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Se oposição cometer agora o mesmo erro de 2005, estará se condenando à extinção

Na sexta, o Ibope divulgou dados da pesquisa trimestral que faz para a CNI (Confederação Nacional da Indústria). O governo Dilma é considerado ótimo ou bom por 62% dos brasileiros, e o jeito de a presidente governar seria aprovado por 78%. Se verdadeiros, números estupendos pra ela! Neste domingo, foi a vez de o Datafolha […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 07h12 - Publicado em 17 dez 2012, 07h23
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  • Na sexta, o Ibope divulgou dados da pesquisa trimestral que faz para a CNI (Confederação Nacional da Indústria). O governo Dilma é considerado ótimo ou bom por 62% dos brasileiros, e o jeito de a presidente governar seria aprovado por 78%. Se verdadeiros, números estupendos pra ela! Neste domingo, foi a vez de o Datafolha publicar dados de seu levantamento: tanto Dilma como Lula, se disputassem a Presidência agora, seriam eleitos no primeiro turno. Ela teria de 53% a 57% dos votos a depender do cenário; ele, 56% no único em que teve o nome testado. Marina Silva, sem partido, aparece em seguida, com índices que vão de 13% a 18%, e Aécio Neves (PSDB), de 9% a 14%. Na pesquisa espontânea, a presidente bate o antecessor por mais do dobro: 26% a 12%. Aécio vem em seguida, com 3%.

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    Muito bem! Como fazer oposição num cenário como esse? É difícil! Talvez seja o caso de perguntar ao Partido Republicano como conseguiu se opor a Santo Obama, mesmo sendo visto como um demiurgo e tendo sido eleito depois do odiado, especialmente pela imprensa, George W. Bush. A economia tinha ido para lona, e se criou o falso consenso de que era tudo culpa do ex-presidente republicano. Qualquer pessoa que estude um pouquinho constatará que Bush fez besteiras, sim, mas não respondia pela bancarrota, como sabe a Europa. O que importava, no entanto, era o falso consenso. “Reinaldo usa os derrotados republicanos como exemplo…” Claro que sim! Tiveram 48% dos votos e mantiveram o controle da Câmara — de resto, um presidente se reeleger naquele país é a regra, não a exceção.

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    Oposição que se preza não teme a popularidade do governo adversário e chama as coisas pelo nome que elas têm, coisa que a nossa se negou a fazer por um largo tempo e se nega ainda.

    É simplesmente falso — e aceito que se tente provar o contrário — que as oposições tenham combatido sistematicamente o governo Lula; menos ainda o de Dilma. Essa é uma das invenções do Apedeuta. Ele, sim, passou oito anos demonizando o passado, fazendo, o que é curioso, OPOSIÇÃO SISTEMÁTICA A FHC, QUE NÃO ERA MAIS GOVERNO, tentando destruir a reputação e a herança do outro. As evidências de colaboração da oposição foram muitas, especialmente com a gestão Antonio Palocci, quando alas mais à esquerda do PT se negavam a endossar ações do governo. Isso é história, não juízo de valor. Mas retomo o fio.

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    Gritaria para intimidar
    A oposição, até agora muda como força institucional — há políticos que têm a clareza de chamar as coisas pelo nome, como o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) —, vinha ensaiando alguma crítica. Ainda tímida. Ainda de forma desorganizada. Ainda sem eixo. O “Rosegate” e o depoimento de Valério (que nada tiveram a ver com os adversários do petismo) apimentaram um tanto as críticas, mas elas são ainda bastante leves.

    O PT saiu gritando “Fogo na floresta!”. Anuncia, nos jornais, uma verdadeira guerra contra a oposição — por que “contra a oposição”??? —, contra o STF e contra a Procuradoria-Geral da República. Trata-se de uma iniciativa clara para intimidar a Justiça, o Ministério Público e, obviamente, os adversários, a quem ameaçam coma “CPI da privataria” — mera delinquência política. Ou será que o PT chegou ao poder, constatou as “privatarias”, mas deixou tudo como estava? Tenham paciência! Sim, a imprensa independente, como sempre, está entre os alvos.

    O que fazer?
    Eu não tenho receita para ninguém. Mas uma coisa é certa porque é histórica: deixar de fazer o que tem de ser feito — é atribuição de qualquer oposição do mundo apontar os malfeitos dos respectivos governos e cobrar o cumprimento das leis — com receio da popularidade de Lula ou de Dilma conduz ao raquitismo político.

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    Os petistas são craques em promover essas operações preventivas, que buscam intimidar o outro. Em 2006, inventaram a “Teoria do Golpe” (que está sendo atualizada agora). Em 2010, para enfrentar a resistência dos cristãos à defesa que Dilma tinha feito do aborto em mais de uma entrevista, acusaram a existência de uma suposta campanha suja dos tucanos. Era mentira!  Neste ano, na disputa pela Prefeitura de São Paulo,  começaram a falar sobre o kit gay de Haddad em abril, afirmando, uma vez mais, que os adversários tentariam explorar tal questão, que isso era coisa de reacionários etc. É um jeito esperto de fazer as coisas: o partido transforma o que sabe ser verdade numa farsa saída da mente maligna dos adversários. O pior é que os tucanos costumam cair nessa. Em entrevistas recentes, tanto FHC como Aécio censuraram, estimulados por seus respectivos entrevistadores, a suposta guinada moralista tucana na área dos costumes… Guinada que nunca aconteceu e que era apenas parte dos ataques preventivos dos petistas.

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    Agora, eis um novo ataque preventivo: para que não se investigue Lula de jeito nenhum, inventa-se, então, uma suposta tentativa de destruí-lo. É grande o risco de que os tucanos tentem provar que isso é falso, que Lula é mesmo um grande homem, que o Brasil o ama etc. Pior: de posse dos dados das pesquisas, sempre podem aparecer os especialistas para dizer: “Vamos disputar a eleição, sim, mas sem criticar o Lula e a Dilma…”.

    Até os petralhas vão concordar comigo, né? Se é para não criticar, disputar eleição com eles pra quê?

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    Se a oposição repetir em 2012 o erro de 2005, estará se condenando à extinção. Não fosse ruim para a democracia, não seria eu a lamentar…

    Texto publicado originalmente às 5h56
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