te esperei e quanto sêmen
    inútil derramei até o momento”

    Mas não é só esse Tarso cheio de amor pra dar que enriqueceu a língua. Também temos notas, assim, plenas daquele lirismo cotidiano, que deixaria Adélia Prado em estado de choque:

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    “A vovó Cacilda parecia uma patinha
    e a vovó Julica elétrica e risonha
    conversava com lagartos”

    Não sei. Não creio que alguém antes tenha associado a própria avó a uma pata. Um pequeno passo para o verso, mas um grande salto para a psiquiatria.

    E Tarso também sabe dispensar adjetivos e firulas para produzir o verso seco, à moda João Cabral, cortante mesmo:
    “Em Cuba planta-se cana”

    Por que isso tudo? Exijo a volta de Tarso Genro à poesia. Seus versos ainda são melhores do que seu senso de justiça.

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