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Será que a torcida brasileira se iguala mesmo aos nazistas? Ou: Viva Thiago Braz!

A comparação é um despropósito; até o acusador voltou atrás, mas brasileiro continua a se comportar mal

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 22h05 - Publicado em 16 ago 2016, 21h39

 

Critiquei aqui ontem duramente o comportamento da torcida brasileira na apresentação da ginástica de solo masculina no domingo. Acusei a falta de fair-play e de educação. Nas apresentações individuais, observei, é preciso respeitar a concentração dos atletas. Vaias, gritos e urros não fazem parte do espetáculo.

Mais uma vez, vibrei com a conquista de um brasileiro na noite desta segunda: o notável Thiago Braz obteve medalha de ouro no salto com vara. Sim, gritemos de emoção. Mas não custa lembrar que o rapaz mora na Itália e é treinado por um ucraniano. Normal dos tempos da globalização, mas também sinal das nossas precariedades. Sigamos.

Repetiu-se o espetáculo grotesco da torcida nesta segunda. A gritaria contra o francês Renaud Lavillenie, prata na disputa e adversário direto de Thiago, foi impressionante. Não sei se ela concorreu ou não para que o rapaz não conseguisse superar o oponente. O fato é que o comportamento é inaceitável. Lavillenie chegou a fazer um sinal de “negativo” com a mão, observando que aquilo, claro, poderia prejudicar seu desempenho.

Inconformado, ele recorreu às redes sociais e escreveu:
“Não houve fair play-por parte do público. Isso é para futebol, não para o atletismo. Em 1936, o público estava contra Jesse Owens. Não víamos isso desde então. Preciso lidar com isso. Para a Olimpíada, não é uma boa imagem. Não fiz nada para os brasileiros”.

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Ele se referia aos Jogos Olímpicos de Verão de 1936, na Alemanha nazista, quando o negro americano Owens ganhou quatro medalhas, sob as vaias do público. Hitler quebrou o protocolo e se negou a cumprimentá-lo.

É claro que a comparação é um exagero. É claro que a comparação é um despropósito. Tanto é assim que o próprio atleta francês se redimiu e pediu desculpas depois:
“Eu acho que cometi um erro. Foram minhas primeiras palavras e eu não me dei conta, não queria comparar a isso. Foi só sentimento que eu tive. Na minha vida toda eu nunca tive um sentimento como esse. Foi provavelmente porque estava muito irritado. Como eu disse antes, quando você treina muito forte para a competição da sua vida e tem uma torcida como essa, não é fácil”.

Querem saber? Embora, insisto, ele tenha exagerado, compreendo o seu desabafo. Numa entrevista ao canal SporTV, comentou:
“Você sabe, estamos em uma das maiores competições do mundo. Todos estavam contra mim. Não estamos acostumados a esse tipo de coisa no atletismo. Foi uma das disputas mais difíceis da minha carreira”.

Ainda na noite de segunda, escreveu nas redes sociais:
“Dei tudo de mim e não tenho arrependimentos. (Foi) uma incrível disputa. Só estou decepcionado com a falta total de respeito do público. Isso não é digno de um estádio olímpico. Mesmo assim, estou feliz com esta medalha”.

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Ele apagou o post depois. Fica, sim, parecendo coisa de mau perdedor. A gente tem vontade é de mandá-lo chorar na cama, que é lugar quente. Mas não é o caso.

Se a comparação com o nazismo não é razoável, é evidente que a barbárie da torcida brasileira não pode ser admitida como coisa normal.

E ponto!

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