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Será que o governo Dilma demitiu Abramovay por causa da sua opinião sobre drogas?

(leia primeiro o post abaixo) No meu governo, Pedro Abramovay não ficaria cinco minutos num órgão responsável por combate às drogas. Por quê? Porque eu não acredito nas coisas em que ele acredita. Não sei, por exemplo, o que ele considera “pequeno traficante”. O sujeito pego com um quilo de cocaína seria “pequeno” ou “grande”? […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 13h04 - Publicado em 24 jan 2011, 18h48

(leia primeiro o post abaixo)
No meu governo, Pedro Abramovay não ficaria cinco minutos num órgão responsável por combate às drogas. Por quê? Porque eu não acredito nas coisas em que ele acredita. Não sei, por exemplo, o que ele considera “pequeno traficante”. O sujeito pego com um quilo de cocaína seria “pequeno” ou “grande”? Definidas grandeza e pequenez, o tráfico logo se adequaria às regras da nova impunidade, assim como o crime já usa hoje a seu favor o Estatuto do Menor e do Adolescente. As minhas regras são mais simples e similares àquelas vigentes em países de baixa criminalidade: o tamanho do crime define a pena, sem salvaguardas de idade, condição ou o que seja. Foi pego com droga ilícita? Cana! O juiz cuida das atenuantes. O assunto é fascinante e quase me desvio de novo do principal. Qual terá sido a droga que demitiu Abramovay?

É de hoje que ele defende não-cadeia para “pequenos traficantes”? Não é, não! Como informei aqui na semana retrasada, assim que voltei ao serviço regular, a proposta foi formulada no Ministério da Justiça (gestão Tarso Genro) em 2009. Quando o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o indicou para o cargo, sua opinião a respeito era amplamente conhecida. Portanto, é falsa a versão de que ele surpreendeu os petistas. Estão acompanhando. Pois bem. Deixem, agora, esses ingredientes a descansar. Vamos cuidar do recheio. Para tanto, vejam a capa da edição 2188 de VEJA, de 27 de outubro do ano passado.

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Vocês se lembram quem é o autor dessa frase que vai estampada na capa?  É justamente Pedro Abramovay, então secretário Nacional de Justiça. Está registrada em gravações feitas legalmente (e devidamente periciadas) a que a reportagem da VEJA teve acesso. Revela-se ali a tentativa clara do governo de transformar o Ministério da Justiça numa mera repartição do PT, a serviço da destruição dos inimigos.

Abramovay cedeu às pressões? A referência aos aloprados remete a outra personagem da República, hoje integrado ao núcleo da campanha de Dilma Rousseff: o mui moralista Aloizio Mercadante, candidato derrotado do PT ao governo do Estado e agora ministro da Ciência e Tecnologia. Quando estourou o escândalo dos aloprados, em 2006, Abramovay trabalhava para o senador. Qual foi a sua atuação no episódio? Mercadante sempre jurou que nunca teve nada com isso. Se Abramovay, como ele diz, “quase foi preso”, a gente é tentado a achar que não estava apenas cumprindo as suas funções institucionais de segunda a sexta ou regando o jardim no sábado — atividades que não expõem ninguém à ação da polícia. A íntegra da reportagem de VEJA está aqui.

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Fatos
O que é fato? José Eduardo Cardozo fez uma indicação de  modo inadvertido. Tão logo ela foi tornada pública, o ministro ficou sabendo que havia deixado muita gente descontente, inclusive a “gente” que mais conta: Dilma Rousseff. Gilberto Carvalho também ficou contrariado. O fato de Abramovay ter uma opinião absolutamente equivocada sobre a questão da droga não quer dizer que tenha caído por seus defeitos. O que não lhe perdoaram foi ter vocalizado, ainda que intramuros, o inconformismo com o assédio que recebia para transformar o Ministério da Justiça num antro para as ilegalidades petistas. E, como se pode notar, Dilma,
a ética,
a silenciosa,
a séria,
a pudorosa,
a discreta,
a severa,
a inquebrantável,
a firme,
a serena,
a técnica,
a parcimoniosa,
a legalista,
a prudente,
a avó amantíssima,
a filha extremosíssima,
a mãe boníssima,
a guerrilheira de mente e coração,
a superpoderosa, enfim, segundo a fala de Abramovay, era uma das pessoas que cobravam que ele metesse o pé na jaca da ilegalidade.

José Eduardo Cardozo fez o que se faz normalmente em política: ficou à espera de um pretexto, não de um motivo, para demitir Abramovay — afinal, havia motivos já para não indicá-lo, certo? E Pedrinho mirou seu bodoque em casa de maribondo e mandou a pedra. Pronto! Foi posto na rua. Tendo bons motivos para fazê-lo, tudo indica que o PT o fez pelos maus.

Encerro
Pedro Abramovay sabe muito bem do que estou falando. Deveria prestar um serviço à República e contar tudo. Duvido que vá fazê-lo. Não estava lá entre eles por acaso. Talvez prefira passar para a história como o menino bobão que falou demais.

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