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SERRA A SHIMON PERES: “AQUELES QUE PRATICAM OU PROMOVEM O TERRORISMO NÃO SÃO NOSSOS INTERLOCUTORES”

Lá vêm patrulha e chiadeira, como de costume. Danem-se os patrulheiros e os que chiam. O presidente de Israel, Shimon Peres, esteve anteontem com Lula. E se encontrou ontem com o governador de São Paulo, José Serra. De Lula, ouviu a pregação da  necessidade do diálogo com o Irã. Na coletiva, saiu-se com aquele o […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 16h26 - Publicado em 13 nov 2009, 14h01

Lá vêm patrulha e chiadeira, como de costume. Danem-se os patrulheiros e os que chiam. O presidente de Israel, Shimon Peres, esteve anteontem com Lula. E se encontrou ontem com o governador de São Paulo, José Serra. De Lula, ouviu a pregação da  necessidade do diálogo com o Irã. Na coletiva, saiu-se com aquele o raciocínio esplendoroso segundo o qual é preciso negociar a paz com quem não quer a paz — tentava justificar a visita de Mahmud Ahmadinejad ao Brasil. Também tentou ensinar Peres a melhor maneira de lidar com o Irã…

Serra fez um pequeno discurso na visita de Peres a São Paulo. A íntegra está aqui. Falou sobre democracia, terrorismo, o estado palestino, a diplomacia, o valor da política. Trata-se de um discurso primoroso. Destaco trechos:

Tenho a honra de dar as boas vindas a Sua Excelência Shimon Peres, Presidente do Estado de Israel, em nome do Estado de São Paulo e em meu nome pessoal. Não é todos os dias que uma cerimônia tão simples como esta vai além das formalidades e permite homenagear um estadista que personifica toda a história política de seu próprio país e que teve uma presença ativa em alguns dos principais momentos do século 20 e deste século.
(…)
Quero expressar alguns dos meus sentimentos e convicções pessoais suscitados por sua visita, presidente Shimon Peres, à sede do governo de São Paulo.

1 – Tenho enorme admiração por Israel. A terra que abriga relíquias sagradas de três religiões mantém vivo o que eu ousaria chamar de um milagre dos homens: o regime democrático.

2 – Quem nega o Holocausto dos judeus agride de modo indelével a memória de um povo. E agride toda a humanidade.

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3 – O estado de Israel foi criado para que, dos escombros do horror, florescesse, como floresceu, a esperança de paz e segurança para o povo judeu. Ao nascer, Israel mostrou logo que não era uma promessa a mais, e sim um fato. Não é uma peça negociável e permutável no concerto das nações.  Cumpriu-se, com justiça, um destino. Falta agora que se cumpra a paz.

4 – Paradoxalmente, a história de Israel é, a um só tempo, muito curta e muito longa, confundindo-se com os tempos imemoriais, quando a humanidade começou a plasmar valores éticos que ainda hoje nos guiam. De sua história recente, lembro da penosa decisão de Ben Gurion, no começo do começo de Israel, de afundar o navio Altalena, carregado de armas, porque radicais do seu próprio povo haviam feito a opção errada pelo confronto, e não pelo entendimento. Ben Gurion demonstrou ali que queria, de verdade, a paz. E, empregando o termo “navio” como uma metáfora, observo, senhor presidente: “Aqueles que querem a paz têm de ter a coragem de afundar o próprio navio do terror”.

5.  Entendo que o terrorismo significa a negação da política, e aqueles que o praticam ou promovem não são nossos interlocutores: têm de ser duramente combatidos.

6 – Acreditamos na coexistência pacífica dos povos; acreditamos que Israel e seus vizinhos árabes podem trilhar o caminho da paz; apoiamos, como apóia a maioria dos israelenses, a criação de um estado palestino desde que garantida a segurança de Israel. E, por isso mesmo, entendemos que só acontecerá o melhor se o terreno dos confrontos e das diferenças for a política. Para que possamos reconhecer o “outro”, é preciso que este “outro” também nos reconheça.

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7. Exatamente por isso, e porque é preciso reconhecer o outro para ser, por sua vez, reconhecido, quero prestar aqui um tributo a V. Excia., presidente Peres, pela coragem de elogiar publicamente o espírito democrático e a disposição para negociar de Mahamoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, e pelo apelo que tem feito para que ele não renuncie a candidatar-se à reeleição.

8. O Brasil foi um ator relevante na criação do Estado de Israel. Sob a presidência de Oswaldo Aranha, a 49ª Sessão da 2ª Assembléia-Geral da ONU aprovou, no dia 29 de novembro de 1947, a partilha da Palestina com o povo judeu. Não há circunstância que abale o que é um traço do nosso povo: a defesa da paz e do direito que têm os povos de conduzir o próprio destino. Esteja certo, pois, de que a população brasileira reconhece o direito que Israel tem de viver em paz e em segurança. Não vive em paz quem está inseguro; não vive seguro quem não está em paz. Não pode haver segurança onde não há paz. Mas não pode haver paz onde não há segurança.
(…)

Comento
É bom ouvir, de vez em quando, a voz da civilização e da razão em matéria de política externa. Ou os patrulheiros e os que chiam tentem provar o contrário. Goste-se ou não de Serra, o fato é que ele nunca é frívolo. E a frivolidade, infelizmente, tem sido a marca da política brasileira – às vezes, somada ao descarado desrespeito às leis.

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