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Serra há 50 anos, na Rádio Nacional, convocando a resistência ao golpe. Ouça

Pois é… Alguns vigaristas que decidiram ser donos da história inventaram um José Serra “de direita” que nunca existiu — atribuindo, claro, a essa designação uma carga negativa. Como todo mundo sabe, sempre votei nele — mas não por seu passado de esquerda (e, em muitos aspectos, também o seu presente). Votei e votarei a […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 04h10 - Publicado em 27 mar 2014, 19h06
Serra, então presidente da UNE, reunido com João Goular

Serra, então presidente da UNE, reunido com João Goulart

Pois é… Alguns vigaristas que decidiram ser donos da história inventaram um José Serra “de direita” que nunca existiu — atribuindo, claro, a essa designação uma carga negativa. Como todo mundo sabe, sempre votei nele — mas não por seu passado de esquerda (e, em muitos aspectos, também o seu presente). Votei e votarei a quantos cargos se candidatar porque o considero competente e alinhado com alguns valores para mim essenciais na vida pública, ainda que não rezemos pela mesma cartilha. Eu me considero um liberal-conservador, coisa que ele não é.

Abaixo, há duas gravações da madrugada do dia 31 de março para 1º de abril de 1964, quando o golpe militar realmente aconteceu. Serra era presidente da UNE e concede uma entrevista à Rádio Nacional. A rotação da fala está um tanto alterada, e muitos não reconhecerão a sua voz. É ele.

Alguns “esquerdistas” do toddynho e do sucrilho que ficam pendurados nas redes sociais difamando reputações a serviço da Al Qaeda Eletrônica poderiam aprender um pouquinho do que é coragem — que considero um valor em si, independentemente da causa, assim como a covardia é uma mácula em si. Alguns palhaços autointitulados “blogueiros sujos”, financiados por estatais, que servem ao poder de turno, serviram também à ditadura e o têm, ora vejam, como adversário! 

Na primeira gravação, Serra convoca a resistência ao golpe — embora ele já tivesse claro, como já afirmou em entrevistas e depoimentos, que pouco restava a fazer. Afirma: “Que nós partamos nesse instante para uma ofensiva e não fiquemos na defensiva porque a defensiva será a vitória de fato dessas forças reacionárias que hoje investem contra o povo brasileiro”. Ouçam.

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 No segundo áudio, faz a enfática defesa das chamadas “reformas de base”, que haviam sido anunciadas por João Goulart no famoso comício da Central do Brasil. Diz o então presidente da UNE:
“O que se fez no comício do dia 13 foi a assinatura de decretos populares, que representavam um passo decisivo no monopólio estatal do petróleo, um passo decisivo no sentido de se trazerem mais divisas para o país, de menos divisas saírem para fora, de menos ser o povo brasileiro espoliado. É isto o que se assinou no comício do dia 13. O que se assinou foi um decreto que possibilita a desapropriação das terras nas margens das rodovias, evitando a especulação latifundiária. O que se assinou foi um decreto que regulamenta os aluguéis, pondo fim à exploração que se faz com os imóveis no Brasil.”

Retomo
É claro que o discurso tem de ser ouvido e compreendido à luz das dissensões daquele tempo. O resto da história, em seus aspectos mais gerais, é conhecido. Serra teve de deixar o país para não ser preso, exilou-se no Chile, foi colhido pelo golpe militar naquele país em 1973, foi preso, deixou o Estádio Nacional e rumou para os Estados Unidos. Retornou ao Brasil em 1977.

Nunca pediu “reparação oficial” nem exercitou o discurso do rancor contra o passado. Como homem público, preferiu olhar para o futuro. Ainda bem!

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